Entre Acordes e Sorrisos
“Você me acalmou, feito o céu quando escurece em silêncio. Um sorriso seu, e o mundo já não pesa tanto.”
— Fiamma Brandão
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Daniel sentou-se à mesa da varanda ainda com o gosto do café da manhã nos lábios e o peso da conversa com o filho no coração. Olhou para a serra à sua frente, as árvores balançando ao vento suave, os galhos assobiando lembranças que preferia esquecer.
Clara continuava dormindo — ou ao menos fingia, como vinha fazendo há anos. Desde a morte do irmão, a mulher doce com quem ele casara se transformara em alguém duro, silencioso, quase inacessível. A verdade, ele sabia, doía mais que o silêncio.
Ele pensava em Enzo, sim, mas também pensava neles dois. Quantas vezes já se perguntara se ainda estavam juntos por amor... ou apenas por ele?
Seria uma conversa para mais tarde — ou talvez, para nunca. Mas, no fundo, ele sabia: a decisão, cedo ou tarde, viria.
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No quarto, Enzo já estava de pé. O sol mal atravessava as cortinas quando ele se sen