O negociante de armas começou a se gabar por todos os lados, vangloriando-se de que "sua filha em breve seria a matriarca da família" e que já se comportava como tal nas convenções sociais. Esses homens de negócio só entendiam de dinheiro; não compreendiam nada sobre o verdadeiro jogo de poder. Faziam muito barulho, achando que já tinham vencido…
Em uma festa particular, o negociante riu e disse:
— O que valem essas velhas famílias? Conseguem se comparar ao meu império de armas? Minha rede se estende por toda a Europa. Até o Don precisa levar minha importância em consideração. Lorenzo se casar com minha filha é uma grande honra para eles.
A notícia chegou rapidamente aos ouvidos do pai de Lorenzo. Ouvi dizer que ele quebrou vários vasos antigos em seu escritório. No fim, foi Isabella quem restabeleceu a ordem, dizendo à família, quase apática.
— Deixem pra lá. Lorenzo nunca foi meu sangue. Se ele deseja arruinar o próprio futuro, não posso impedi-lo.
Eu não tinha tempo para me preocupar com fofocas. Estava ocupada preparando meu enxoval para o casamento com o Don.
Levei Maria à Bellacorte, a joalheria de antiguidades mais exclusiva da cidade. Ouvi dizer que havia adquirido uma coleção de tesouros do século XVIII. Don Giovanni era colecionador de antiguidades; pensei que uma joia histórica seria um presente de casamento perfeito. Ele iria apreciar o gesto.
Quando eu tinha acabado de dizer à atendente:
— Por favor, mostre-me aquele colar de esmeraldas.
Antes que ela pudesse responder, uma voz arrogante soou atrás de mim:
— Embale todos esses colares antigos. Vou comprar todos eles.
Me virei, e vi ela, era Chiara. Vestida numa jaqueta de couro vermelho vivo, balançando as chaves do carro e com um sorriso presunçoso.
— Ora, se não é Alessia. Que pena, mas decidi que quero esses.
Sorri de leve. A filha de um novo-rico como ela provavelmente não fazia ideia do verdadeiro valor daquelas peças.
Fiz um gesto educado. Disse:
— Há uma regra não escrita em nosso círculo: para joias desse nível, a loja só aceita cheques bancários certificados. Se a senhorita Chiara puder apresentar um, então, por favor, todas são suas.
Chiara tirou um cheque de cem mil euros de sua bolsa Hermès e o jogou no balcão.
— Fique com o troco.
Várias outras socialites que esperavam para ver as joias começaram a rir discretamente.
— Meu Deus, ela acha que cem mil euros compram toda a coleção antiga da Bellacorte!?
— Com sorte, isso mal pagaria o fecho de uma delas.
— Eu achava que a futura esposa do herdeiro teria mais recursos. Pelo visto, é só isso que ela vale.
Chiara gelou, e depois ficou vermelha. Ela lançou um olhar furioso ao atendente já nervoso.
— Quanto custa tudo isso, afinal?
O atendente enxugou o suor da testa.
— O total é de… um milhão e trezentos mil euros.
Ela bateu a mão no balcão.
— Estão me roubando? Como ousam cobrar tanto por uns colares velhos? Quer que eu mande Lorenzo fechar esta loja?
O atendente tremeu.
— Senhorita Chiara, por favor, tenha piedade. São antiguidades inestimáveis, todos os preços são justos. Jamais iríamos usar da superfaturação.
Falei com calma:
— Senhorita Chiara, vai comprá-las ou não? Caso contrário, por favor, dê licença. Há outras pessoas esperando.
O rosto de Chiara corou completamente. Ela apontou o dedo trêmulo para mim.
— Você! Está fazendo isso de propósito pra me humilhar! Alessia, você não conseguiu me vencer por um homem, então agora recorre a esses truques mesquinhos!
Eu ia responder Chiara, mas de repente Lorenzo entrou pela porta e foi direto pra frente dela, e com o olhar frio como aço começou a me encarar dizendo:
— Alessia, Chiara não é como você. Ela não entende essas regras complicadas da sua alta sociedade. Humilhá-la em público não muda nada. Eu ainda não vou me casar com você. Chiara é pura, inocente como uma criança. Como poderia resistir às suas artimanhas? Ta feliz por constranger ela dessa forma!? Saiba, quanto mais você faz isso, mais eu me apaixono por ela. Então, Alessia, é assim que uma dama de família nobre se comporta? Gastando toda a sua energia para atacar Chiara? Você realmente me decepcionou. Do jeito que está agindo, nem mesmo é digna de ser minha amante. Eu até cheguei a considerar, depois que Chiara e eu nos casássemos, pensei em te deixar ser minha amante, pra lhe dar um lugar. Mas agora vejo, sem condições.
As palavras de Lorenzo mergulharam a joalheria inteira em um silêncio atônito… Todos o encaravam, chocados por ouvir o herdeiro da família dizer algo tão humilhante em público. Eu senti os olhares ao meu redor, um misto de pena e desprezo, mas permaneci ereta, com minha elegância inabalável como uma armadura. Foi então que uma voz masculina profunda e autoritária soou bem atrás de mim:
— Quem foi? — Disse a voz, cada palavra gotejando gelo e autoridade.— que ousou dizer que faria da minha noiva sua amante?
Ao som daquela voz, todos na loja congelaram.