Ponto de Vista de ScarlettO casamento deles.Ava acabara de fazer o cabelo. Com um vestido justo, exibindo suas curvas, e um par de saltos altos, quase tocando as nuvens, Ava realmente parecia deslumbrante. Imagino que realizar seu sonho tenha esse efeito. Eu também estive radiante quando realizei o meu, o casamento dos meus sonhos, que eu acreditava ser o começo do meu "felizes para sempre."Ela está feliz. Isso me consome.Ela finalmente conseguiu o que queria. Ela sempre consegue o que quer, não importa o preço. Porque o papai paga as contas dela. Ela me atraiu para a floresta, roubou o meu cavaleiro branco e o transformou em negro, se alimentou do meu sangue, e, pisando sobre o corpo morto do meu bebê, finalmente subiu ao altar sagrado.E não só ela não paga por isso, como ainda o tem como testemunha. Ele é a testemunha do assassinato do próprio filho!Quão estúpida e patética eu fui por achar que um cachorro como o de Ava poderia alguma vez me amar?— Vejo que ainda não es
Ponto de Vista de ScarlettPor causa da minha condição especial, a polícia não me prendeu, mas me manteve sob vigilância rigorosa, com dois policiais guardando meu quarto no hospital.Ava não ficou feliz com isso.Ela queria que eu fosse acusada de tentativa de homicídio. Na verdade, acho que ela queria me ver na cadeira elétrica no dia seguinte.Para ser sincera? Eu gostaria de ter sido acusada de homicídio consumado. Eu não vivo mais. Eu apenas sobrevivo, por uma vingança que vejo sem esperança de realizar. Eu não estava tentando matá-la quando perdi o controle e a feri com a faca de frutas. Se eu não tivesse sido irritada a ponto de perder a razão, eu não teria errado o golpe.Eu queria vê-la morta.Nesse sentido, eles DEVEM me trancar.— Scar...? Scar...?Demorei um momento para perceber que Sebastian estava falando comigo.Ele tem vindo me visitar todos os dias, desde que eu esfaqueei a Ava. Surpreendente. Ele não teve tempo para mim depois que quase morri sem o filho, ma
Ponto de Vista de SebastianSe Scar parou de me amar quando mencionou o divórcio, ela me odeia agora.Quando ela me olha, não há ódio ou raiva nos olhos dela. Não há nada. Ela não me vê, apenas um estranho a quem deseja o pior. Consigo ler esses desejos. Não me importo se ela me odeia. Não me importo nem mesmo se tentar se vingar de mim. Eu mereço isso.Mas ela não vai fazer isso. Ela não está mais aqui. Quando não a forço a falar, é como se ela já estivesse além deste mundo.Eu deveria passar mais tempo com ela. Eu deveria ter estado lá para ela quando Ava chegou, mas eu...— Sebastian... Eu te disse, você não precisa vir ao tribunal. — Damian se surpreende ao me ver. — Quando foi a última vez que você teve uma boa noite de sono?Há dois ou três dias? Não tenho tempo, literalmente.Tenho lidado com o bebê, com a acusação de agressão contra Scar, e com a investigação do roubo. Eu acredito em Scar, mas a história dela é difícil de provar. Se foi Ava, então É minha culpa. Eu dei o
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã
POV da ScarlettAurora ainda me levou ao aeroporto. Mas não me deu minha passagem.Colocou uma xícara de chocolate quente nas minhas mãos e me encara do outro lado da mesinha do McDonald's, como uma mãe feroz julgando sua filha que fugiu da escola.— Eu ACABEI de descobrir isso hoje... — Começo timidamente e, instantaneamente, ela retruca:— Sim, você já disse isso!Não é como se eu tivesse planejado tudo isso. Baixo os olhos para o meu chocolate quente, não consigo olhar para ela. Ela está brava, e eu sei o motivo.Ela vem de uma família rica. Bonita, popular, com pernas perfeitas, etc. Mas não nasceu rica. Viu sua mãe solteira se matar de trabalhar para criá-la, odiando seu pai irresponsável a vida inteira, apenas para descobrir que ele não as abandonou, como sua mãe sempre lhe contou. Foi sua mãe quem pediu o divórcio.Ela está me vendo fazer exatamente a mesma coisa.— Não vou ensinar o bebê a odiá-lo... — Murmuro, sem coragem de olhar para a raiva no rosto dela. Eu sei o quanto e