05 - Petter Harris

Petter Harris

Estar ao lado da Helena a cada dia que estamos nesse mochilão está me tirando a paz, a cada mensagem que mando para meus amigos tenho que aguentar eles curtindo com a minha infelicidade de estar próximo e tão distante ao mesmo tempo.

Ainda me sinto responsável pelo período que ela mais sofreu. Ouvir pelo Henrique o quanto ela estava afundada na depressão recebendo os cuidados de seus pais e, ao mesmo tempo, a preocupação em como eles fariam para que ela voltasse para a faculdade em poucas semanas.

Por isso coloquei alguém para cuidar dela a distância, pedi para que a filha de um dos nossos soldados se aproximasse dela em Harvard e por outros olhos acompanhava a sua tristeza, mas agora com ela ao meu lado, diariamente a via o se esforçando em se divertir e achar algo interessante ao lado da Laís.

Mas só passei a entender os motivos de que ela estava aqui no dia que a Laís me chamou para conversar um pouco mais afastado dela.

— Ela continua deprimida, Petter, sei que foi você que a salvou do mar e não tem ideia de quanto serei grata por esse ato. — Estávamos esperando a Helena terminar de experimentar alguma roupa.

— Fiz o que deveria… — Digo tentando mostrar indiferença.

— Mesmo assim, todos estão preocupados em como ela ainda esteja, por isso acho que você deveria se aproximar dela. — Olho para a minha protegida desacreditado.

Mas em seu olhar tinha um pedido, sabia o quanto ela amava a sua amiga e desejava que ela se sentisse feliz.

— Por que acha que ela me daria a chance? — Pergunto olhando diretamente para a Laís.

— Sei que ela está interessada, apenas peço que tenha cuidado, se não for para ter um relacionamento sério com ela afastasse. — Mesmo seu pedido tinha uma ameaça.

Não negando quem realmente a minha protegida seja, mas pelo que ela deixou claro aqui em nossa pequena conversa ela é apenas uma amiga que deseja que a sua melhor amiga melhore dessa tristeza tão profunda que sou o responsável por colocá-la.

Vemos ela saindo com um vestido de alcinha do provador, revelando o quanto o tecido caiu bem em seu corpo, deixando as suas curvas bem marcadas e delineadas, de uma forma que comecei a sentir um incômodo por escolher uma bermuda tão apertada.

Durante o nosso passeio, fiquei pensando no que a Laís havia me dito, sei que se tentar alguma coisa com ela, precisarei jogar com a sorte e tentar ser o mais honesto possível com ela, porque nosso dia terminará com elas apagadas dentro do jatinho indo para casa.

Assim que voltamos para o hotel deixo que as meninas entrem na suíte delas, me sento no sofá da sala e fico pensando no que a Laís me disse, antes que ela fosse se deitar a vejo indicar para entrar no quarto, fico ali sentado pensando se é o certo a se fazer, porque sei que o Henrique vai me dar uma puta surra se fizer qualquer coisa que magoe ainda mais o coração da Helena.

Seria incrível se conseguisse trazer a alegria para a menina que lembrava que ela era, mesmo sabendo que não passo de um puto devasso que apenas quero me divertir com uma mulher por noite, por ela aceito ser apenas dela. Não me importo com a nossa diferença de idade e nem que ela deseje terminar a sua faculdade.

A única coisa que quero é que ela volte a rir de verdade, que ela seja feliz e adoraria que a felicidade dela fosse comigo.

Respiro fundo e levanto com a minha decisão tomada, tentarei fazer essa morena de olhos cor de mel ser feliz novamente. Entro no seu quarto sem fazer barulho e ouço o som do chuveiro caindo, pelo espelho consigo ver as suas costas nuas e sua bunda arrebitada, me dando o desejo de veja de quatro enquanto entro fundo, fazendo dela a minha mulher.

Apenas minha…

Saímos do hotel e a levo para o carro que já estava nos aguardando, me surpreendo olhando para a mulher tranquila ao meu lado, sinto que seja mais uma das diversas mascaras que a Helena tem usado nos últimos anos, disfarçando a sua melancolia.

Para a surpresa de todos foi ao entrar no carro e ela se levantar para me acertar um tapa, mas Faína foi mais rápida e aplicou nela a sedativo para podermos fazer uma viagem tranquila até em casa. Olho para o seu rosto enquanto ela fechava os olhos e seguro o seu corpo para que ela não se machucasse ao cair.

— Espero que tenha feito testamento! — Faína fala rindo, enquanto olha para o cuidado que tenho ao deixar a Helena deitada no banco da Van.

— Não fiz, estou começando a pensar que realmente deveria ter feito algo do genro. — Digo olhando para o seu rosto tranquilo.

Retiro alguns de seus cachos que ela andou fazendo luzes deixando ela ainda mais linda, percebo que essa mulher vai fuder total a minha cabeça e principalmente a minha vida após o que aconteceu dentro daquele quarto, enquanto meus pensamentos estavam nas possibilidades de como ela vai me matar assim que acordar Henrique chega com a Laís na van e escapa de um soco.

— Porra, vocês se apaixonaram por mulheres violentas. — Faína fala tirando sarro da situação.

Ao chegar na pista de voo pego a Helena no colo e percebo que onde quer que a mente dela esteja nesse momento ela estava feliz, um sorriso surgiu em seu rosto, não consigo resistir e assim que a coloco na cama deixo um beijo em seus lábios.

— Me perdoe, por favor… — Sussurro e sinto a entrada do meu amigo no pequeno cômodo com a sua vítima em seu colo.

O vejo colocando Laís ao lado da Helena e jogando um cobertor por cima das meninas e me olha interrogativo.

— Espero que você a tenha respeitado? — Sua pergunta me faz engolir seco

— Claro que sim, você acha que iria realizar algo contra as nossas leis e... — Não deixo de perceber o quanto ele ficou nervoso, mas quero que ele saiba que farei com deve ser. — Espero que você me deixe conquistá-la, quero fazer dela a minha esposa.

Digo olhando para o rosto da morena de cabelos cacheados que sempre acompanham meus pensamentos, sei que posso fazer ela se apaixonar, pelo menos depois que a raiva dela diminuir.

Saio do pequeno comodo e caminho pelo corredor da aeronave, entrego a caixinha de joias para Faína que guarda dentro de outra caixa e noto que a da Laís já estava lá dentro, procuro um lugar e me sento para pensar em como farei para sobreviver a raiva daquela morena em minha casa.

Passamos grande parte do voo planejando os próximos passos do que o Henrique fará para controlar a Laís enquanto ele tenta descobrir o que fazer com os sentimentos tão confusos que ele sente por ela.

— Ficarei no meu apartamento, o problema é que as duas vão querer ficar perto uma da outra. — Digo enquanto tomo meu scott.

— Nunca serei comandado por uma mulher assim, tenham pulso. — Olho para Marzio que estava com os pés em outra poltrona.

— Fica tão feliz assim não, logo Francesco arruma uma esposa para você querido. — Faína fala ao lado do nosso amigo que revira os olhos.

— Foco pessoal, temos que pensar o que fazer para que as duas não nos enlouqueçam. — Henrique era o que parecia mais preocupado.

— Posso levar Helena para casa, em Nashville. — Digo olhando em direção à porta fechada.

Ouço a gargalhada de Marzio assim que termino de falar, ele toma outro gole de sua bebida e olha para mim e Henrique.

— Vocês dois precisam aceitar que estão apaixonados por aquelas meninas. — Olho para o Henrique que apenas dá de ombro.

Seguimos a viagem modificando algumas coisas em nossos planos, principalmente por saber que elas nos darão trabalho se souberem que estão tão próximas uma da outra. As horas de viagem foram o suficiente para poder entender que terei um trabalho extra em retirar a Helena de Nova York, tenho que entrar em contato com a minha mãe que provavelmente vai me dar um surra assim que chegarmos lá.

Quando chegamos a Nova York o tempo estava péssimo, uma chuva gelada e o tempo mostrando que provavelmente teremos neve nos próximos dias, complicando qualquer atitude que tenhamos, assim que os pais da Laís colocarem meio mundo procurando as duas.

Olho pela janela e Andrei já estava com o meu carro nos aguardando, assim como o do Henrique esperando ao lado do meu carro.

Entro no comodo antes do Henrique e percebo que a Helena já estava dando sinais que logo acordaria, suas pálpebras estavam tremulas.

— Não acorde ainda princesa, espera pelo menos estarmos em casa para me preparar para sua raiva. — Sussurro segurando ela com firmeza em meu colo.

Aproveito e beijo a curva entre seu pescoço e ombro, noto que causei um arrepio em seu corpo com o meu toque, o que me faz sentir um pouco de esperança de que ela consiga entender e me perdoar pelo que fiz com ela.

A comissária abre a porta da aeronave e saio com a Helena em direção do carro, Andrei sai apressado do carro e abre a porta de trás, acabamos nos molhando com a chuva grossa que caia na cidade, olha para porta enquanto meu soldado vai em direção à aeronave em busca das nossas bagagens.

Sinto quando ela tenta achar uma posição um pouco mais confortável em meu colo e deixa um suspiro sair pesado.

— Não posso… — Olho para seus lábios que sussurram algo e uma lágrima escorre pelo canto de seus olhos.

Olho para fora e vejo quando Henrique vai para o seu carro com a Laís. Sinto os olhos de meu soldado em mim pelo retrovisor e apenas dou o comando para que ele nos leve para casa.

Não sei o que está passado pelos sonhos da Helena nesse momento, mas tenho certeza que fazê-la dormir não foi nada bom para ela, provavelmente deve estar em algum pensamento onde seus dias são escuros e sombrios como a noite de seu aniversário.

Saímos do aeroporto as pressas, não podemos correr o risco de que seja visto pelas ruas de Nova York enquanto deveria estar na Itália brincando de segurança para a princesinha da máfia. Não consigo olhar para mais nada ao meu redor, apenas para a mulher presa em seus pesadelos no meu colo.

Enquanto a única coisa que queria é ser o seu protetor, seu porto seguro, aquele que não abandonaria a mulher que ama devido uma ameaça. Sou homem suficiente para tocar fogo em meio mundo do que abdicar da mulher que desejo. Talvez seja masoquista, me obrigando a ter a mulher que ainda ama outro por perto na esperança de que ela possa me enxergar.

Meus pensamentos se mantém em tentar uma brecha para que a Helena me deixe explicar tudo para ela sem que ela me mate ou me deixe estéril, por que tenho uma sensação que ela deva ter uma mão tão pesada. Entramos na garagem no subsolo do prédio, é uma área restrita, apenas meus homens e do Henrique tem acesso.

Desço com a Helena do carro e vou em direção ao elevador com Andrei carregando nossos pertences para ajudar a entrar no apartamento. Somo recebidos pela Abigail que me recebe com uma cara de que não gostava da situação. Não posso recriminar a mulher.

Ela conhece a Helena de todas às vezes que ela foi escondida para Miami para contar a Cleide como o Henrique estava e acabou vendo a Helena crescer e se afeiçoando a ela e a Laís. Henrique é meu melhor amigo e vê-lo afundar na tristeza por perde aquela loirinha que só sabia me irritar quando estava ao meu lado foi demais para mim.

Acabei aceitando a ideia da Abigail de se aproximar da Cleide para que pudéssemos fazer algo para o Henrique superar a perda da Dakota. Essa foi uma das decisões mais acertadas que tomei naquela época enquanto meu líder estava em luto pela mulher que amava.

Caminho com ela em direção ao meu quarto, tenho que secar o corpo dela para não ficar doente, pelo jeito que o tempo está esfriando e as nuvens ficando pesadas, provavelmente até de madrugada teremos neve cobrindo o chão. Percebo quando Abigail entra no meu quarto, entrando no meu closet, começo a retirar a sapatilha que ela estava usando e recebo a toalha para secar a pele exposta.

— Sabe que ela ficará muito irritada não é? — Sorrio para o comentário da mulher que amo como uma segunda mãe.

— Claro que sei, estou aqui pensando o que faço para não ser morto. — Não consigo ficar sem rir da possibilidade.

— Vamos deixe-a ai, quando ela acordar provavelmente ela sairá do quarto a sua procura, ou para saber onde esteja. — Abigail está certa.

Puxo a coberta e cubro as suas pernas, me aproximo de seus lábios e os beijos uma última vez antes que aquela boquinha comece a despejar uma série de insultos na minha direção.

Saímos do quarto e vou em direção ao bar que tenho no escritório, retiro a camisa e deixo por cima do sofá, pego um copo, encho com scott e pego um dos meus charutos favoritos e o acendo para tentar controlar a minha ansiedade, com o que posso esperar daquela mulher que tive ontem em meus braços me desejando, pedindo para que a tomasse para mim.

— Ah, Helena, espero que me perdoe logo para podermos continuar de onde páramos.

Digo virando o conteúdo em um único gole, descendo queimando a minha garganta e me entorpecendo da loucura que acabamos de fazer.

 

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