A Sala Alta da Justiça de Al-Qadar parecia respirar com o povo. Mármore claro, colunas altas, o brasão da Coroa entalhado acima do estrado. Nas galerias, sussurros contidos; no plenário, o arranhar de canetas e o brilho discreto de câmeras autorizadas. A Guarda Vermelha formava um cordão silencioso; só o som do metal nos coldres lembrava que ali não havia espaço para descontrole.

A banca era mista: dois juízes de Al-Qadar e dois internacionais, sob relatoria local, conforme o pacto firmado com a ONU no dia anterior. Zayn ocupava o assento reservado ao soberano, mas a postura era de juiz cansado e de irmão vigilante. À sua esquerda, Yasmeen — véu simples preso por um alfinete de pérola; atrás, os filhos: Samir, Halima e Farah. Numa ala reservada, Isabela e Elyas Hurmatrah assistiam sem querer ser vistos. Lasmih e Hanin mantinham lugar técnico, prontas.

No banco dos réus, Malik Al-Rashid mantinha o queixo alto, um sorriso fino que não alcançava os olhos. À frente, sobre mesa forrada de