Alicia já não sabia mais quem era quando olhava no espelho. Sua imagem parecia a de uma estranha. Por fora, a recém-casada perfeita, com o brilho no olhar e o sorriso educado. Por dentro, um poço de culpa, medo e desejo reprimido. A confusão a consumia como um veneno lento, diário, silencioso. Ela se arrastava pelos dias, fingindo normalidade, mas estava em pedaços.
E o pior de tudo era quando Roberto se aproximava.
Ela o amava. De verdade. De um jeito calmo, doce, como quem ama o homem que a trata com respeito, carinho e que projeta um futuro ao seu lado. Mas o desejo, o fogo, o impulso que queimava em seu peito… esse não era por ele.
Era por João.
E isso a fazia se odiar.
Os toques de Roberto começaram a incomodar. O carinho dele em sua pele parecia errado. Quando ele a abraçava por trás na cozinha ou a puxava pela cintura antes de dormir, Alicia sorria por fora, mas por dentro se retraía. Não por desgostar dele. Mas por saber que não era justo.
Como ela poderia dividir uma cama com