III

Mário chegou a casa quase amanhecendo. Estava exausto. Não estava com um mínimo de remorso por ter se livrado do corpo do irmão e participado do assassinato dele. O celular de Enzo tocava insistentemente dentro da bolsa. Ele pegou e atendeu. Era Levy.

           – Bom dia, senhor prefeito. Dormiu bem? – falou Levy carregado de carinho na voz.

          Mário entrou em choque ao confirmar suas suspeitas. Mas não podia jogar por água abaixo seus planos. Entrou no clima.

           – Bom dia. Dormi sim, e você? – respondeu ele.

           – Também. Precisamos comemorar a vitória com mais tempo que ontem, não acha? – perguntou Levy.

          – E o que você propõe? – disse Mário começando a dar risadas baixas. – Foder em um motel?

          – Adorei a ideia! – respondeu Levy categoricamente. – Combinados?

           – Sim. Que horas e aonde te pego?

           – Aqui em casa, mesmo horário de sempre. – falou Levy.

            Mário ficou repentinamente agitado e nervoso. Claro que não sabia onde era a casa de Levy. Sequer se viram. O caso dele e Enzo eram mantidos as sete chaves. Bolou imediatamente um plano.

             – Me espera na entrada do Shopping Riverside, às 20h, pode ser? – perguntou alterando um pouco a voz.

            Levy começou a ficar desconfiado de alguma coisa.

           – Mas fica muito longe da minha casa. Não tenho carro, esqueceu? Estou te achando meio...estranho.

          – É que hoje vai ser um dia difícil, a-m-or. É impressão sua, viu. Só estou cansado.

         – Hum...entendi. Ok, então. Às 20h, na entrada do Riverside.

        – Combinado. Tchau!

         E desligaram.

        Levy ficou horas pensativo no comportamento de “Enzo”. Ligou a TV e se deparou com a notícia da morte do cunhado. Entrou em choque. Mandou um áudio para “Enzo”.

          –“Mô, acabei de vê no noticiário”. Meus sentimentos. Por que não me disse que tinha um irmão gêmeo? À noite a gente conversa melhor, tá?”“. O celular de Enzo estava no modo de bloqueio padrão. Qualquer um podia desbloquear passando o dedo na tela. Mário aproveitou para bisbilhotar tudo que precisava. Viu várias fotos com Levy, vídeos pornôs gays, conta bancária, conversas no W******p e F******k. Percebeu que o irmão estava com a barba aparada, então foi ao banheiro e aparou a barba imediatamente. Olhou para o espelho, fixamente, e tocou no próprio rosto.

             – A partir de hoje, serei Enzo Ponches. – falou olhando para si mesmo.

            Pegou seus documentos e os queimou no banheiro. Assumiu completamente a identidade de Enzo. Mário estava receoso como seria o encontro com Levy, à noite. Sentia nojo só em pensar em fazer sexo com outro homem. Pensou em exterminar Levy, mas desistiu logo, tendo certeza que seria melhor mantê-lo vivo para ajuda-lo no seu plano. Deitou-se na cama macia de Enzo e ficou olhando as fotos de Levy no celular. Havia várias. Duas fotos chamaram sua atenção: uma em que Levy estava sem camisa e de sunga, na praia, em Parnaíba e outra, uma selfie em que Levy estava deitado numa cama, olhando para a câmera fixamente como quem mandava beijos. Inexplicavelmente, percebeu-se excitado olhando aquelas fotos. O pênis dele ficou ereto e ele não conteve o tesão...

             Às 20h em ponto, Mário chegou. Viu Levy sentado ouvindo música num fone de ouvido na entrada do shopping. Ao avistar “Enzo” encostando, Levy se aproximou do carro e entrou.

              – Oi, meu amor. Como foi seu dia? – perguntou Levy, pegando nas coxas de “Enzo”. Estava usando uma regata branca que valorizava seu corpo malhado e um short jeans preto que deixava sua bunda ainda maior.

             – Foi bom. – respondeu “Enzo” secamente. – Quer ir para aonde mesmo?

            – No motel de sempre. – respondeu Levy.

            – Queria inovar. Que tal o     Motel Evans? – sugeriu Mário, agora Enzo.

             – Nunca ouvi falar, mas tudo bem!

E seguiram.

             Andaram por uma hora e meia no trânsito caótico de Teresina até que finalmente chegaram. A fachada era bem simples; um grande muro cercado por uma sebe verdosa. O verdadeiro Enzo tinha um gosto que beirava o luxo. Só levava o namorado nos motéis mais caros da cidade.

             – Você ainda nem me beijou hoje. – queixou-se Levy. – O que aconteceu?

            – Nada, amor. – respondeu “Enzo”.

            – Então me beija... – pediu Levy encostando-se a Enzo.

           Refletiu por três segundos até que Mário beijou-o como nunca havia beijado alguém antes. Um beijo demorado, de desentupir pia. A língua dele procurava com urgência a língua de Levy. Ambos estavam excitados. Mário não conseguiu entender como seu corpo fora capaz de traí-lo. O instinto falou mais alto. Transaram ali mesmo, dentro do carro. Levy quis ser ativo, mas, obviamente que o novo Enzo não deixou.

             – Tá louco, é? Eu só como. – falou quando Levy fez a proposta.

            – Ué, mas você me dava também. Como você está estranho. Até parece outra pessoa. Não parece o Enzo que eu conheci meses atrás.

           – Desculpa tá. É que eu não curto ser passivo.

           – Tudo bem. – beijou Enzo novamente na boca.

***

           Por mais louco que tenha sido a experiência, Mário gostou. Percebeu que transar com um homem não é tão diferente de mulher e que homens não têm as frescuras naturais delas. Queria até que a próxima vez chegasse logo. Passou a madrugada refletindo no quarto que era do irmão se contaria essa aventura a sua namorada, Rita, mas chegou à conclusão que não deveria. Que ela não entenderia. Resolveu, então, ter um relacionamento paralelo com Levy, apenas por a boa foda.

             A família Ponches estava enlutada e triste fazia dias. Em janeiro do ano seguinte, quando tomou posse, Mário deu uma entrevista agradecendo o apoio dos eleitores no “momento difícil de luto”, e já começou o mandato nomeando a mãe como chefe de gabinete. O pai, ex prefeito, foi nomeado secretário de educação.

        Os encontros casuais entre Mário e Levy estavam se tornando cada vez menos frequentes. Em um deles, Levy questionou sobre a nomeação a chefe de gabinete prometido antes das eleições.

            – Não me lembro disso. E já nomeei a mamãe.

            – Vocês nem tem boa relação. Realmente só reforça que é outra pessoa.

           – Ok, tá bom! Nomeio-te meu assessor pessoal. É bom que te como todo dia na minha sala.

          Os dias se seguiram, e Rita cada vez estranhava o comportamento do namorado, especialmente diante do assessor pessoal dele. As transas não eram mais as mesmas, Mário não dava o mínimo de atenção necessária. Dias antes, estavam planejando assumir relacionamento em público e até se casarem logo, mas, de repente, Mário resolveu mudar de ideia.

      “Pra que me casar agora? Não tenho essa pretensão tão cedo”.

            – Não vou assumir namoro ainda, com essa identidade, Rita. Entendeu? – esbravejou contra ela no gabinete.

           – Ah, você vai sim. Ou seus planos vão por água abaixo... – respondeu Rita no mesmo tom. – Ou se esqueceu de que foi você que jogou o corpo do seu irmão no rio? Que usurpa o lugar dele?

            – A mando de você. Foi você, Rita, que provocou tudo isso. E se quiser romper com a base, fique à vontade!

            – Não vou perder a mamada nem ser vista como golpista por essa manada de pobres, mas você, amor, acho bom entrar na linha, entendeu? – e saiu batendo a porta.

            O problema estava criado, e Mário precisava resolver urgentemente. Decidiu assumir publicamente o namoro com a “cunhada” vice-prefeita. O que ele não esperava é que Rita contratou, novamente, o vizinho dela para seguir todos os passos de Mário. Com apenas cinco dias de trabalho, o vizinho entregou o relatório completo de todos os passos de Mário. Ele estava passando a noite toda com Levy.

             – Então meu namoradinho também gosta de outra fruta? Está fodendo esse viadinho? – disse para si mesmo. – Ele que me aguarde.

            No dia seguinte, quando Rita chegou ao gabinete de Mário, assim que entrou, fechou a porta e se trancaram lá dentro. Ela pegou umas fotos dentro da bolsa e mostrou para ele.

          – Então é esse o motivo que tem te afastado de mim? Você tem um viado como amante? – disse alto.

         Mário imediatamente ficou pálido, sem ter o que dizer diante dos fatos.

             – Eu posso explicar. – tentou acalmá-la. – Esse cara, o Levy, era o namorado do Enzo. Descobri no dia seguinte da morte dele. Preciso me manter envolvido com ele, ou você se esqueceu de que agora sou o Enzo?

            – Ok. Se fizer parte do plano, pra mim não tem problema. Mas se você começar a gostar de verdade do viado, vai se arrepender! Ah, e use camisinha, viu! – saiu deixando Mário sozinho mais uma vez no seu enorme e luxuoso gabinete.

***

          Mário começava a sentir pressionado por Rita. Ironicamente, não sentia a menor pressão por parte de Levy, em certa noite, teve um pesadelo:

Uma voz sombria ecoava em seu cérebro dizendo que ele precisava dá um jeito em Rita ou ela estragaria tudo. Nesse mesmo sonho, viu seu irmão olhando para ele, com lágrimas nos olhos e dizendo: Você conseguiu maldito, e ainda roubou o grande amor da minha vida. Vai apodrecer no I-N-F-E-R-N-O.

           Cada palavra pronunciada, letra por letra, o fez se sentir mergulhado num abismo sem saída. Pensou em eliminar ambos do seu caminho: Levy e Rita. Tentou dormir mais um pouco, mas os pensamentos obscuros o apunhalaram de forma cruel. Depois de despertar completamente daquele pesadelo digno dos Ades, levantou-se rapidamente e foi tomar uma ducha bem fria, na madrugada. À medida que a água caia, as lembranças do pesadelo que teve recentemente retomavam suas visões e suas lágrimas acompanharam a água da ducha. Pela primeira em anos, Mário sentiu remorso por ser conivente com o assassinato de seu irmão gêmeo.     Passou sabonete líquido por todo o corpo e o espalhou, causando uma espuma cheirosa e com muito frescor.       

              Quando menos esperava, ao olhar para seu pênis, se deparou com ele duro e ereto, a procura da boca e do ânus de Levy, para se enterrar lá dentro e causar prazer como só ele sabia fazer. Saiu as pressas do chuveiro, procurando o celular e discando o número de Levy rapidamente pela discagem rápida.

          – Vamos foder. Agora! – disse sem muitas explicações.

              Levy ficou sem entender nada. Não demorou trinta minutos e seu namorado chega, buzinando o carro. Para o prefeito de uma capital como Teresina, Mário tomou cuidados extras para não ser reconhecido: usava um boné preto e óculos escuros. Levy saiu de sua casa rapidamente, entrando no carro e os dois seguiram para o Vem K Motel, um espaço bem modesto e requintado. Transaram na banheira de hidromassagem. A ousadia em transar com outro homem mexia profundamente com os instintos de Mário. Nunca fizera a metade das experiências homossexuais com Rita nem mulher nenhuma. Estava ficando perturbado. Começava a pensar obsessivamente em Levy, em querer saber de todos os seus passos, seus amigos, seus contatos, tudo!

              – Chupa aqui, engole esse pauzão! – ofereceu seu membro para Levy e ele o fez sem nenhuma resistência. – Isso... Assim que eu gosto. Chupa, vai, caralho. Engole!

          Levy fazia intensos movimentos de sucção com a boca, e depois de chupar o pau enorme de Mário disfarçado de Enzo por 20 minutos, retirou-o da boca e começou a esfrega-lo bem devagarinho na sua bunda. A anatomia dos gêmeos era tão idêntica que Levy não percebeu nenhuma diferença nem mesmo nos órgãos genitais. O pau de Mário e Enzo mediam os mesmo exatos 21 cm e era muito grosso. A glande, de um rosado natural que convidava qualquer um para cair de boca naqueles pauzões.

         Mário o penetrou com vontade, mesmo Levy pedindo para tirar o pênis de dentro do seu ânus, porém, não foi atendido, pelo contrário, quanto mais Levy pedia para parar, mais Mário bombava. Não demorou 10 minutos e ambos gozaram feito loucos. Um jorro assustador que certamente encheria uma taça de crista com a porra deles.

            Depois do êxtase na madrugada, Mário pagou a conta e foram embora para suas casas.

            – Está liberado do expediente hoje. – falou Mário encarando Levy pelo espelho, dentro do carro. – Inclusive, até eu vou ficar em casa descansando. Qualquer coisa te ligo mais tarde. – e se beijaram euforicamente antes de Levy descer do veículo.

          – Obrigado. Tchau, meu amor. – disse ao descer do corolla.

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