Karen
Os últimos três meses foram como uma montanha-russa emocional para todos nós desde que Colin foi baleado por Valquíria. Seu estado de saúde permaneceu delicado durante semanas, enquanto ele lutava em coma. Todos nós esperávamos ansiosamente, rezando e suportando o peso angustiante de ver um amigo tão corajoso nesse estado.
Como enfermeira na mesma ala onde Colin estava internado no hospital central,eu caminhei lentamente até o quarto onde ele estava internado. Quando cheguei para minha visita habitual, meu coração disparou ao perceber que Colin estava acordado, seus olhos varrendo o quarto em uma tentativa de compreender o que estava acontecendo. Um choque de alegria percorreu meu corpo, uma vontade avassaladora de gritar e pular de felicidade. Mas contive-me, sabend
KarenEu entrei no banheiro feminino com pressa, sentindo cada passo ecoar no corredor do hospital. Minha respiração estava rápida e superficial, meu estômago se retorcendo com uma sensação familiar de náusea. A ansiedade me consumia, e eu temia não conseguir chegar ao reservado a tempo.Finalmente, alcancei a privacidade do reservado e deixei-me despejar tudo no vaso sanitário. O som do meu próprio vômito era ensurdecedor, ecoando contra as paredes brancas do banheiro. Fechei os olhos com força, tentando bloquear as sensações horríveis que me dominavam.Quando finalmente terminou, meu corpo sentiu um alívio momentâneo, mas meus ouvidos ainda zumbiam com a intensidade do momento. Respirei fundo várias vezes, tentando acalmar meu coração que parecia querer saltar do peito.Foi então que percebi o som vindo do reservado ao lado. Alguém mais estava passando pelo mesmo tormento que eu acabei de enfrentar. Os ruídos familiares de alguém vomitando ressoavam no ar, criando novamente a sensaç
OthonOs meus passos ecoavam pelo corredor do hospital enquanto eu seguia em direção à ala onde Karen estava. Minha mente estava envolta em pensamentos sobre o que poderia ter levado Karen ao laboratório.Quando a sua secretária comentou que a viu naquela ala do hospital, a preocupação inundou todo o meu ser. Será que ela estava doente e não me contou? Aquilo era bastante provável, levando em consideração que Colin acabou de despertar de um coma de três meses e que ainda está fazendo a sua reabilitação para só então poder receber a sua alta hospitalar.Foi com grande ansiedade que entrei na sala onde Karen estava esperando pelo resultado do seu exame de sangue e encontrei-a com u
KarenEu olhei pela janela do quarto em que estávamos hospedados e a vista era verdadeiramente espetacular. O mar estava ali, tão próximo, e todo o complexo de piscinas convidava para um mergulho. Mas eu estava nervosa demais para aproveitar essas maravilhas. Era o dia do meu casamento. O grande dia havia finalmente chegado.Voltei para a frente do espelho e me encarei. Será que estava realmente bonita ou minhas amigas estavam apenas tentando me agradar? Deixo escapar a pergunta em voz alta, e vejo Letícia e Camila revirando os olhos simultaneamente. É impressionante como elas parecem estar em sincronia, como se se conhecessem há muito mais tempo do que de fato conhecem.Esses momentos de descontração são um alívio para os ner
KarenO cansaço me envolvia completamente após longas horas do plantão no hospital. O cheiro dos corredores limpos, permeado pelo odor de antisséptico, tornava-se sufocante. Minha cabeça latejava, e uma sensação de mal-estar crescente começou a me dominar. Ignorar os sinais não era uma opção, então, finalmente, cedi à fraqueza e busquei ajuda no mesmo lugar onde costumava oferecê-la: o hospital.O médico, sério e ponderado, explicou a sobrecarga de estresse e a necessidade de descanso imediato. Entendi a gravidade da situação, mas minha mente insistia em focar em outra preocupação. Max, meu noivo, não atendia minhas ligações. Onde ele estaria? Por que não atendia justamente quando eu mais precisava dele?Decidi ir diretamente para o apartamento de Max, ignorando o conselho de descanso, ansiando pelo abraço acolhedor do meu noivo. Ao chegar ao apartamento e girar a chave na fechadura, a cena diante de meus olhos era confusa. Roupas espalhadas pelo chão, e um silêncio pesado pairava no
KarenEu não tinha a menor ideia de há quanto tempo eu estava largada no sofá, ainda vestindo a mesma roupa que usei para sair do hospital e ir ao apartamento de Max, algo que parecia ter ocorrido há séculos. A dor da traição doeu mais fundo do que eu poderia imaginar. O choro já havia secado, mas eu ainda não tinha conseguido assimilar completamente a cena na sala do apartamento daquele maldito traidor.Naquele momento, o som irritante da campainha começou a ecoar pelo apartamento. Inicialmente, eu ignorei, esperando que a pessoa do outro lado entendesse que eu não estava disposta a receber visitas. No entanto, a insistência só aumentou, e a campainha continuou a tocar, incansável. Olhei para o relógio na parede, esperando que o tempo tivesse passado mais rápido do que eu percebia, mas cada segundo parecia uma eternidade.Sem aviso da portaria sobre visitantes, eu finalmente me dei conta de que só podia ser uma pessoa: Camila, minha melhor amiga e vizinha de apartamento. O pensamento
OthonA noite avançava e o quanto já bebi é um mistério para mim. Estou em um estado de descontração que só as férias são capazes de proporcionar. Ainda mantenho a sobriedade o suficiente para admirar as belezas naturais diante de mim. E quando falo em belezas naturais, não estou exatamente pensando na natureza em si. Faço essa observação para meus amigos, que riem em resposta. — O problema é que você só faz olhar, Othon — Colin reclama.— E eu não entendo porquê. Está se guardando para o grande amor da sua vida? — A pergunta é feita por Noah, que faz uma careta terrivel apenas ao falar a palavra “amor”.— Talvez… — Eu dou a mesma resposta de sempre.O clima está bastante animado em mais um dia de férias em Fernando de Noronha. Colin, Noah e eu estamos aproveitando ao máximo esse paraíso de sol e mar. Somos completamente diferentes, mas desde o primeiro momento em que nos conhecemos, tornamo-nos amigos inseparáveis, sempre escolhendo o mesmo destino para nossas férias.Continuo beber
KarenAo abrir os olhos em um ambiente desconhecido, a confusão se instalou imediatamente em minha mente. Tentei me mover, mas percebi a presença de um braço estranho ao meu redor. Um arrepio percorreu meu corpo, afinal, a lembrança nítida é que não tenho mais um noivo. Então, de quem seria aquele braço?Movendo-me com cuidado, a presença evidente de alguém atrás de mim se revelou, uma respiração soprando quente no meu pescoço que só percebi naquele momento. Com precaução, consegui me virar e me deparei com o rosto do homem que me abraçava. Toda a memória dos momentos no bar retornou de uma só vez. O homem que compartilhava a cama comigo era Othon, um homem lindo e gentil que conheci quando ele me ajudou em uma situação desconfortável com um bêbado no bar.Ao suspirar, sinto a frustração tomando conta de mim ao perceber que passei a noite na cama com um completo desconhecido. O fato de que agora sei seu nome não muda a realidade de que o conheci ontem e já estou dividindo a cama com e
KarenEu olhei para Camila com uma mistura de emoções. O horror e a felicidade se misturavam dentro de mim enquanto absorvia a notícia e logo fui recompensada com um abraço forte e apertado.— Você será mamãe, Karen! — A minha amiga falou baixinho, a emoção transparecendo em suas palavras.— Sim… — Foi tudo o que consegui dizer — Eu vou ser mãe.Aquela palavra tem um som tão belo, mas naquele momento me deixou assustada. A magnitude daquela palavra, "mãe", ressoou profundamente dentro de mim. É um papel que traz consigo uma responsabilidade imensa, o dom de dar vida e cuidar de outro ser humano. O assombro da nova realidade começou a se misturar com a alegria.Eu não conseguia entender como isso pode ter acontecido. Othon e eu usamos proteção em todas as vezes que fizemos sexo naquela noite, mas quando o meu ciclo atrasou por semanas, não tive dúvida em fazer um exame de gravidez. Aparentemente, tudo estava acontecendo na minha vida naquele momento e uma gravidez só iria coroar todas