Oito

— Você entendeu o que vai fazer? — Alex pergunta. — Posso explicar mais uma vez, caso queira.

— Não. Eu entendi. Eles vão me mostrar o convite e eu vou escanear para ver se é real e o nome da pessoa. Se a luz ficar preta, é vip. Se ficar verde, salão. Se ficar vermelha, não está na lista.

Alex sorri. Apesar de ser um trabalho fácil, ele estava feliz por ela ter entendido tudo de primeira. A última coisa que ele queria, era problemas com a irmã dela. Haley era muito brigona e defendia quem amava com unhas e dentes.

— Ótimo. — ele diz. — Bem, vou mandar abrir e vou receber o pessoal do vip. Qualquer coisa, você me chama. Tudo bem?

Após um aceno com a cabeça de Skyler, Alex vai para perto da escada e diz para abrirem as portas. De forma casual e tranquila, as primeiras pessoas vão entrando.

— Olá, boa noite! — Skyler sorri, para o primeiro casal que entra. — Os convites, por favor.

Os dois mostram os celulares e Skyler pega no scaner, passando-o imediatamente nos aparelhos a sua frente. A luz imediatamente fica escura e Skyler coloca as pulseiras nos dois.

— Bem-vindos.

[...]

Provavelmente haviam passado mais de trezentas pessoas por Skyler. Ela sentia a boca dormente, de tanto sorrir e desejar boa noite as pessoas. Quando a última convidada passou por ela e as portas foram fechadas, ela finalmente relaxou.

Alex, que esteve observando-a durante todo aquele tempo, estava feliz e cheio de planos para a mulher. Recentemente havia descoberto que uma de suas funcionárias, estava roubando do caixa e precisou mandá-la embora. Ele sabia que Skyler não tinha experiência, mas ao vê-la recepcionar os convidados tão bem, Alexsander decidiu inventar um novo cargo, para que pudesse contratá-la.

Skyler estava se esticando, sentindo leves dores nos pés, devido os saltos que usava, quando Alex se aproximou.

— Você foi ótima. — ela se vira para olhá-lo e sorri. — Melhor do que imaginei.

— Obrigada. Foi tranquilo, mas estou com a boca dormente de tanto sorrir.

— Pensa pelo lado bom. Você agraciou cada convidado, com o seu sorriso.

Ele sorri, levando-a a fazer a mesma coisa, mas de forma tímida. Skyler não estava acostumada com elogios, mas adorava ouvi-los.

— Eu sei que a noite sequer acabou, mas quero te fazer uma proposta.

— Qual?

— Meu restaurante está um pouco desorganizado e eu acho que colocar alguém para recepcionar e marcar reservas, será ótimo.

A mulher pisca algumas vezes. Ela entendeu o que ele quis dizer, mas teve receio de que pudesse estar errada daquilo.

— Está me chamando para trabalhar com você?

— Estou. Você aceita?

Ela sorri imensamente e precisa reprimir a vontade de abraçá-lo.

— Nossa, mas é claro! Meu Deus... eu... eu nem sei o que falar.

— Não precisa dizer nada. — ele sorri mais uma vez e aproxima-se um pouco mais dela. — Eu adoro sua irmã e posso ver que você também é uma ótima pessoa. Pretende morar aqui, não é?

— Sim.

— Então você precisa de algo fixo, para se manter. E eu tenho uma vaga.

— Muito obrigada. De verdade. Começo quando?

— Olha, se você levar seus documentos amanhã cedo para mim, posso fazer seu registro e começamos amanhã mesmo.

Imediatamente ela começa a balançar a cabeça negativamente. Fazer um registro, com seu nome, seus dados? Aquilo faria Stephen achá-la muito rápido. E isso não poderia acontecer.

— Eu... sabe, acho melhor deixar para lá. Obrigada pela oportunidade, mas... não.

Skyler começa a caminhar para o salão, deixando Alex completamente confuso. Ele pensou que um trabalho, era exatamente o que ela precisava. E era. Skyler tinha agradecido pela oportunidade e de repente, mudou de ideia.

E como Alex não se dava por vencido muito fácil, ele foi atrás dela. Skyler já estava com a irmã, contando o que tinha acabado de acontecer.

— Nós podemos dar um jeito. — Haley diz. — Não pode fugir para sempre.

— Skyler!

Ela se vira e encara o homem alto que vinha em sua direção.

— Alex, ela...

— Qual o problema? — ele pergunta, com certa rispidez. — Ontem você parecia desesperada por um trabalho e agora dispensa?

— Eu não posso simplesmente dizer não? Sou obrigada a aceitar o que me ofereceu, só porque preciso?

A última coisa que Haley ou Alex imaginaram, era que Skyler daria aquele tipo de resposta. Alexsander levou alguns segundos para voltar aos eixos, enquanto Haley carregava a irmã para longe dali.

Uma apresentação de joias acontecia no palco, mas Alex estava completamente alheio àquilo. Ele olhava na direção por onde as irmãs tinham ido, se perguntando se deveria ir atrás. Completamente confuso com o que se passara a poucos minutos, ele caminha até os bastidores, que era aonde as meninas tinham ido.

— Eu não posso correr o risco, Haley. — Skyler diz, fazendo com que Alex pare na porta e preste atenção. — Por mais que eu queira.

— Sky, como você vai seguir em frente dessa forma? Diz que quer um emprego, mas na primeira oportunidade, cai fora.

— Stephen pode ser apenas um bêbado inútil, mas ele tem amigos! O Sebastian, ele é policial. Se eu for registrada para aquele trabalho, no outro dia Stephen estará aqui, me arrastando de volta para o Missouri pelo restante de cabelo que tenho.

Haley suspira. Aquilo realmente era um problema.

— Eu não sei o que faremos. — ela diz, pegando na mão da irmã. — Mas daremos um jeito.

Sem saber que estão sendo vigiadas, as irmãs se abraçam. Alex aproveita a deixa e vai para longe dali, pensando no pouco que ouviu. Ligando as marcas que havia visto nela, a maneira assustada com que tinha encarado ele no trem e agora, aquele breve conversa que ouvira, Alexsander chegou à conclusão que Skyler fugia de alguém. E o mais provável, que fosse seu marido.

Ele sente o sangue esquentar e a raiva consumir seu corpo, imaginando todo tipo de agressão que aquela mulher sentiu na vida. Apesar da vida perfeita que Alex mostrava, nem sempre havia sido assim. Ele sabia que não podia obrigar Skyler ou Haley a contar o que estava acontecendo para ele, mas devido as experiências que carregava, decidiu que iria conquistar sua confiança e ajudá-la.

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