Matando a saudade

Diana

A porta do carro bateu com um estalo abafado, abafando também o som dos grilos lá fora. A luz interna se apagou devagar, deixando tudo em meia penumbra. Só o barulho da nossa respiração preenchia o espaço apertado do banco de trás.

A pele do meu braço ainda queimava onde ele tinha encostado segundos antes. O cheiro do couro quente, misturado com o perfume amadeirado que grudava nele, fez meu estômago revirar. O bom tipo de revirada. Aquele que começa no meio das pernas e sobe até o pescoço.

Ele me olhou. Olho no olho, sem pressa nenhuma. Como se quisesse me despir só com o olhar. A tensão no ar era tão densa que dava pra cortar com os dentes.

— Vem cá — ele disse, rouco, arrastando as palavras como se estivesse saboreando cada uma.

Me puxou devagar pela cintura. E eu deixei.

A mão dele encostou na lateral do meu rosto, a palma quente, firme. O polegar roçou meus lábios e meu corpo reagiu num arrepio idiota que eu não consegui esconder. Ele sorriu de canto. Aquele maldito sorriso
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