Ethan

Uma semana. Sete amanheceres sem o cheiro do cabelo dela no meu travesseiro, sem a xícara esquecida na bancada, sem o chinelo atravessado no meio da sala. Parece pouco quando se fala rápido; vira um abismo quando você atravessa minuto a minuto. Eu precisava que a Diana saísse de casa. Precisava daquela distância que rasga, porque descobri o que a Meredite fez: escutas. Por todo o apartamento. Teto de gesso, luminárias, atrás do rodapé do corredor, até dentro de uma tomada da cozinha. Quando o técnico me mostrou a última—um ponto minúsculo colado sob a base da luminária do quarto—eu quase arranquei a casa pelos alicerces.

Eu contei pra Diana do jeito mais seco possível, porque quanto menos emoção nas palavras, menos material a Meredite teria para cutucar. A decisão veio como um soco: ela iria para a casa da Carol, e nós faríamos parecer que terminamos. Ela pegou a mala, me abraçou curto, e eu fiquei parado na porta para ser visto pelas câmeras do prédio, sem tocar nela de novo. A