Capítulo 05

༺ Domenico Beltron ༻

O carro desliza pelas ruas de Nova Jersey, o som do motor suave ao fundo. Me encosto no banco de couro, observando pela janela, enquanto a cidade vai ficando para trás.

Meu motorista dirige com a calma e precisão que sempre demonstra, mas minha mente está distante, voltada para Amara.

Ela não sai dos meus pensamentos desde o momento em que a vi.

Essa garota… ela é diferente de todas as outras. Inocente, mas com uma rebeldia nos olhos que me fascina.

Meus irmãos, Luca, Enzo e Pietro, não entendem. Eles não veem o que eu vejo. Para eles, ela é só uma mendiga, alguém que vive nas ruas, suja e sem valor.

Mas posso ver mais do que isso. Percebo, sob toda aquela sujeira e miséria, há uma beleza rara, algo que nenhum deles pode nota. Os olhos dela, aqueles olhos cor de mel, eles guardam um segredo que só eu posso ver.

Notava que o que estou fazendo é arriscado. Propor algo a uma mulher que vive nas ruas pode parecer loucura para qualquer um, mas não para mim. Eu não sou um homem que toma decisões baseadas em convenções sociais ou lógica.

Faço o que sinto que devo fazer. E senti, naquele momento, algo que nunca experimentei antes. Ela mexeu comigo de uma forma que nenhuma mulher nunca fez.

Serena? Não mais. Já tirei ela da minha cabeça. Depois que me traiu ao me trocar por outro, eu não tenho mais paciência para os jogos dela.

Amara, por outro lado, é uma aposta mais interessante. Talvez seja uma loucura, ou somente o desejo de um brinquedo novo que ainda não tenha conquistado.

No entanto, há uma coisa em Amara que quero que ninguém mais possa ter, que só eu posso dar a ela, e só ela pode aceitar.

Olhei para o motorista, porém, minha mente continua voltada para ela. Meus irmãos ainda não sabem o que está por vir. Eles julgam Amara, contudo não sabem quem ela realmente é.

Eu sei. Vi o que ela pode ser. A transformação que vai passar, tenho certeza de que será a chave para algo muito maior. Para mim. Para nós.

Chegando à mansão dos Beltron. O motorista estaciona o carro com a habilidade de sempre, e o som do motor se apaga. Olho pela janela, mas nem a grandiosidade da mansão consegue me distrair agora.

Penso que Amara está lá fora, talvez pensando no que fazer, talvez já tenha tomado sua decisão. Mas, no final, ela não terá escolha.

Ela vai entender que o que estou oferecendo é mais do que uma simples proposta. Posso mudar a vida dela. E ela vai perceber que ser parte do meu mundo, do mundo dos Beltron, é a única escolha que vale a pena.

Saio do carro e sigo para a entrada da mansão, mas minha mente continua longe. Lá fora, Amara está prestes a decidir o que vai mudar tudo. E eu… bem, vou esperar. Ela vem até mim, por conta própria.

Sou Domenico Beltron, e paciência é uma das minhas virtudes. Ela vai aprender isso da maneira mais difícil.

Entro na mansão e o som dos meus passos ecoa pelos corredores vazios. O silêncio é interrompido somente pela suave melodia que vem da biblioteca.

Lá, no sofá, Luca está imerso em um livro. Ele levanta os olhos quando me vê entrar, e já não posso evitar o sorriso irônico que surge em seu rosto.

— Onde você foi? — Ele pergunta, fechando o livro e me encarando. — Saiu cedo e não avisou ninguém.

Parei por um momento, respirando fundo antes de responder, ainda com o pensamento em Amara.

— Fui atrás de algo que quero — digo, sem hesitar.

Luca franze a testa, ainda com a expressão séria.

— Sério? Você continua atrás daquela mendiga? Não tirou essa ideia da cabeça? — Ele solta, como se estivesse surpreso e, ao mesmo tempo, irritado. — Está fazendo papel de louco, Domenico.

Olho para ele e a paciência começa a se esgotar.

— Não é isso — respondo, firme. — Quero essa mulher. Não é só uma questão de fetiche, Luca. Há algo nela que desejo e que só eu posso ter.

Luca solta uma gargalhada sarcástica, a incredulidade estampada em seu rosto.

— Ah, então agora você tem um fetiche por mendiga? — Ele brinca, o tom de zombaria evidente. — Você é doido, Domenico, doido de pedra. Quer se envolver com uma mulher que nem sabemos se é saudável…

O som da porta se abrindo interrompe o que ele ia dizer, e Enzo e Pietro entram na sala. O ar na sala muda de repente, como se a tensão tivesse sido palpável desde o momento em que me sentei ali.

Enzo olha para mim com uma expressão de desconfiança, percebendo que a conversa não seria agradável.

— O que está acontecendo? — Enzo pergunta, caminhando até o bar e pegando um copo de bebida. — Qual é a dessa obsessão com essa tal mendiga?

Pietro se aproxima, e sua expressão é mais séria. Ele parece ainda mais cético, como se não quisesse acreditar no que estava ouvindo.

— Você está mesmo falando sério, Domenico? — Pietro pergunta, encarando-me diretamente. — Está disposto a gastar tempo e energia atrás de alguém como ela?

Luca, mais uma vez, solta uma risada, mas agora ela é mais amarga, como se a ideia de que eu estivesse realmente falando a sério o incomodasse.

— Ele já fez até proposta para ela, não é? — Luca diz, sua voz sarcástica. — Agora é sério. Proposta de tirar a mendiga da rua e ainda fazer ela ficar com ele e adivinha nos três. O que aconteceu com você, Domenico? Onde foi parar o homem que todos nós respeitávamos?

Encaro Luca com firmeza, o tom de minha voz é mais grave.

— Sei o que estou fazendo. E ela vai aceitar, Luca. Tenho certeza disso. — A convicção na minha voz é inabalável, mas meus irmãos não parecem dispostos a aceitar isso.

Enzo e Pietro se entre olham, como se estivessem discutindo mentalmente se era hora de parar ou continuar.

— Domenico, você está fazendo isso por… capricho? — Enzo pergunta, sua voz mais calma agora, mas com uma clara preocupação. — Você sabe que estamos envolvidos em coisas muito maiores. Isso pode afetar a nossa imagem, nossa reputação. Vai ser um risco desnecessário. Além disso, você pensa que ela vai realmente aceitar? Que ela se submeteria à nossa proposta?

Pietro, com seu jeito direto e impaciente, se inclina para frente, encarando-me com uma frieza que só ele tem.

— Você não acha que isso é um pouco… humilhante para ela? E mais, humilhante para nós? De repente, nossa vida se resume a manipular uma mulher, uma mendiga, para conseguir o que queremos? Isso não é coisa que a gente faça.

Mordo o lábio, tentando manter a calma, embora o desconforto de seus questionamentos já comece a me irritar.

Já esperava essa resistência, mas eu não vou desistir agora. Não quando estou tão perto de algo que quero.

— Vocês não entendem, não é? — Respiro fundo, tentando explicar, mas sem perder a paciência. — Sei o que estou fazendo. Constato o potencial nela, vejo o que ela pode se tornar. Não importa o que ela seja agora, vou mudar isso. Darei a ela tudo o que ela precisa. Ela vai ser minha e será de vocês também, depois. Não vai ter mais essa de mendiga, Amara vai ser uma mulher como nenhuma outra. E, quando ela entender isso, quando ela aceitar a proposta, tudo fará sentido.

Os olhares que meus irmãos trocam entre si, ainda são não convencidos, mas também sem mais palavras para dizer. O silêncio se instala por um momento, até que Luca, finalmente, quebra a tensão com uma risada nervosa.

— Você realmente acredita nisso? — Ele pergunta, um sorriso torto nos lábios. — Eu não sei, Domenico. Isso vai ser uma bagunça. Uma bagunça e tanto. Mas você, como sempre, vai até o fim. Espero que saiba o que está fazendo.

Eu me levanto, olhando-os com uma expressão de firmeza renovada.

— Sei o que estou fazendo, Luca. E quando ela aceitar, vocês vão entender. Tenho certeza disso. Eu não sou um homem que perde tempo com apostas perdidas.

Enzo e Pietro não dizem mais nada. Eles sabem que, quando estou decidido, nada vai me impedir.

E, dessa vez, eu estou mais decidido do que nunca. Amara, será minha e deles, mesmo que eles não aceitem isso ainda.

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