Doce Justiça
Doce Justiça
Por: Beatriz Cavalheiro
Novo começo

O dia se encontrava fresco, o inverno estava se aproximando, alguns transeuntes já se utilizavam de casacos finos para lhes proteger dos ventos frios, uma família composta por três pessoas se encontrava parada em frente a um prédio de arquitetura antiga, suas paredes possuíam o tom amarelo claro com detalhes em marrom para contratar de forma harmônica com a imensa porta de madeira que permitia o acesso ao lugar, ao lado da porta de madeira eram postas duas malas de tamanho grande para em seguida a família se unir em um abraço que mostrava um grande pesar, o abraço era composto de um casal claramente por volta de seus cinquenta anos, um grande sinal disso eram os poucos cabelos brancos que ambos possuíam em seus cabelos igualmente castanhos, cabelos que contrastavam totalmente com os da jovem que recebia o abraço, os cabelos em um tom de ruivo cobre claramente tingidos para ao sol ganharem o tom laranja, suas alturas não eram tão contrastantes, as mulheres possuíam por volta de um metro e setenta já o homem possuindo não mais de um e oitenta.

                - Se cuide Cath, qualquer coisa pode me ligar a hora que desejar, estarei sempre disponível para você minha filha, tenho alguns amigos na cidade e eles podem te ajudar se tiver algum problema – O pai dizia beijando a testa de sua filha.

                - Qualquer coisa corremos para cá, então não fique com vergonha de chamar seus pais – A mãe comentava dando abraço apertado na filha e logo indo para o lado do marido.                 

                - Nunca teria vergonha de chamar vocês, mas fiquem tranquilos, se eu tiver um problema vocês são minhas primeiras opções – A filha respondia em um tom de voz embargado logo seguindo em direção a porta do prédio – Agora é a hora de subir, vocês têm uma viagem longa, não esqueçam de me avisar quando chegarem em casa.

                - Te amamos Catherine – O pai então acenava indo para o carro cujo estava estacionando no meio fio próximo, a mãe fazia o mesmo acenando para a filha e entrando no banco do carona, o casal então partia sem querer fazer mais cerimonia, quanto mais tempo ficassem ali sabiam que mais doloroso seria.

Agora não tinha mais volta, limpava as lagrimas de seu rosto e adentrava o prédio de fachada antiga, em sua mão direita tinha as chaves tanto do portão de entrada quanto de seu apartamento, a primeira coisa que se deparava ao adentrar no saguão eram os lances de escada que ela deveria subir, ao começar a fazê-lo agradecia os anos que passou na academia para assim ter força e físico para subir com suas malas de uma única vez. Decidiu morar no terceiro, já que os apartamentos no primeiro andar era quase o dobro do valor, teve muita sorte da dona do apartamento ser uma amiga de sua mãe da época de faculdade e o antigo morador do apartamento ter deixado alguns poucos eletrodomésticos para que assim pudesse economizar o pouco valor que possuía em sua poupança para essa mudança, mesmo seus pais prometendo ajuda-la financeiramente em um primeiro momento nessa jornada, não achava de bom tom ficar pedindo a eles dinheiro para tudo, de acordo com seu contrato seu salário inicial seria bem baixo para um advogado porem para uma pessoa que estava começando sua vida agora era mais do que o suficiente, ainda não receberia comissão por seus trabalhos, pelo menos até que fosse completamente efetivada por seu chefe que inclusive procurando na internet e conversando com alguns colegas chegava a conclusão que era um cara duro de conhecimentos vastos, conseguiu ter acesso a alguns casos em que ele trabalhou e até mesmo achou sua conta pessoal em redes sociais, logicamente não o adicionava era um forma de tentar o conhecer melhor e ficou pasma ao saber que ele não era de utiliza-las, tinham poucas coisas lá que pudessem faze-la entender onde estava se metendo, tinha então que ficar apenas com os comentários que as pessoas faziam dele.

Sua última semana na casa de seus pais havia sido resumida em resolver problemas burocráticos e se despedir dos poucos amigos que possuía, em quanto isso seu pai adiantavam ao máximo sua mudança, Ana, sua mãe trabalhava na parte administrativa de um hospital portanto não conseguia horas livres para ajudar o marido, já seu pai, Antônio era professor da mesma faculdade que Catherine havia cursado direito então com a formatura dela vinham também as férias dele já que nem uma aula seria aplicada pelas próximas semanas, portanto a mudança de sua filha vinha a ser o único assunto que tinha para resolver, ela já chegaria em seu apartamento com os moveis no lugar, problemas hidráulicos concertados e compras de mercado feitas e devidamente organizadas nos armários, ele deixava um pouco de si em cada pequena coisa que fazia por ela.

Retornando ao presente, a jovem abria a porta de seu pequeno apartamento podia logo se ver a sala-cozinha onde tinham algumas caixas de papelão com seus pertences que ela mesma havia pedido para o pai deixar lá para que ela organizasse como assim achasse mais prático, olhando de fora o lugar não conseguia nem mesmo dar uma boa definição para aquele cômodo, ela preferia dizer que era uma cozinha em conceito aberto, porem se não fosse pelos moveis que seu pai já havia arrumado, aquele lugar seria apenas um quadrado de concreto com uma pia e armários atras de uma porta, seu pai havia caprichado na arrumação, mesmo ela tendo dado as indicações de onde querias as coisas ele tinha conseguido fazer tudo ainda melhor, olhando para a esquerda poderia se ver um sofá de dois lugares bem abaixo de uma janela de cortinas brancas rendadas escolhidas por sua mãe, um televisor preso na parede e uma mesinha de centro de madeira rustica que seu pai fez para ela com base de uma antiga mesinha que ela tinha quando criança, atras da porta literalmente havia uma mesa onde ela poderia realizar suas refeições, mesmo que todos soubessem que ela usaria aquela mesa de porta bagunça, um pouco mais para o lado da mesa poderia observar a pia, o fogão, a geladeira, ao adentrar de vez no apartamento para olhar a arrumação de outro ângulo podia perceber que aquela mesa ali estava realmente posta para ser um porta bagunça já que não teria como mais de uma pessoa comer lá, a pessoa que abrisse a porta da casa acabaria batendo em qualquer outra que estivesse sentada na ponta e o outro lado era encostado na pia, portanto dois lugares daquela mesa haviam sido eliminados, não tinha mesmo como saber se o pai era um gênio por saber que a filha era uma bagunceira ou se ele havia feito aquilo de proposito para ela não receber visitas, um suspiro pesado vinha acompanhado de um breve sorriso, seu pai era incrível mesmo em fazer aquilo tudo por ela, queria ver o que mais ele havia feito então decidia ir em direção as outras duas portas que lá haviam, uma seria o banheiro-lavanderia e a outra o quarto, pelo menos o banheiro tinha um bom tamanho, uma janela posicionada acima da máquina de lavar, pelo menos o pai tinha instalado uma cortina de material grosso assim ninguém a veria tomar banho nem fazer suas necessidades, o Box era de vidro e possuía uma parede alta, que vinha até quase o meio de suas pernas, onde era feita a propaganda de uma banheira, aceitava de coração aberto aquela propaganda, não era enganosa nem nada, poderia realmente tomar banho de banheira ali e por ser um box grande nem precisaria se encolher toda, Catherine decidia sair do banheiro mas acabava por perceber algo diferente da última vez que esteve lá a duas semanas, olhando com mais atenção podia reparar que havia insulfilm nos vidros da janela, não tinha aquilo antes, provavelmente seu pai colocou para que ela tivesse mais privacidade, aquele homem realmente era incrível, pensou ela.

Finalmente vinha o seu quarto, o local onde ela poderia dormir e deixar suas roupas, cujo era claramente tão pequeno quanto o resto do lugar, não poderíamos esperar um quarto grande em um apartamento tão pequeno, toda via tinha um susto ao abrir a porta e se deparar com uma cama de casal que ocupava o fundo do quarto de ponta a ponta, seu pai havia comprado para ela uma cama grande para poder ter mais conforto, ele havia até mesmo comprado dois conjuntos de roupa de cama, aquilo tinha cara de ter sido sua mãe, porem só o fato de ver sua cama arrumada por seu pai a fazia querer chorar novamente, ele havia feito tudo para ela se sentir em casa e mesmo distante podia sentir também pequenos toques de sua mãe, como um guarda roupa alto para que ela pudesse guardar suas roupas, nele havia um espelho assim ela não precisaria comprar um espelho de corpo todo para ver seu corpo, na parede em frente ao armário havia um quadro grande de recados cujo ela poderia prender recados e lembretes pessoais, porem a coisa mais valiosa para ela estava em cima de uma cômoda pequena, a foto da família nas ultimas férias, o sorriso dos pais abraçando a filha no meio do mar, Catherine só poderia sorrir ao ver aquele mimo.

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