Ponto de Vista de SerenaFui arrastada para o banco de trás de um carro preto e elegante, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, a porta se fechou com um estrondo atrás de mim.Lutei contra as mãos que seguravam meus braços, os seguranças à minha frente me imobilizando com uma dureza que fazia minha pele arrepiar. Minha respiração vinha em suspiros curtos, meu coração batendo descontrolado enquanto eu olhava ao redor do carro. O interior era impecável, com bancos de couro, e um leve cheiro de colônia no ar.Então, eu notei o homem.Sentado na minha frente, observando calmamente a cena se desenrolar, estava um homem com cabelo prateado, penteado para trás como se tivesse saído de uma revista de luxo. Ele usava um terno de aparência cara, daqueles que você sabia que custaram mais do que o aluguel de algumas pessoas. Seus olhos eram frios, calculistas, e seus traços afiados e bem cuidados. Havia algo perigoso na calma dele.— Me solte! — Eu sibilei, ainda lutando contr
Ponto de Vista da SerenaEu não conseguia parar de tremer, mas mantinha a arma firme, apontando entre o guarda e o homem sentado à minha frente.Meu coração disparava, cada nervo do meu corpo gritando para eu ficar alerta, para manter o controle. Mas o homem, aquele estranho calmo e impecável, simplesmente me olhava com aquele sorriso desconcertante. Ele não estava com medo. Ele estava se divertindo, como se eu estivesse fazendo exatamente o que ele esperava.— Você tem coragem, senhorita. — Ele disse, com um forte sotaque francês, inclinando um pouco a cabeça. — Já gosto de você.Eu estreitei os olhos, apertando a arma com mais força.— Não estou aqui para que você goste de mim. Só quero ser deixada em paz.Antes que eu pudesse reagir, o guarda à minha frente se moveu como um relâmpago. A mão dele disparou, pegando a arma e arrancando-a da minha mão com um movimento rápido e preciso. A arma sumiu daquele jeito, e eu fiquei indefesa, meu coração despencando no estômago. O pânico tomou
Ponto de vista do BillO contrato que eu estava encarando poderia muito bem estar escrito em uma língua estrangeira.Eu estava no meu escritório, supostamente revisando alguns acordos finais para a Pinnacle AI, mas minha mente estava divagando. Os números se embaralhavam, e eu esfregava as têmporas, tentando me forçar a me concentrar. Mas então, meu celular tocou. Era a Serena.— Bill? — A voz dela estava trêmula, quase ofegante, como se ela estivesse mal conseguindo se segurar. — Eu... Eu preciso que você venha me buscar. Não tem táxi, e ninguém está me pegando no Uber.Imediatamente, eu me endireitei e perguntei:— Onde você está?— Estou na Avenida do Pôr do Sol, perto daquele bar de jazz antigo, sabe qual é? Eu não posso ficar aqui, Bill. Eu só... Não posso voltar para casa.— Eu já estou indo. — Falei sem hesitar, pegando as chaves e indo em direção à porta.********************Quando cheguei ao local que ela mencionou, a vi imediatamente. Ela estava sentada na beira da estrada,
Ponto de vista do Bill— Calvin pode estar dizendo a verdade. — Disse Serena.Eu apertei ainda mais o volante, os dentes apertados. Foi difícil controlar a raiva, mas eu consegui não responder de forma agressiva.— Talvez. — Murmurei, mal conseguindo manter a voz calma. — Mas eu vou descobrir a verdade. De um jeito ou de outro.Serena não disse mais nada depois disso, e o resto da viagem foi em silêncio. Eu pude sentir o cansaço dela irradiando, o peso de tudo o que ela passou pressionando seus ombros. Estacionei o carro na frente da minha mansão, e os portões se abriram lentamente enquanto o carro parava.Saímos do carro, e o ar fresco da noite me atingiu como um lembrete de que eu ainda estava ali, de que Serena ainda estava ao meu lado, viva e respirando. Mas a sensação de frustração profunda que eu sentia por dentro, aquela dor que parecia me desapontar, não ia embora.Destranquei a porta da frente, e entramos, o grande espaço da entrada ecoando o silêncio entre nós. Os olhos de Se
Ponto de Vista do BillO cheiro de café fresco preenchia a cozinha enquanto eu colocava o último dos pratos de café da manhã na mesa, tentando manter as mãos ocupadas. A Serena poderia acordar a qualquer momento.Eu já estava acordado há várias horas, com a mente cheia de pensamentos, planejando e preocupado. Mas achei que o mínimo que eu poderia fazer era preparar o café da manhã para ela. Ovos, bacon, um pouco de torrada. Simples, mas algo para ancorar a manhã depois de tudo o que aconteceu na noite anterior.Ouvi seus passos suaves atrás de mim antes que ela falasse.— Bill? — A voz dela estava sonolenta, ainda carregada de sono.Me virei para ver ela de pé na porta, o cabelo um pouco bagunçado, olhando para a comida na mesa com um leve brilho de surpresa nos olhos.— Bom dia. — Eu disse, oferecendo um pequeno sorriso. — Achei que você poderia usar um café da manhã decente.Ela piscou, claramente não esperando por aquilo.— Você fez tudo isso?Diminui os ombros, como se não fosse gr
SerenaMeu Marido e a sua linda assistente Doris estavam rindo e comendo como se eles estivessem no primeiro encontro deles. Mas a piada era eu…Eu estava ali, a mulher do Bill, assistindo eles do outro lado da sala, cuidando da minha barriga rasa que abrigava a pequena vida.Claro, Bill não sabia ainda não sabia do bebê. A notícia ainda estava fresca na minha mente, mal tinha algumas horas.Era suposto ser um encontro para um jantar familiar, mas eu nunca era bem-vinda, mas sim uma intrusa.Assistindo o Bill levando o pedaço de carne cortada e dando para a Doris, a melhor amiga dele da juventude que o conhecia melhor que ninguém, eu acho que estaria a estragar a diversão deles se contasse que estava grávida.— Doris, o Bill mencionou que você está estudando para ter um mestrado em negócios e administração, por que você não nos conta um pouco de como está indo? — Helena, a mãe do Bill perguntou. Eu sabia que aquele jantar não era só para colocar a conversa em dia. Helena queria exibir
Ponto de vista da SerenaÉ engraçado como a adrenalina pode fazer você esquecer da dor por um tempo.Ao sair do hotel, meu joelho esquerdo começou a latejar de novo.— Bom, pelo menos saí de lá, — murmurei para mim mesma.Ainda ouvia a confusão lá dentro. A família do Bill estava cuidando da Doris. Nossa, estavam exagerando. Ela só havia caído, não era como se tivesse perdido uma perna. Enquanto isso, eu sentia como se fosse perder a minha perna a qualquer momento.Foquei-me na respiração para aliviar a dor. Distraída, esbarrei num homem que vinha na direção oposta. O impacto leve me fez perder o equilíbrio.— Ops, desculpe.Ele percebeu que eu estava desequilibrada e segurou no meu braço para me ajudar.— Cuidado! Hmm... acho que já te vi antes. Ah! Você é a Serena, a esposa do Bill, certo?Ótimo, mais um familiar que irá me odiar. E eu achando que a noite não podia ficar ainda melhor.— Ah... sim, sou eu.Curiosa para saber quem ele é, olhei para o rosto. O tempo não deixou marcas m
Ponto de Vista da SerenaPor um segundo, pensei que o Bill realmente se importasse com a minha perna. Mas não, ele voltou a ser um babaca completo.— Eu tropecei fora do hotel e... — Comecei a explicar.— Sabe de uma coisa? Não interessa. Só vá pedir desculpas para a mamãe e para a Doris — Ele disse, sem sequer me deixar terminar.E lá está ele de novo, me cortando como se eu fosse apenas um ruído qualquer. Aquilo era tão ridículo. Por que eu continuava tolerando ele me tratando como lixo?Eu estava prestes a dizer ao Bill que ele ia ser pai, mas me controlei. Não podia deixar nosso filho crescer nos vendo brigando o tempo todo. Não era assim que relacionamentos saudáveis deviam ser. Honestamente, comecei a achar que talvez fosse melhor criar nosso bebê sozinha.Baixei a cabeça e sussurrei, — Quero o divórcio.Já estava dito — Não tinha mais volta. Mas, estranhamente, me senti mais leve, como se estivesse prendendo a respiração por tanto tempo e, finalmente a pudesse soltar.O silênci