A banheira terminou de escoar enquanto Carly permanecia de pé, e eu assenti.
— É. É, ele se foi.
Ela estremeceu quando eu abri novamente a água morna, deixando a banheira encher. Eu duvidava que ela sentisse qualquer coisa. Ajudei-a a voltar para a água e pressionei mais xampu nos cabelos; desta vez a água mal mudou de cor. Depois de enxaguar, apliquei o condicionador. Eu sabia que estava adiando. O que eu dizia a uma criança que tinha acabado de perder tudo?
— Carly… — Ela quase não me percebeu, mas, por fim, os olhos dela encontraram os meus. — Eu não vou mentir para você dizendo que a dor, esse machucado, vai embora tão cedo.
Ela soltou um suspiro aflito, o lábiozinho tremendo quando virou o corpo inteiro para mim.
— Uma dor assim, uma perda assim… vai doer por muito tempo.
Como se explicava esse tipo de perda para uma criança? Mesmo assim, ela assentiu.
— Eu acho que nunca vou deixar de sentir falta do meu papai.
Acolhi o rosto dela nas mãos.
— E isso estava tudo bem. — Enxuguei as