Martha chegava a um luxuoso prédio residencial, em Austin. Seu empregador a remunerava para cuidar de uma mulher. Mãe, talvez. Ela se apresentou na recepção. Uma mulher preta, alta, de corpo bonito e sorriso cativante. De turbante na cabeça, de cores impressionantemente vívidas, lhe coroava tranças delicadas e longas. Acessórios coloridos, sobre a camisa, de mangas sete oitavo, branca, chamavam atenção para o rosto de maquiagem bem desenhada. Usava uma pantalona, de cor vibrante e padrões atraentes, sobre saltos. A recepcionista a via chegar, rica, resoluta. Era uma rainha, de olhos negras e pele marrom, vinda de sonhos mitológicos. — Martha Duvivier. - Ela se apresentou. - Estou sendo aguardada. — Certamente, Doutora Duvivier. - A jovem, encantada, a recebia. Martha se orgulhava de si. Logo, chegava à vasta cobertura, de visão panorâmica, de onde se via os quatro cantos da capital. "Isso aqui é poder!" A mulher comemorava. Do outro lado da sala, o homem, de camisa preta e ca
Helena sentia algo diferente pelo amigo naquele momento. Martha não ousou atravessar a porta. Espionava aquela doce confissão sem palavras alguma. — Eu não quero acordar desse sonho tão bonito. - Ele confessou, flertando, romântico. Helena o beijou outra vez, não se acanhava mais com ele. Gregory lhes permitia aquela intimidade tímida e bonita. Ela se sentia segura ali e ao seu lado. - Namora comigo? - Helena concordou. Ele era o homem mais feliz do universo naquele momento. Dario recebia a notícia por Johnson: estavam em Austin, não restavam vínculos ali. O mexicano sentia que ela havia escoado entre seus dedos. — Anote os dados para contato do penhor, chefe. Aqui é o Roberts. - Dario ouvia a voz do homem ao telefone, surpreendia-se. A mulher daquelas imagens era sua Helena. Ela o havia superado e aquilo o magoava em algum ponto de sua alma, mas, agora, ele queria voltar para ela. No material que Dario recebeu, horas e horas de gravações escandalosas, por toda uma casa. Em algu
— Eu gostaria de entender melhor a paixão de meu filho. - Hellen seguia, espinhosa. - Talvez pudesse me dizer como se conheceram. — Oh, sim! - Helena olhou para Martha. - Martha, querida, poderia nos deixar a sós? Creio que este seja um diálogo que necessite de muita discrição. - Hellen aprovava aquela postura decente de tratar os assuntos mais internos de forma sutil. Martha assentiu em um gesto e saiu. — Exótica sua assistente. É estadunidense? - Hellen observava, discreta. A própria Helena a servia de mais refresco. — Não, Senhora Stuart. Minha assistente é haitiana. Fisioterapeuta por vocação. Recomendo, inclusive. Jamais conheci uma massagista com mãos tão hábeis. - Helena elogiava a mulher. Martha, por trás da porta, a ouvia orgulhosa de si. "Que mulher magnífica!" Pensava, feliz. - Voltando ao ponto: Gregory foi meu instrutor na academia, nos conhecemos assim. Depois, tornou-se meu médico, a vida, em campo, não é exatamente afável com seus desafiadores. — Você me parece m
No salão de festas, Gregory e Helena foram recepcionados. Katrina estava exuberante, ao lado de Hellen, conversavam e riam entre si. Uma jovem, de olhos verdes e cabelos loiros, esnobe, vinha em linha reta em direção a ele. Era bonita e tinha uma postura exigente e mimada. — Pai. - A menina disse, com certa reprovação na voz. - Não vai me apresentar a sua... - A jovem fez uma pausa dramática, encarando Helena com desprezo, medindo-a, de cima a baixo. - Amiguinha? - Gregory sentiu Helena soltar seu braço, mantendo sua dignidade. — Scarlet, está é Helena. Helena, minha primogênita, Scarlet. - Gregory disse, começava a se sentir ansioso e agitado. Helena mantinha a pose impassível e nobre. — Ah. - A moça disse, ainda desdenhando de Helena. — É um prazer conhecê-la, senhorita Stuart. - Helena disse, formal e educadamente. — Que seja. - Scarlet respondeu, de qualquer jeito. - Mamãe está aqui. Poderia mandar essa... - Ela revirou os olhos. - "Amiga" embora? Não quero que a mamãe fi
— Por acaso, o cara aniversariando ali. - Mark apontou o salão. - Me contaram que também é meu pai, inclusive, que discussão ridícula é essa perto dessa moça. Sua esposa não está lá dentro, Gregory? — Ex. A que suas patinhas estão tocando é minha namorada. - Gregory afirmou, categórico. Mark se aproximou, devagar, sentia a respiração fraca dela. - Se afasta, Mark. - Brad via a situação escalar, continha Gregory para que não atacasse Mark. Hellen via três dos filhos em torno de Helena, desfalecida, nos braços de Mark. Brad segurava Gregory, de seus filhos, o mais rebelde e impetuoso. — Parem. - Os três homens ouviam a ordem da mãe. Hellen tinha o caos sob controle. - Você. - Apontou para Greg. - Ligue para que a assistente venha buscá-la. — Mas... - Gregory tentava argumentar. — Nem mais e nem menos. - Ela cessava o argumento. - Você, solta essa mulher. - Mark se levantou, com Helena no colo e a entregou para Greg. - E você, vai para dentro. Falo com você mais tarde. - Aponto
Gregory tinha aquele quase toque suave sobre a pele do pescoço e da nuca de Helena, a mão, delicada, do homem, lhe corria as costas com leveza. Ele percebia que estava excitada, o corpo não negava. O beijo sutil de Gregory tocou a pele do ombro de Helena, fazendo uma onda elétrica correr, ela não tinha controle sobre seu corpo, que estava à mercê do homem, cuja virilidade se anunciava conta seu quadril. Ela tensionou, estava petrificada. Gregory percebeu o recuo repentino. Decidiu parar, aquele era o mais longe que poderia chegar por algum tempo, até que ela sentisse segurança nele. — Me desculpe. - Ele se afastou, deixando-a só por algum tempo. Helena desabou em lágrimas angustiadas assim que a porta de fechou. Não havia uma explicação. Ela passou por algo brutal quando Peter a atacou, mas estava fora de si, não tinha memórias alguma além do estrangulamento e não entendia a reação. — Helena? - Ela ouviu a voz de Martha, que a procurava. - Helena? - A mulher a encontrava, sob o
— O que quer dizer com "Não lhe diz respeito"? Sabe quem eu sou? - Scarlet não media o risco a que se expunha, fazendo uma cena com aquela mulher com uma cicatriz de tiro no braço. Aquilo, para Mark, significava que não era uma garota que se acanhava. Scarlet chamava a atenção para si, Mark se levantou, encobrindo a visão da garota e ocultando-a de Helena, que lhe parecia realmente perigosa. Por menos que gostasse da menina, gostava menos ainda de finais violentos e aquela lhe parecia uma mulher propensa à violencia selvagem.— Scar, pare. - Mark impôs. - Sabe quem é. Não deveria fazer uma cena tão humilhante aqui. Isso não é um playground, garota. - Ele ralhou, firme, com a jovem. — Eu sou a auxiliar assistente da secretaria do presidente! Você não tem o direito de me maltratar assim, tio. Vou contar tudo para o meu pai! - A jovem bradou, fazendo com que um riso saltasse de Helena. - E você? Acha que é quem para vir aqui e relinchar, sua... sua... - A jovem se enfurecia. - Helena se
— Eu me importo, meu amor. - Gregory se ajoelhou diante de Helena e segurou o rosto dela, fazendo-a olhá-lo, notar o homem à sua frente. Ela perdia a estabilidade, o olhar brilhante. - Vamos para casa. Me perdoe, eu a negligenciei. - Ele selou os lábios dela, sem encontrar retribuição. Passiva, aceitava. Ele recuou. Helena era o tipo de mulher a beira de atentar contra si. Joe os conduzia de volta, ela seguia Greg, mecanicamente. Joe tinha algumas noções. Eram militares, ele era algumas patentes a mais que ela, que era uma Tenente. Os vídeos se espalharam como fogo em um pasto seco. Naquela noite, Gregory foi para seu quarto, era madrugada quando a sentiu se esgueirar sob seu edredom, buscando abrigo. Ele sorria, no escuro, acolhendo sua gata manhosa. Acordava com ela aninhada, em uma camisa de um time de futebol americano, confortável e aquecida. Ele a despertou, com um carinho manso na lateral do corpo. — Bom dia, gata manhosa. - Ele tinha um sorriso satisfeito. - Sabe que pode