Desejo Proibido
Desejo Proibido
Por: Kan James
Capitulo 1

O salão estava cheio era sempre assim, todo ano a mesma palhaçada, gente falsa e hipócrita. Todos se dizem finos, elegantes, a favor da moral e dos bons costumes, mas só quem convive de perto com eles, sabe a podridão que é esse mundo. Estamos todos reunidos hoje para comemorar o aniversário do meu marido, Enrico Bragon.

Caminho pelo salão com uma taça de champagne nas mãos, as pessoas sorriem para mim com seus sorrisos falsos aos quais retribuo com a mesma falsidade. Meus olhos passam por todos os rostos, à procura do meu marido, mas ele não está em nenhum lugar.

Isso é a cara dele, sumir do nada. Nos primeiros meses de casamento não acontecia, eu sempre sabia onde ele estava, mas de uns tempos para cá, as coisas mudaram. Entramos em crise, mas na frente de todos temos de manter as aparências, pois ele como grande empresário bem sucedido não pode ter seu nome envolvido em escândalos.

Cumprimento algumas pessoas que nunca vi na vida, mas todas elas sabem quem eu sou e sorriem para mim. Finalmente consigo me sentar um pouco, chamo o garçom e peço que me traga algo para come. Odeio essas festas por isso, nunca consigo comer nada, sou obrigada a fazer a fina e só beber.

Eu já estava me arrumando para dormir quando Enrico entrou em nossa suíte a porta do banheiro estava entreaberta, então vi quando ele afrouxou a gravata borboleta e tirou o paletó, pelo jeito que ele caminhava eu sabia que não estava sóbrio. Saí do banheiro e o ignorei completamente. Caminhei para a cama e me deitei, senti seus olhos em mim, e seus passos se aproximando devagar.

— Por quê você está com essa cara amarrada? Nem falou comigo — Diz. Ele se sentou na cama e ficou me olhando.

— Estou cansada e com sono, agora me deixa dormir. — Fui ríspida. Ele percebeu.

Depois da cena que vi essa noite, ele não tinha nem o direito de se deitar ao meu lado.

Já faz um tempo que descobri sobre as traições do Enrico, mas ver com meus próprios olhos é outra coisa. Sinto uma enorme tristeza, me sinto enganada, e incapaz.

— Eu quero um filho — Diz retirando os sapatos.

— Peça a uma de suas amantes, não te darei filho algum — Sei que vou me arrepender de desafiá-lo dessa forma, mas sou sincera não darei filho algum a esse desgraçado. Quando o conheci eu sabia apenas que ele era um grande empresário, herdeiro de uma das maiores fortunas deste país. Ele soube me conquistar direitinho e me apaixonei, só agora consigo ver sua verdadeira face.

Enrico como filho mais velho, assumiu os negócios da família logo após a morte do pai, seu irmão do meio Mauro é seu assessor na empresa, Matteo o caçula nunca se interessou pelo negócio da família e passa a vida viajando, estou a dois anos casada com Enrico e só o vi uma vez.

— Você é minha mulher! — Grita. — Tem obrigações comigo, eu quero um filho, já tenho trinta e cinco anos — Ignoro ele. Sinto o colchão se afundar quando ele se deita ao meu lado. O assunto é encerrado ali. Enrico não sabe, mas a seis meses tomo injeção para não engravidar, quando nossas brigas começaram a ficar frequentes, e ele cada vez chegando em casa mais tarde. Eu) descobri suas traições, conversei com minha sogra e ela me levou a uma ginecologista de sua confiança.

Enrico nem sonha que ela me ajuda, minha sogra é uma verdadeira mãe para mim, somos amigas desde do dia que vim viver nessa casa, tê-la como aliada é um grande alívio.

Desperto com o sol entrando pela janela do meu quarto, Enrico não está mais na cama, agradeço por isso, não estou com disposição de começar meu dia brigando é exatamente o que aconteceria caso ele estivesse aqui. Saio da cama e abro a cortina da sacada, se tem uma coisa que eu amo nessa casa é o jardim e do meu quarto posso vê-lo perfeitamente. O dia estava lindo, um sol maravilhoso e um céu azul.

— Perfeito! — Digo. Vou até o banheiro e tomo um banho, visto um vestido elegante e saltos, prendo meus cabelos em rabo de cavalo e desço para tomar café. Chego à sala e minha sogra está sentada à mesa, já passa das oito da manhã, estranho ela estar tomando café a essa hora, geralmente ela é a primeira a acordar.

— Bom dia! — Lhe dou um beijo no rosto. — Perdeu a hora hoje?

— Bom dia Nina — Diz educada. — Você acredita que sim, a festa de ontem me deixou exausta — Comenta.

Dona Laura, minha sogra tem sessenta e cinco anos, mas não parece pois ela tem um espírito jovem. Quando vim para essa casa ela me recebeu de braços abertos, cuidou de mim e me ensinou tudo que eu sei sobre a alta sociedade, se hoje sou uma dama respeitada foi tudo graças à ela.

Me sento à sua frente e me sirvo de um copo de suco e uma fatia de bolo de banana. Enquanto faço meu desjejum, noto que ela está inquieta.

— Está tudo bem, Laura? — Pergunto. Ela esfrega a mão no peito e puxa o ar fundo.

— Não, sinto um incômodo no peito, meu braço esquerdo está dormente — Enquanto fala ela vai ficando pálida e com dificuldade para respirar. Ela aperta o peito fortemente e cai no chão, levanto rápido da cadeira e corro em sua direção.

— Socorro... Alguém... Socorro — Grito despertada. — Laura... Laura... Fala comigo... Socorro — Os funcionários da casa que estão de serviço aparecem correndo. O motorista de Laura entra correndo, ao ver o que está acontecendo, ele corre e pega o carro na garagem. Fomos para o hospital, Laura recebeu os primeiros socorros assim que chegou.

Aguardo angustiada na sala de espera enquanto Laura recebe atenção dos médicos. Silas fica ao meu lado me prestando apoio o tempo todo, pego meu celular em minha bolsa e digito o número de Enrico, o celular chama até cair na caixa postal.

— Atende Enrico — Falo aflita. Infelizmente ele tem esse defeito de não atender o telefone nunca, desisto de Enrico e ligo para Mariana esposa de Mauro, nem vou ligar diretamente para seu marido, pois sei que ele não vai me atender também, provavelmente está com Enrico.

Mariana demora um pouco para atender.

— Oi Nina, tudo bem? — Sinto um certo alívio ao ouvir sua voz.

— Mari... — Digo com a voz embargada — Dona Laura passou mal, estamos no hospital.

— Ela está bem? Meu Deus Nina, em qual hospital está? — Pergunta preocupada.

— Não sei, ela está com o médico, estamos no hospital central, vem ficar comigo, por favor.

Ando de um lado para o outro enquanto espero por notícias, insisto em ligar para Enrico, mas nada dele atender o celular. Ligo para a empresa e deixo um recado com sua secretária. Segundo ela, Enrico está em uma reunião com investidores. A vida dele é aquela empresa, sempre viajando para fazer negócios, um dos fatores do nosso casamento está arruinado além de suas traições, é seu trabalho.

Marina passa afobada pela porta do hospital, corro para abraçá-la. Deixo algumas lágrimas rolarem por meu rosto, a aflição de esperar por notícias de Laura estava me matando.

— Alguma notícia? — Pergunta.

— Nada ainda...

Alguns minutos se passam e o médico finalmente aparece com notícias.

— Laura sofreu um infarto, ela está em observação nesse momento, devido ao rápido socorro ela passa bem. Vamos observá-la nas próximas horas e ver se ela terá alguma sequela. Ela fará três dias de repouso absoluto, então sugiro que ela fique internada.

Meu coração b**e descompassado dentro do meu peito, minhas pernas estão bambas que mal consigo ficar de pé.

— Podemos vê-la? — Pergunto.

— Podem sim, só uma observação: Ela precisa de sossego, não pode sofrer emoções fortes, então cuidado.

Sou a primeira a entrar no quarto. Laura está acordada, seu rosto abatido e os olhos úmidos de lágrimas, engulo o nó em minha garganta para não chorar em sua frente, não quero que ela se emocione. Me aproximo e seguro sua mão.

— Laura... Como se sente? — Pergunto com a voz embargada. Não deixo nenhuma lágrima cair, seguro meu choro e dou um meio sorriso para ela. — Que susto a senhora me deu.

— Desculpe minha querida... Me sinto melhor agora, só estou cansada — Sua voz está muito fraca, ela pronuncia algumas palavras com dificuldade, seu rosto está abatido e cansado. Logo ela que não sai de casa sem maquiagem. Saio do quarto depois de alguns minutos, Marina entra em seguida e depois Silas, ele queria ver a patroa com quem trabalha a anos. Quando ele retorna, pede que eu entre novamente, pois Laura queria falar algo comigo. Entro no quarto e ela já está cochilando, a chamo com cuidado.

— Nina me faça um favor, eu quero ver o meu Matteo, meu filho... Na minha agenda tem um número, ligue para ele — Pede. Seus olhos se enchem de lágrimas quando fala no filho.

— Vou ligar Laura, não se preocupe, apenas descanse.

Saí do quarto do quarto apressada. Silas me levou para casa. Assim que chegamos vi o carro de Enrico parado em frente a piscina, suspirei fundo, não era possível ele ter chegado e não ter retornado minhas ligações, com certeza os funcionários contaram a ele o que aconteceu. Lutei com todas as minhas forças para acreditar que eu estava errada que meu marido não seria tão frio a esse ponto. Desci do carro e caminhei para dentro da mansão. Assim que entrei na sala vi Enrico sentado na poltrona em frente a lareira com uma taça de vinho na mão. Aquela cena é como um choque no meu corpo, sinto meu sangue congelar em minhas veias, uma raiva enorme consome meu corpo.

— Achei que passaria a noite no hospital — Fala assim que me vê. Então ele realmente já sabe. Me seguro ao máximo para não brigarmos, minha prioridade no momento é minha sogra e a saúde dela.

— Vim buscar uma coisa, já vou voltar, e você não vai ver sua mãe? — Seu olhar desvia do meu.

— Não, ela é forte — Ele toma um pouco do vinho em sua taça. Tenho vontade de pular em cima dele e socar seu rosto, mas não faço, apenas me afasto e vou até o quarto de Laura.

Me sento na cama e abro a gaveta de sua mesa de cabeceira, pego a agenda de capa simples e procuro pelo nome de Matteo, assim que encontro, coloco o número no meu celular. O telefone chama algumas vezes.

— Alô — A voz grave do outro lado da linha faz meu corpo todo arrepiar.

— Oi… aqui é a Nina, esposa do Enrico — Quase não consigo falar, estou nervosa.

— No que posso te ajudar, Nina? — Ele dá um ênfase no meu nome.

— Sua mãe não está bem, ela sofreu um infarto e está internada… Ela me pediu para te ligar, ela deseja te ver — A linha fica muda por alguns instantes. Chego a pensar que ele desligou o telefone, até que ouço sua voz novamente.

— Como ela está? — A voz dele está carregada de preocupação.

— Estável, se tudo correr bem, terá alta em três dias.

— Em uma semana estarei aí, Nina.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo