Camila Duarte O quarto estava mergulhado em uma penumbra silenciosa, e o único som era minha respiração irregular. Meus olhos ardiam pelas lágrimas derramadas, e minha cabeça latejava com o peso da verdade recém-revelada. Amber tentou me matar. Minha irmã. A única família que eu ainda tinha. A frase se repetia na minha mente como um eco cruel, me lembrando do abismo que existia entre nós. Ela não só desejou minha morte. Ela planejou. E eu não fazia ideia de por quê. Cruzei os braços, tentando abraçar a mim mesma, buscando um calor que não vinha. Sentia-me vazia, como se uma parte de mim tivesse se perdido junto com minhas memórias. Fechei os olhos e tentei lembrar. Tentei recordar qualquer momento de cumplicidade com Amber, qualquer conversa, qualquer sorriso. Mas tudo que veio foram fragmentos soltos, desconexos. Como páginas de um livro queimado, onde apenas cinzas restavam. Era frustrante. Eu queria lembrar. Queria entender. Mas a realidade era
Lorenzo Ricci A noite estava avançada quando subi as escadas em direção ao nosso quarto. O peso das últimas revelações pairava sobre mim, e eu sabia que Camila buscava respostas. Ao entrar, encontrei-a sentada na beira da cama, os olhos fixos em mim com uma intensidade que me fez estremecer. — Lorenzo, pode sentar aqui.— disse ela, a voz firme, mas com uma suavidade que só ela possuía. Assenti, aproximando-me lentamente. Sentei-me ao seu lado, sentindo o calor de sua presença tão próximo. Ela segurou minha mão, e o toque suave de seus dedos enviou uma onda de eletricidade pelo meu corpo. Meu coração acelerou, antecipando o que poderia vir a seguir. Camila inclinou-se, aproximando seus lábios do meu ouvido, e sussurrou: — Que tipo de esposo você quer que eu veja ao te ver? O que me esconde a verdade, ou o que diz absolutamente tudo? Senti um nó se formar em minha garganta. As palavras dela eram como uma lâmina afiada, cortando através das camadas de proteção que eu havia erguido.
Camila Duarte Ricci Após me abraçar ele levantou da cama e foi em direção a porta que estava entreaberta quando Lorenzo deu um passo à frente, prestes a sair do quarto. Meu coração disparou. Algo dentro de mim, um desejo profundo e instintivo, me impediu de deixá-lo ir. — Lorenzo… — minha voz soou mais rouca do que eu esperava. Ele parou. O silêncio pesou no ar, carregado de algo elétrico, como se estivéssemos presos em uma bolha de tensão prestes a explodir. — Esse é o seu quarto — continuei, levantando-me devagar da cama, sentindo a leve brisa noturna roçar minha pele exposta pela camisola de seda que eu usava. — Mesmo que eu não me lembre de nós dois… sinto algo aqui dentro — toquei meu peito — algo que me diz que você já esteve dentro de mim… tantas vezes. Os olhos dele, antes duros e cautelosos, escureceram. O ar ficou pesado. — Camila… — ele sussurrou meu nome como uma tensão e uma promessa ao mesmo tempo. — Eu não lembro de como é seu corpo nu — admiti, min
Camila Duarte Ricci Meus dedos se cravaram nos ombros dele quando senti sua ereção roçar exatamente onde eu mais queria. Um calor insuportável se espalhou por mim — uma necessidade primitiva que parecia ter sido adormecida junto com minha memória, mas agora despertava como um vulcão em erupção. — Lorenzo… — gemi, rebolando contra ele. — Eu quero você… agora. Seus olhos queimaram os meus. — Ainda não, minha linda — ele sorriu, aquele sorriso perigoso. — Primeiro, quero te ouvir gemer como nunca. Antes que eu pudesse responder, Lorenzo me girou novamente e me empurrou levemente até que eu estivesse de bruços sobre a cama. Meu coração disparou, minhas pernas vacilaram, mas a expectativa era avassaladora. Ele correu as mãos pela curva da minha coluna, descendo lentamente até segurar meus quadris com firmeza. Sua boca veio logo atrás, pressionando beijos molhados e mordidas suaves em cada pedaço exposto da minha pele. — Você é minha… sempre foi — ele murmurou, como se di
Lorenzo Ricci A manhã nasceu lenta, com o céu tingido em tons suaves de azul e dourado. O quarto ainda cheirava a nós ao desejo descontrolado da noite passada, às marcas visíveis que Camila havia deixado em minha pele e às que eu havia cravado nela, não só com meu toque, mas com a promessa silenciosa que pairava entre nós: ela era minha. Sempre foi. Abri os olhos devagar, absorvendo a visão dela adormecida ao meu lado. Camila estava nua, com a pele levemente marcada pelos meus dedos, os cabelos espalhados no travesseiro como uma moldura selvagem ao redor de seu rosto. Havia algo de vulnerável nela enquanto dormia uma fragilidade que parecia contradizer a mulher ousada que, poucas horas antes, gritava meu nome enquanto se entregava ao prazer que eu a obriguei a aceitar., após ela me provocar. Toquei seu rosto com a ponta dos dedos, traçando a linha de sua mandíbula, descendo pelo pescoço até a curva delicada do ombro. Um leve suspiro escapou de seus lábios entreabertos, e meu pei
Tom O cheiro da prisão é sempre o mesmo. Mofo, desespero e um toque azedo de suor impregnado nas paredes cinzentas. Caminho pelos corredores com o uniforme de um policial da solitária, as botas pesadas ecoando em cada passo que dou. Os outros guardas mal olham para mim, apenas um aceno breve, como se eu fosse apenas mais um deles. Amber está ali. Trancafiada como um animal selvagem, exatamente onde deveria estar. Mas isso não me traz satisfação. Não ainda. Eu seguro a bandeja de café da manhã ,um pedaço seco de pão e um copo de café morno, e paro diante da cela dela. O ranger da porta ao ser aberta expõe no silêncio sufocante. Amber está sentada no canto, as pernas cruzadas, a cabeça jogada para trás, encarando o teto como se tudo fosse um grande tédio para ela. O cabelo desgrenhado cai sobre o rosto, mas quando me vê, seus lábios se curvam em um sorriso lento, venenoso. — Finalmente um rosto novo. — A voz dela é rouca, sarcástica. — O que houve? Meus pedidos de café com
Camila Duarte O sol da tarde entrava pelas janelas do meu quarto, pintando as paredes com tons dourados enquanto eu dobrava um biquíni azul-claro e o colocava dentro da mala aberta sobre a cama. O cheiro de maresia já parecia impregnar minha mente só de pensar na casa de praia. Fazia tempo… tempo demais desde que eu tinha estado em uma praia, a última lembrança que eu tinha era de quando era criança e fui a praia, com pais adotivos que tive no Brasil, o calor, as ondas, o cheiro da areia. Ester estava sentada no tapete felpudo, com uma pilha de roupas ao seu lado, dobrando cada peça com uma calma invejável. Entre uma dobradura e outra, ela me olhava de lado, um sorriso brincando nos lábios como se estivesse à beira de dizer algo, mas segurando as palavras. — O que foi? — perguntei, arqueando uma sobrancelha. Ela riu baixinho. — Só estava pensando… a última vez que você esteve naquela casa de praia foi com o Lorenzo. Minhas mãos congelaram no zíper da mala. O nome dele sem
Camila Duarte Ricci A noite já tinha caído sobre a mansão quando a campainha soou, ecoando pelos corredores silenciosos. Eu estava na sala de estar, ajeitando uma manta sobre o sofá, quando me virei para Lorenzo, que estava ao lado da lareira, girando um copo de uísque nas mãos. — Você convidou alguém? — perguntei, franzindo a testa. Ele sorriu de lado, aquele sorriso misterioso que sempre me deixava em alerta e um pouco fascinada, antes de dar um gole na bebida. — Você vai ver. Antes que eu pudesse insistir, a porta se abriu e, para minha surpresa, Theo surgiu ali, com um sorriso largo. — Tom! — O abracei sem pensar duas vezes. O calor familiar daquele abraço trouxe uma sensação reconfortante, como se uma parte esquecida de mim ainda soubesse exatamente quem ele era. — É tão bom ver você. — Igualmente, Camila. — Ele me soltou, mas seus olhos me estudaram, como se tentassem decifrar o que eu lembrava e o que eu não lembrava. Anny e Miguel, os pais de Lorenzo, vie