Isabella Duarte Ricci Derick me seguiu e abriu a porta do carro para mim. Entramos, e o silêncio se instalou por alguns instantes. Meu peito subia e descia rapidamente. Eu ainda sentia a adrenalina da discussão. — Você está bem? — Derick perguntou, finalmente. — Claro. Ótima. — Respondi, de forma sarcástica. Ele sorriu, balançando a cabeça. — Você não deveria se irritar tanto com ele. Soltei uma risada sem humor. — Ah, sério? Ele age como se eu fosse um problema, como se eu não importasse, e eu não deveria me irritar? Derick suspirou. — Eu sei que parece que ele é um babaca. — Ele é um babaca. — Mas ele é meu irmão. E eu conheço ele melhor do que ninguém. Cruzei os braços, esperando que ele continuasse. — Dimitri não sabe como ser feliz, Isabella. Ele não acredita que merece isso. Minha garganta secou. — E por que ele pensaria isso? — Porque ele nunca aprendeu a ser diferente. Desde que éramos crianças, ele sempre colocou barreiras ao
Dimitri Carter Ver Isabella depois de três meses foi como um soco no estômago. Mas vê-la com meu irmão foi pior. Meu sangue ferveu. Eu nunca tive controle sobre muitas coisas na vida, mas Isabella era minha ou pelo menos deveria ser. E, no entanto, ela estava ali, sentada com ele, sorrindo, conversando como se eu não existisse. Como se ela nunca tivesse gritado comigo, implorado para que eu a deixasse entrar no meu mundo. E eu a deixei ir. Não. Eu a expulsei da minha vida.Então por que isso estava me irritando tanto? A raiva estava misturada com outra coisa. Algo que eu não queria nomear, mas era ciúme. Apertei os punhos, respirando fundo. Natasha, a mulher que me acompanhava, olhou para mim, confusa. — Dimitri, está tudo bem? Não respondi. Ela parecia ainda mais linda do que eu lembrava. Seu cabelo estava solto, e aqueles olhos desafiadores ainda carregavam o brilho que sempre me tirava do eixo. Mas agora, ela havia saído com o Derick. Minha visão escureceu
Isabella Duarte Ricci O gosto de Dimitri ainda estava nos meus lábios quando a realidade me atingiu como um soco. Só que, dessa vez, foi eu quem o acertei primeiro. Minha mão se fechou em um punho firme, e antes que pudesse hesitar, meu soco acertou em cheio o rosto dele. O impacto foi forte, e Dimitri cambaleou um passo para trás, levando a mão ao maxilar. — Droga, Isabella! — Ele resmungou, massageando o local. Meus pulmões ardiam, o peito subia e descia rápido, e eu sentia uma mistura de raiva, frustração e algo que eu me recusava a nomear. — Eu não gosto mais de jogar com você, Dimitri — cuspi as palavras, minha voz carregada de rancor. — Se veio até aqui achando que pode aparecer e me beijar como se nada tivesse acontecido, está enganado. Ele ergueu os olhos para mim, e eu odiei o que vi neles. Não era arrogância, nem aquele olhar convencido de sempre. Era algo diferente. Algo que me fez sentir como se estivesse prestes a cair em um abismo. — Eu não estou jogando —
Isabella Duarte Ricci A casa estava silenciosa quando entrei. Apenas o som dos meus próprios passos ecoava pelo chão frio, misturado ao leve zumbido do vento que entrava pela janela da sala. Minha cabeça estava um caos. As palavras de Dimitri ainda ressoavam dentro de mim como um eco insistente, e meu coração parecia dividido entre a razão e o desejo. Sem pensar muito, segui para a cozinha. Minha garganta estava seca, e talvez a água aliviasse a tensão que queimava dentro de mim. Mas, ao entrar no ambiente iluminado apenas pela luz da geladeira, vi que não estava sozinha. Ares, meu tio, estava ali, sentado à mesa com um copo de café nas mãos. Ele me observou por um instante antes de quebrar o silêncio: — Você está bem? Eu queria dizer que sim. Queria afirmar que tudo estava sob controle, mas não podia mentir para Ares. Ele sempre foi a pessoa que enxergava através de mim, que conseguia ver minhas dores mesmo quando eu tentava escondê-las. Soltei um suspiro pesado e apoiei as mã
Dimitri Carter O cheiro forte do café fresco se misturava ao aroma amadeirado do ambiente, criando uma atmosfera confortável na mansão. Sentado à mesa, eu saboreava meu café da manhã com uma satisfação que não sentia há muito tempo. O pão estava crocante, o café amargo na medida certa e, acima de tudo, eu estava de excelente humor, o que era raro de acontecer. Derick então se aproximou, ainda sonolento, e sentou-se pesadamente na cadeira ao meu lado, esfregando os olhos, era maravilhoso ter meu irmão por perto, e eu me sentia bem. — O que aconteceu com você? — ele resmungou, pegando um copo e servindo de suco de laranja. — Você está sorrindo demais para um cara que sempre reclama das manhãs. Eu ri baixinho, recostando-me na cadeira enquanto tomava outro gole do café. — Pedi Isabella em namoro. O silêncio pairou no ar por um segundo antes que Derick cuspisse o suco que acabara de beber, espalhando pequenas gotas pela mesa. — O que você fez, cuidado! — Isso é sério? — ele p
Isabella Duarte Ricci Chamei quatro dos meus capangas e fiz uma proposta direta: — Quem encontrar o cartão que veio em um dos buquês ganhará o triplo do salário nesta manhã. Os olhos deles brilharam. Em um ambiente onde a lealdade era essencial, um incentivo assim só aumentava a motivação. Eles começaram a revirar as flores com rapidez, mas a notícia correu tão depressa que, quando voltei depois de dez minutos, cerca de doze pessoas já estavam envolvidas na busca. Cruzei os braços e observei a cena, tentando conter um sorriso. Era engraçado ver como um simples cartão havia se transformado em um pequeno evento na mansão. O tempo passava e nada. O relógio já marcava quase vinte minutos quando a cozinheira encontrou o cartão e veio até mim, estendendo-o como se fosse um troféu. — Senhora Isabella, acho que isso é o que está procurando. Peguei o cartão, olhei para ela e disse: — Me acompanhe até o escritório. Ela me seguiu, e assim que entramos, peguei um envelope com dinh
Isabella Duarte Ricci Eu aceitei namorar com o Dimitri, mas naquele momento eu sabia que teria que esconder algo dele sobre aquele dia no hotel, também não estava pronta para dizer que eu estava grávida, minha mente estava tão confusa, quanto toda situação que estaria por vir com eu e minha irmã grávida. Cheguei em casa sentindo uma leveza que há muito tempo não experimentava. Meu coração ainda batia acelerado com o pedido de Dimitri. Parte de mim queria se entregar por completo a ele, esquecer todo o resto e simplesmente ser feliz ao seu lado. Mas havia outra parte, uma que eu tentava ignorar,que me lembrava de algo que poderia mudar tudo, a minha irmã Aurora. Minha irmã.Que por muito tempo foi minha melhor amiga. A mulher que estava esperando um filho… e eu sabia que aquele bebê havia sido concebido naquele hotel, mas eu não tinha tanta certeza, já que para ela, o bebê era do Theo. Subi as escadas em silêncio, sentindo meu peito apertar. O que eu faria se Dimitri descobrisse?
Isabella Duarte Ricci Após receber alta do hospital, eu quis fugir e fui para onde eu poderia me punir. Arrumei a mala e no dia seguinte eu viajei para o Brasil, onde a Aurora estava morando atualmente. Desde que deixei a Itália, me escondi nos braços da minha irmã, fingindo que estava ali para ajudá-la, quando, na verdade, estava fugindo. Fugindo da dor. Fugindo da culpa. Fugindo da verdade que poderia mudar tudo. Dimitri me ligava todos os dias. Sua voz rouca e cheia de saudade sempre me fazia fechar os olhos e me segurar para não ceder, para não contar tudo, para não deixar escapar o peso que eu carregava. Ele achava que eu estava no Brasil para apoiar Aurora, e em partes, isso era verdade. Mas a maior verdade era que eu não conseguia olhar para ele sem lembrar do bebê que nunca conheceríamos. Aurora estava no sexto mês de gestação. Seu corpo já carregava as marcas da maternidade, sua barriga arredondada e os olhos brilhantes cheios de expectativas para o futuro. Ela não