Bruno estava em uma situação extremamente difícil, mas eu não tive coragem de olhar para trás.
Temia ver seu rosto pálido, com aqueles olhos escuros perdendo completamente o brilho.
Com o pouco de racionalidade que me restava, chamei uma enfermeira, sem sequer pensar se uma enfermeira tão pequena conseguiria ajudar um homem tão alto. Saí do hospital em meio ao desespero, o mais rápido que consegui.
As pétalas laranjas tremulavam ao vento.
Além do túmulo dos meus pais, não sabia aonde ir para chorar livremente.
Adultos pareciam assim: até para chorar, precisavam de uma razão, de um lugar adequado. Acreditei que conseguiria me libertar completamente.
Mas quando realmente me encontrei de joelhos diante do túmulo deles, a intensidade da minha raiva e da minha angústia se tornaram suaves. O mais triste era que parecia que eu havia perdido a capacidade de chorar.
Ou talvez essa relação disfuncional com Bruno fosse algo que eu não me atreveria a contar aos meus pais, restando-me apenas