Capítulo 8

Lizzie

Não estava entendendo nada dessa aproximação súbita. O que ele queria de mim? Percebi que quem era no telefone era a “namorada” dele, e logo em seguida, Greg foi para o quarto. Cada vez que ela ligava, eu sentia uma coisa estranha dentro de mim, como uma vontade enorme de tirar o telefone das mãos dele.

Algumas semanas passaram. Depois daquela nossa dança, nada comparado àquilo aconteceu. Acho que ele queria se manter distante. Tentei parecer indiferente da mesma forma que ele. Aquele sentimento que estava tendo em relação a ele com Tess, piorava a cada dia. Toda vez que os encontrava na faculdade, estavam se beijando ou de mãos dadas. Tentava disfarçar, tirar o olhar que lançava neles, mas nunca conseguia. Cada vez que via uma cena

como aquela, me sentia mais e mais sozinha.

A melhor coisa era poder sumir em meus pensamentos no iPod. Tentava esquecer que ele vivia no mesmo cômodo que o meu. A maioria das sextas-feiras eu o via chegar. Ficava rolando na minha cama, tentando pegar em um sono que não existia enquanto ele tomava banho, trocava de roupa e deitava na cama ao lado da minha. Por incrível que pareça, eu estava voltando a me sentir sozinha, voltando para o buraco, voltando a sofrer. Agora, a única coisa que eu fazia era navegar na internet e fazer trabalhos da faculdade.

Depois do que “quase” aconteceu entre nós, nossa relação estremeceu. Trocávamos poucas palavras e tinham dias que nem a via direito. A única coisa que me deixava mal era que meu aniversário estava chegando e queria que ela estivesse de bem comigo, mas como poderia abordar a situação? “Lizzie, me desculpe por quase ter te beijado no dia que dançamos, tem como voltarmos a ser

o que éramos antes?” Não era uma coisa que eu poderia fazer facilmente.

Meus outros amigos estavam querendo me levar para a boate de sempre, para comemorar meu aniversário. Queria que Lizzie estivesse lá comigo, mas tenho certeza de que quando comentar, ela vai dizer que não está preparada para isso e que meus amigos não gostam dela, aposto. Já era de noite e cada um estava em sua respectiva cama, sem trocar uma palavra. Até agora.

- Lizzie, não sei se você sabe, mas amanhã é meu aniversário.

- Jura? – ela continuou digitando no notebook.

- É... Os garotos tão querendo me levar na boate para comemorar, mas eu queria que você fosse comigo. – já tava esperando a negação.

- Tudo bem, eu vou. Não vou deixar seu aniversário passar em branco.

- Você vai mesmo? E a parte dos “seus amigos não gostam de mim”? Você esqueceu de falar?

- Bom, se você quiser que eu não vá, é só dizer.

- Se eu não tivesse falando agora, então você poderia considerar que não queria sua presença.

- Tá bom, sem problemas. Será na boate que você vai sempre?

- Isso mesmo. Você sabe onde é? – fiquei surpreso em saber disso.

- Posso não sair do dormitório, mas não sou alienada.

- Ok, desculpe... – me cobri e virei para o lado oposto ao dela. Lizzie levantou e foi até seu armário, tirando uma caixa e levando até a cama. Me arrependi de ter ficado de costas para ela. Fiquei tão curioso que tive que perguntar. – O que é isso?

- Um anel meu... Parei de usá-lo desde o acidente e não sei por quê. Acho que não

me sentia forte o suficiente para conseguir colocá-lo no dedo de novo.

- Esse anel...

- Sim, foi o Brad que me deu.

- Como você está se sentindo em relação a isso do anel?

- Esses dias, eu fiquei pensando bastante... Fiz algumas mudanças e essa é uma delas.

- Que bom que você se sente bem para isso.

- É... Também acho. – ela pegou o anel e colocou no dedo anelar direito. – É de pedra turquesa, minha favorita.

- Aposto que o Brad comprou com todo o amor dele...

- Nem fala! Lembro que ele ficou economizando por meses para me dar esse anel. Era caro na época.

- É lindo, ele teve bom gosto.

- Claro! Ele namorava comigo! – ela riu sozinha. – Nós éramos o casal mais lindo da escola. Sei que é estranho pensar em como eu era antes, mas por incrível que pareça, eu era bonita.

- Você ainda é bonita. – aquilo foi completamente verdade, ela só se escondia um pouco das pessoas ao seu redor.

- Uma pessoa que não corta realmente o cabelo há dois anos e não se importa com o que veste é uma pessoa bonita? Você é meu amigo, mas não precisa mentir.

- Não estou mentindo pra você. Por que simplesmente não pode acreditar?

- Esquece, vou dormir. – ela continuou com o anel no dedo e colocou a caixa de volta no armário.

- Lizzie. – levantei rápido da cama e parei em sua frente, segurando a porta do armário. – Quero falar com você.

- Você já não está falando?

- Sim, mas você tem estado estranha comigo... Queria entender porquê.

- Não estou estranha, só estou na minha.

- Você tá assim desde o dia que dançamos! Poxa, me desculpe se fiz alguma coisa de errado, só não quero ficar nesse clima com você!

- Você não fez nada errado, não sei por que está pensando nisso. – percebi que ela estava meio nervosa.

- Tá bom, você entendeu o que quis dizer. Sei que você não estava pronta para se aproximar de um homem da forma que eu me aproximei, mesmo sendo esse homem, seu melhor amigo. Então, estou pedindo desculpas por isso, por ultrapassar o limite que você sempre impôs. Era só isso.

- Tudo bem... Você não tem culpa. Só não acho certo a gente ficar “dançando” da forma que fizemos e com você tendo uma namorada. – por que ela sempre gostava de falar que eu namorava?

- Poxa... Só queria que você simplesmente entendesse que eu não namoro com a Tess.

- Você está com ela há mais de um mês. Isso não é namoro?

- Não Elizabeth, não é um namoro! Você fala isso porque não fica com um cara há anos!

- Você é um estúpido! Da mesma forma que consegue ser um cara agradável, você consegue ser insuportável. Licença. – ela saiu de minha frente e deitou na cama.

- Eu, insuportável e estúpido? Você que toda hora fala alguma coisa da Tess e de mim!

- Se eu falo e você se incomoda é porque alguma coisa tem!

- Se você não percebeu, quem fica incomodada é você!

- CALE A BOCA! Chega disso! Cansei de você me criticar e julgar! – ela deitou na cama e se cobriu até a cabeça.

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