Alexander hesitou. Por um instante, parecia que não aceitaria. Mas então, com um suspiro longo e resignado, ele assentiu. — Tudo bem. Amanhã cedo mando um carro buscar você. Espero você na mansão. Ele se aproximou, como se fosse beijá-la de novo, mas Liz virou o rosto, fria, determinada. — Boa noite, Alexander. Relutante, ele saiu. Liz fechou a porta atrás dele com as mãos trêmulas. Só quando ouviu seus passos sumirem no corredor, desabou no chão. Chorou, mas não por arrependimento. Chorou por raiva. Por dor. Por ainda ama-lo ,apesar de tudo ,mas não ia voltar a viver com ele desconfiando dela como sabia que ele desconfiava e ainda mais com ele duvidando que o filho que espera é dele ,mesmo que ela tenha mentido para ele ,mas desde o começo ela sempre esperou que ele acredita-se que filho que espera é dele. Ela sabia o que precisava fazer. Levantou-se como se um peso a empurrasse para baixo. Sabia que se não fosse naquela hora, não teria coragem. Era agora ou nunca. Corr
Ele respirou fundo, mas ainda assim não disse nada. Era impossível negar. Dona Ana estreitou os olhos. — O senhor errou. E feio. Porque aquela menina te ama. Bastava ter dado o que ela esperava de você: amor. Confiança. Ela te entregou o coração, e você devolveu com desconfiança e controle. Alexander abaixou o olhar. Aquilo doía mais do que qualquer acusação formal em tribunal. — Vai nos expulsar daqui agora? — ela perguntou, erguendo o queixo, desafiadora. Ele balançou a cabeça devagar. — Não. Não vou. Pelo contrário… estou doando este lugar para vocês. Em agradecimento. Dona Ana o encarou, surpresa. Antes que pudesse responder, a porta se abriu. O advogado de Alexander entrou, trazendo uma pasta de documentos em mãos. — Está tudo aqui — disse, entregando o envelope a Alexander . — A transferência oficial do imóvel para o nome da senhora Ana e do senhor José. Alexander assinou ali mesmo, diante deles. E então, como se o peso aumentasse, sentou-se em uma das cadeiras do salã
A luz do sol atravessava as frestas da cortina pesada do quarto. O relógio marcava quase onze da manhã quando Alexander abriu os olhos, a cabeça latejando como se martelassem seu crânio por dentro. Ele gemeu, levando a mão à testa. Estava tonto. A garganta seca. O gosto amargo do uísque ainda presente. Mas o que realmente fez seu corpo congelar foi a sensação de algo — ou alguém — ao seu lado. Virou-se lentamente… e o mundo parou. Tamara estava deitada nua ao seu lado, os cabelos soltos sobre o travesseiro, os lençóis levemente abaixados, revelando parte dos seios. O lençol, manchado de sangue. Alexander piscou, descrente. O coração acelerando. — O que... — murmurou, se sentando bruscamente, puxando os lençóis para cobrir o próprio corpo. — O que diabos é isso? Tamara acordou "lentamente", encenando surpresa e timidez. Cobriu o peito com o lençol e sussurrou: — Bom dia... Achei que tinha apenas sonhado ,mas agora eu sei que dói verdade os momentos lindos que comparti
Elizabete Vasconcelos — ou simplesmente Liz, como todos a chamavam — vagava pelas ruas de São Paulo como uma alma penada, com o corpo frágil coberto por roupas sujas e os pés descalços e feridos. A fome queimava seu estômago, a sede ressecava sua boca, e o frio da madrugada cortava sua pele como lâminas. Mas nada doía mais do que a rejeição. Nada era mais cruel do que ter sido jogada no mundo por aqueles que deveriam amá-la incondicionalmente.Filha única de uma família rica e tradicional, Liz crescera sob a vigilância implacável de dois carrascos: sua mãe, uma fanática religiosa obcecada pela aparência de santidade, e seu pai, um ex-sargento do exército, severo, inflexível e completamente insensível a qualquer emoção.Seu “pecado”? Ter engravidado aos 19 anos. Uma gravidez que nem sequer foi desejada. Um acidente. Um deslize cometido em um momento de ingenuidade com o homem que jurava amá-la. Lúcio.Eles tinham usado preservativo. Mas estourou. E com ele, estourou também a ilusão de
Ela cambaleava como um fantasma à deriva, um vulto perdido entre buzinas, luzes de farol e vitrines iluminadas que contrastavam cruelmente com sua escuridão. A cidade estava viva. Mas ela… estava morrendo.Tinha perdido tudo.O amor. A dignidade. O respeito. E agora… seu bebê.— Por favor… alguém… — murmurava, a voz arrastada, sumida pelo vento. — Me ajuda…Mas ninguém parava.Até que, ao tentar atravessar uma avenida movimentada, suas pernas falharam de vez. O som de pneus cantando no asfalto, o grito de um motorista, uma buzina estridente.E então, escuridão.Mas antes de desmaiar, seus olhos ainda conseguiram captar um único detalhe.O rosto dele.Tão irreal que por um instante achou que fosse a própria morte em forma de anjo.Olhos intensos, azul profundo como o céu antes da tempestade. Cabelos escuros, molhados pela chuva, grudando na testa. Maxilar marcado. Sobrancelhas contraídas em preocupação. Ele era o homem mais lindo que Liz já vira — e o último que imaginou que veria naqu
Desde então, Alexander se trancou para o amor. Nunca mais quis amar, nunca mais quis arriscar. Para ele, se casar de novo era o mesmo que trair o sacrifício de Julia. Era colocar outra mulher em seu lugar, algo que ele jurou jamais fazer.Mas nem todos pensavam assim.Seus pais e os pais de Julia insistiam para que ele seguisse em frente, refizesse a vida, desse à filha uma figura materna. Para seus sogros, a escolha ideal era óbvia: Tamara, a irmã mais nova de Julia.Bonita, educada, doce. Tamara sempre esteve por perto. A família via nela a sucessora natural da irmã — mas Alexander não a via com olhos de homem. Ela era apenas... Tamara. Uma amiga leal. Nada mais.Mesmo assim, os sogros foram além. Entraram com um pedido judicial de guarda de Adélia. A alegação? Que ele, um bilionário extremamente ocupado, não era capaz de oferecer à filha o lar e a atenção de que ela precisava.Aquilo o abalou profundamente.A ideia de perder Adélia o fez considerar o impensável. Talvez fosse hora d
Depois de um momento de silêncio Liz resolve falar novamente.. — Eu… eu sei quem o senhor é — murmurou Liz, baixando o olhar, envergonhada. — Já vi seu rosto em várias revistas. O CEO bilionário… o gênio da tecnologia. O homem mais poderoso do Brasil. Ela falou com uma mistura de admiração e incredulidade, como se não compreendesse como alguém tão distante de sua realidade poderia estar ali, ao seu lado, se importando com ela. Alexander sorriu de leve, tentando quebrar a tensão que ela parecia carregar nos ombros frágeis. — Prefiro que me chame só de Alexander. O fato de ter dinheiro não me torna menos humano, Liz. E, sinceramente… se as pessoas não se importaram com você, talvez seja porque perderam a humanidade há muito tempo. Os olhos dela se encheram de lágrimas. Não por tristeza, mas pela gentileza inesperada que lhe aquecia o peito. Era a primeira vez, em muito tempo, que alguém falava com ela como se ela ainda tivesse valor. — Como… como uma jovem como você foi parar nas
Liz discou com dedos trêmulos, o coração disparando como se uma parte dela ainda acreditasse. Mas tudo o que ouviu foi uma voz mecânica e fria: “O número que você chamou está desligado ou fora da área de cobertura.”Tentou de novo. Mais três vezes. Nada. O mesmo silêncio doloroso. A mesma ausência. A esperança foi dando lugar à humilhação, ao cansaço de confiar.— Eu sou mesmo uma idiota — murmurou, devolvendo o celular a Valéria. — Acreditar em homem de novo... eu sou uma burra.— Ei, não fala assim. Você só é boa demais. E gente boa demais sempre espera o melhor dos outros.Valéria era uma mulher de quarenta anos, enfermeira há décadas, com um coração enorme e um olhar cheio de compaixão. Quando soube que Liz não tinha pra onde ir, ofereceu sua casa. Um pequeno apartamento onde, de tempos em tempos, seu namorado Afonso dormia algumas noites,o que deixou Liz apreensiva ,achando que ia lhe atrapalhar e então ela lhe falou sobre isso.— Ele não fica lá direto, só às vezes. Você pode us