Liz fechou os olhos por um instante e, inevitavelmente, a imagem de Lúcio invadiu sua mente. O homem por quem ela havia chorado, confiado, se entregado. E que a traiu da forma mais cruel possível. Liz havia prometido a si mesma que nunca mais entregaria seu coração a ninguém. Que nunca mais se colocaria na posição de ser ferida. E quando aceitou o acordo com Alexander, achou que estava segura. Que seria apenas isso: um contrato, um papel... e algumas noites em sua cama. Mas como resistir? Como proteger o coração quando ele a envolvia com aqueles olhos gélidos e ao mesmo tempo tão intensos? Como não se perder naquele toque firme, na voz rouca, na forma como dizia que ela era linda mesmo quando estava furioso? Cada noite nos braços dele tinha quebrado um pedaço de sua armadura. Cada vez que ele sussurrava seu nome, cada beijo roubado no escuro, cada arrepio provocado por suas mãos... tudo isso estava fazendo Liz se esquecer de suas promessas. “Não era para acontecer assim,” pensou,
A mente dele estava a mil, como um tabuleiro de xadrez onde cada movimento errado poderia significar sua ruína. “E se ela contar para ele?Isso se já não tiver contado ..." O pensamento veio como uma punhalada no estômago. Liz com certeza sabia que Alexander era o dono da empresa em que Elf trabalha.. E agora, ela era a esposa dele. Agora ela era esposa do homem mais temido do país. Bastava uma palavra. Uma insinuação. Um pedido... e ele estaria fora. “Ela não seria capaz disso... seria?” Mas ao lembrar o olhar que Liz lhe lançou — aquele olhar frio, superior, calculado — ele soube. Seria, sim. — Ela vai me destruir — murmurou, sentindo o pânico subir pela garganta. — O quê? — Carla virou-se, franzindo a testa. — Do que está falando? — Nada. Só... cala a boca, Carla. Só fica quieta. Ela arregalou os olhos, ofendida, mas decidiu não retrucar. Sabia que algo o estava assustando. E odiava não saber o quê. Alexander Salvatore... Se ele souber do que aconteceu... se ela contou s
A limusine atravessou os portões da imponente mansão Salvatore sob o brilho das luzes douradas e dos flashes incessantes dos fotógrafos. O casarão estava decorado com flores brancas e tons dourados, exalando luxo e imponência. Liz sentia-se pequena diante de tudo aquilo, mas manteve a postura. Ombros erguidos, queixo erguido. Ela não podia fraquejar agora. Alexander a ajudou a sair do carro com gentileza, como um cavalheiro. Seus olhos se encontraram por um breve segundo, e Liz sentiu o coração apertar no peito. Ainda havia calor no toque dele, ainda sentia o gosto do beijo que haviam compartilhado no altar. Aquele homem era um enigma perigoso, e cada vez mais ela se via atraída por ele e o mais perigoso era que ela estava apaixonada por ele, mesmo sabendo que esse casamento era apenas um contrato. Quando entraram na mansão, a recepção já estava a todo vapor. Convidados importantes — empresários, políticos, figuras influentes — brindavam ao casal. Alexander manteve-se ao lado dela
— Posso te fazer uma pergunta, Liz? — ele disse, ainda com o sorriso no rosto, mas o tom mais grave. Ela assentiu, sem perceber a armadilha na suavidade da voz dele. — O que exatamente você fazia conversando com seu ex? O golpe a pegou de surpresa. Liz congelou por um segundo, mas manteve a postura. Os pés ainda dançavam, mas o corpo já estava em alerta. — Nada que valha a pena te dizer. — ela devolveu, seca. — Uma das regras do nosso acordo, se lembra? — Ele aproximou o rosto ainda mais do dela, os olhos faiscando. — Me respeitar. Evitar escândalos. E você conversa com ele, afastada de todos, como se estivessem num reencontro romântico. Liz empalideceu, o sangue fervendo. Liz empalideceu, o sangue fervendo. — Eu não o procurei, por mim eu nunca mais veria o Lúcio na minha frente — ela disse entre dentes, tentando controlar a fúria que borbulhava por dentro. — Ele veio até mim. E não, não ia desperdiçar a chance de esfregar na cara daquele canalha que eu venci. Q
Ele não disse nada de imediato. Apenas inclinou a cabeça e começou a beijar seu pescoço com uma lentidão torturante, fazendo seu corpo se arrepiar inteiro. Liz fechou os olhos, mordendo o lábio inferior, tentando manter algum resquício de controle. Mas era inútil. Ele a envolvia completamente — físico e emocionalmente. — Eu queria ter tido o privilégio de despir você do seu vestido de noiva — ele murmurou, a voz rouca vibrando contra sua pele. Ela sentiu quando o corpo dele, grande e musculoso, se pressionou contra o dela. E sentiu também, sem a menor dúvida, o quanto ele estava excitado. Uma corrente elétrica passou entre os dois, arrepiando cada fibra do seu ser. Alexander deslizou as mãos da cintura de Liz até seus seios, os envolvendo com firmeza, sem pressa, como se quisesse memorizar cada curva dela. Um gemido baixinho escapou dos lábios de Liz, traiçoeiro, arrancado de sua alma. Ela segurou as mãos dele por um instante, tentando deter o avanço, tentando ser racional
Liz sorriu contra a pele dele, fechando os olhos. E no fundo, ela sabia que não importava o que o acordo dizia. Porque ela já era dele. Corpo, coração e alma. Alexander, por sua vez, sentiu algo apertar dentro do peito ao ver o jeito como Liz corava, como tremia levemente ao seu toque, mesmo tentando disfarçar. Um sentimento estranho, quase feroz, tomou conta dele. Um sentimento de posse, de pertencimento. Como se ela já fosse parte dele. Mas ele também tinha suas próprias defesas. Não podia se permitir amar. Não podia trair a promessa silenciosa que havia feito à sua falecida esposa: jamais dar seu coração a outra mulher. Talvez por isso, depois de momentos tão intensos, ele também criava uma barreira invisível entre eles. Se tornava um pouco mais frio, um pouco mais distante, como se quisesse colocar limites ao que começava a transbordar. Forçando um sorriso mais descontraído, Alexander deslizou as mãos pelos braços dela e falou: — Agora, minha linda esposa, vamos to
Elizabete Vasconcelos — ou simplesmente Liz, como todos a chamavam — vagava pelas ruas de São Paulo como uma alma penada, com o corpo frágil coberto por roupas sujas e os pés descalços e feridos. A fome queimava seu estômago, a sede ressecava sua boca, e o frio da madrugada cortava sua pele como lâminas. Mas nada doía mais do que a rejeição. Nada era mais cruel do que ter sido jogada no mundo por aqueles que deveriam amá-la incondicionalmente.Filha única de uma família rica e tradicional, Liz crescera sob a vigilância implacável de dois carrascos: sua mãe, uma fanática religiosa obcecada pela aparência de santidade, e seu pai, um ex-sargento do exército, severo, inflexível e completamente insensível a qualquer emoção.Seu “pecado”? Ter engravidado aos 19 anos. Uma gravidez que nem sequer foi desejada. Um acidente. Um deslize cometido em um momento de ingenuidade com o homem que jurava amá-la. Lúcio.Eles tinham usado preservativo. Mas estourou. E com ele, estourou também a ilusão de
Ela cambaleava como um fantasma à deriva, um vulto perdido entre buzinas, luzes de farol e vitrines iluminadas que contrastavam cruelmente com sua escuridão. A cidade estava viva. Mas ela… estava morrendo.Tinha perdido tudo.O amor. A dignidade. O respeito. E agora… seu bebê.— Por favor… alguém… — murmurava, a voz arrastada, sumida pelo vento. — Me ajuda…Mas ninguém parava.Até que, ao tentar atravessar uma avenida movimentada, suas pernas falharam de vez. O som de pneus cantando no asfalto, o grito de um motorista, uma buzina estridente.E então, escuridão.Mas antes de desmaiar, seus olhos ainda conseguiram captar um único detalhe.O rosto dele.Tão irreal que por um instante achou que fosse a própria morte em forma de anjo.Olhos intensos, azul profundo como o céu antes da tempestade. Cabelos escuros, molhados pela chuva, grudando na testa. Maxilar marcado. Sobrancelhas contraídas em preocupação. Ele era o homem mais lindo que Liz já vira — e o último que imaginou que veria naqu