O relógio de parede marcava 18h20 quando Lara finalmente fechou a última pasta sobre a mesa. Seus dedos estavam dormentes, os olhos ardiam e a cabeça latejava, mas o coração ainda batia acelerado pela montanha-russa de emoções que vivera desde a manhã. Trabalhar ali era como caminhar sobre uma corda bamba — cada passo poderia significar um tombo doloroso ou a chance de permanecer firme.
A sala estava mergulhada em penumbra. A luz do entardecer atravessava as enormes janelas e pintava as paredes de dourado e laranja, como se quisesse suavizar a frieza daquele ambiente de vidro e mármore. Lara respirou fundo, tentando se convencer de que tudo estava sob controle. O emprego era novo, os desafios eram enormes, mas ela não iria desistir. Não agora.
Enquanto guardava as canetas e ajeitava os documentos, um som cortou o silêncio: o eco metálico de saltos finos avançando pelo corredor. O ritmo era firme, imponente, quase ameaçador. Lara não precisou levantar os olhos para reconhecer. Sentiu a