South Yellow, quatro anos atrás...
“Paixão Eloquente” - Um tipo de paixão excessiva que não se esconde e/ou não tem a intenção de se esconder. Acho que é dessa forma que devo chamar o que estou sentindo. —Pare de olhar para eles Luiza, ou vão pensar que você é louca! - Cochichou Isabela, me cutucando. - Eu sorri, voltando a atenção para o meu livro. O professor de literatura estava falando sobre o tempo renascentista e enquanto ele explicava sobre o clássico de Shakespeare, meus olhos fitavam com intensidade os dois garotos pelo qual eu era apaixonada. Eles eram para mim, como dois deuses mitológicos. O corpo deles era motivo de cobiça em todo campus; ombros largos, braços fortes e abdômen chapado. As pernas e coxas bem torneadas, dava um leve vislumbre da marcação entre o cós da calça. Se fosse só o corpo tudo bem, mas eles eram ricos, gostosos e lindos de rosto também. Um maxilar marcante, uma silhueta perfeita, boca levemente carnuda e olhar intenso. Um era branco e o outro levemente bronzeado. Um tinha cabelos lisos com uma leve franja e o outro com um corte militar curtinho. Eu não sabia explicar o que eu via nos dois; eles eram gêmeos e eram bem íntimos. Dizem que eles dividem tudo. —Será que eles dividem mulheres? - Questionei pensando em voz alta, me deparando com o meu professor parado do meu lado. Naquele momento, alguns deram risos por achar minha gafe engraçada, mas eu na verdade, queria só enterrar minha cabeça no chão. E então, meu professor cruzou os braços e me encarou. —Eu espero muito que você esteja falando dos termos de Petrarca, senhorita Stuart! Mas isso ficará para a próxima aula. - Disse ele seguido do sinal. Naquele momento eu não sabia onde enfiar a minha cara. Olhei para Isabela que balançou a cabeça em negação e então, apertei os olhos envergonhada, sentindo minhas bochechas corarem. —O que deu em você hoje? Que vergonha! - Disse Isabela me olhando e sorrindo com humor. Guardei meus livros na bolsa, encarando novamente os meninos antes de eles saírem e de repente, pude notar um traço no canto dos lábios de Augusto. —Vamos! - Falei sorrindo, voltando o olhar para Isabela ao meu lado. Saímos juntas do auditório e assim que passamos pelo portão, os dois rapazes estavam parados na entrada, com um grupo de amigas. De repente, os dois me olharam de soslaio e Rangel maneou levemente a cabeça enquanto me encarava. Eu tive que me manter centrada para não dar bobeira e ao passar por eles, Augusto me chamou, me pegando de surpresa. —Luiza! - Disse ele com um timbre de voz provocante, fazendo com que meu coração errasse uma batida. Eu então sorri simplista o olhando de volta. —Oi! - Respondi vendo os dois virem até mim. —Estávamos pensando, por que você não vem estudar com a gente hoje? - Perguntou ele sorrindo de forma discreta. Eu então soltei um riso. —Ta! - Respondi me virando para olhar Isabela a vedo arquear as sobrancelhas. —O que eu faço? - Disse ela entre dentes. —Avisa a vovó que fiquei para estudar! - Falei baixo me aproximando dela a abraçando. —Me ajuda, por favor! —Luiza você sabe que isso é loucura, não sabe? - Disse ela se afastando para me olhar. —Eu não vou me intrometer! —Te amo! - Respondi me despedindo, acompanhando os meninos, que acenaram para as garotas que me encaravam com desdém. Eu já estava me sentindo desconfortável, mas de repente, Augusto segurou minha mão e Rangel pegou a minha bolsa. Eles então, olharam para as meninas e se despediram delas com um riso satisfatório. Confesso que eu amei a atitude deles! De repente, um carro de luxo parou bem na nossa frente e Augusto abriu a porta enquanto Rangel me estendeu a mão. —Vamos? - Perguntou ele com sua voz atraente. Eu então aceitei e entrei no carro, sendo acompanhada pelos dois. Me sentei entre eles e então, Rangel abriu a minha bolsa e pegou minha caneta, me entregando. Eu o olhei confusa e em questão de segundos, Augusto puxou o ar entre dentes e tocou minha perna de forma sensual me pegando de surpresa. —Dividimos mulheres somente quando entramos em um acordo! - Disse ele fazendo minhas bochechas corar. Eu então o olhei e soltei um riso. —Ah, aquilo! Foi só um devaneio meu. Eu não queria dizer aquilo. - Tentei explicar, mas logo senti meu corpo congelar como resposta, ao ouvir a voz de Rangel bem no meu ouvido. —Será que não? Bom, agora não tem mais volta! - Disse ele me estendendo um papel. —Tá, o que é isso? - Perguntei os olhando confusa. —Um contrato! - Disse Augusto o pegando da mão do irmão me estendendo. — Se sair conosco, será só nossa. Você não pode ficar com mais ninguém além de nós dois. —Terá que nos atender quando pedirmos! - Completou Rangel, ainda cochichando em meu ouvido. —Seja de manhã, de tarde ou de noite. —Não é obrigada a ficar com os dois ao mesmo tempo. Só se estivermos juntos. Só poderá sair com a gente e só fará o que permitirmos. —Tá, estão me fazendo como uma acompanhante de vocês? - Perguntei sentindo Rangel também tocar minha perna e então, os dois se aproximaram mais de mim. —Isso! - Responderam em uníssono, em forma de cochicho. E então, Augusto continuou. —Você não vai sair ilesa. Te colocaremos nas melhores festas, usará as melhores roupas. Tudo por nossa conta. Onde for terá um carro te esperando e te levaremos juntos para as compras uma vez por semana. O que me diz? —É só assinar aqui! - Disse Rangel, me estendendo a caneta. Eu então, peguei a caneta da mão dele e os olhei intercalando meu olhar. —Quando começa se eu assinar isso agora? - Perguntei os vendo sorrir e então, eles responderam em uníssono. —HOJE!