Contrato Com o Assassino do Meu Pai? Não!
Contrato Com o Assassino do Meu Pai? Não!
Por: EMY FERNANDES
Prólogo

Ruslana Morozova 16 anos

Moscow, 3 anos atrás

Minha casa estava cheia de gente, essas pessoas estranhas que meu papa convida para suas reuniões sobre politicagem e todo tipo de merda que os cidadãos civis jamais imaginariam. Eu não tinha permissão de andar pela ala onde ficava o escritório em dias como esse, o que não fazia nenhuma diferença, eu odeio esses assuntos. Eu estava com fome e a cozinha ficava em outra parte da casa, decidi ir até lá e fazer um sanduiche noturno.

Desci a escada e fiz o trajeto de sempre, a cozinha já estava vazia e com as luzes semi apagadas. Fiz um sanduiche de carne e queijo, algumas rodelas de tomate e enchi um copo de suco, em algum momento eu fiquei entediada e fui dar uma volta rápida pelo jardim, apenas sentir o vento gelado em meu rosto. Sentei-me em um dos bancos perto de umas flores e continuei comendo, sem prestar atenção em nada e ao mesmo tempo, com a mente cheia.

Ouvi um barulho atrás de mim e levantei do banco as pressas, um homem estava indo até a parte lateral da casa, ele pegou o telefone e começou a dar umas informações, ele falava muito rápido e estava um pouco longe para que eu ouvisse com exatidão. Eu fui chegando perto dele, mas fui muito mal escondida porque ele parou de caminhar, eu estava bem atrás dele. O homem desligou o telefone e baixou a mão devagar, eu mal pisquei e ele já estava virado pra mim, com a arma apontada para minha cabeça. Eu gritei de susto e ele fez sinal de silêncio com o indicador.

—O que está fazendo aqui? -Sua voz era grossa e rouca, ele era bem alto e forte, mas não parecia ter mais de trinta anos, o que era bem velho pra mim, eu estava ofegante e com olhos arregalados.

—É minha casa —Eu sussurrei. Ele foi abaixando a arma devagar e eu senti a necessidade de dizer: -Estou no jardim.

Ele apenas acenou, pegou um cigarro do bolso e acendeu. Sua voz era tão grossa e dura, ele me assustava e me fascinava ao mesmo tempo. Talvez por ser mais velho e exalar perigo. Ele soltou a fumaça no meu rosto e disse -Vá para dentro, criança. Seu pai sabe que está aqui?

—Eu odeio quando me tratam como criança. Fechei a cara e soltei Posso ficar onde eu quiser. O jardim é meu. -ele soltou uma risadinha e soltou a fumaça novamente, mas dessa vez pro outro lado

—Entendi, criança. Mas faça o que eu digo ou eu mesmo levo você lá pra dentro. O que você prefere? —ele soltou o cigarro no chão e pisou, um carro estacionou no nosso jardim e isso atraiu a atenção dele. —Estou mandando você ir, agora. Ninguém pode ver você aqui. Ele segurou no meu braço com força e me arrastou.

—Está me machucando, eu estou na minha casa, eu faço o que eu quiser. —ele segurou na minha boca com força e me calou, eu arregalei os olhos de medo e ele sorriu disso.

—É sua casa, mas a reunião é dos adultos. As coisas podem se complicar agora que meu pai e irmãos chegaram. Se você não entrar eles vão ver você e vão se interessar. Aí você vai acordar amanhã com 16 anos e um acordo de casamento. É isso o que quer? -ele ainda mantinha a mão na minha boca, eu comecei a chorar e balancei a cabeça em negação, ele diminuiu o aperto e disse:

—Entre, menina. Agora.

Eu fiz o que ele disse, corri para dentro de casa o mais rápido que pude, tranquei a porta de casa e esperei que algo ruim acontecesse. Mas nada veio, fiquei mais calma e fui dormir.

Aos 16 anos eu não entendia que o silêncio também poderia ser um indicador de que algo estava errado. Quando o dia amanheceu, meu pai foi encontrado em seu escritório, desacordado, poucas horas depois eles disseram que ele teve uma overdose e não resistiu.

Mamãe sofreu muito, eu sofri muito, por mais que minha relação com ele não fosse um conto de fadas, ele era meu pai, eu queria que ele estivesse vivo.

Passei por todo aquele circo que era os enterros, muitos homens do governo estavam lá, até o presidente. Minha mente procurou pelo estranho que eu encontrei naquele dia, eu queria saber mais sobre ele, ele me assustou, me fez entrar em casa, ele insistiu para que eu entrasse, então ele sabia que meu pai estava correndo risco.

E se meu pai foi assassinado? O pensamento de que essa poderia ser a verdade me deixou nervosa, procurei freneticamente por ele por vários anos, mas não o encontrei, nunca mais ouvi falar e ninguém parecia saber sobre ele. Até alguns anos mais tarde.

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