19. Quando terei paz?
Lúcia Mendes
O som da porta se abrindo me fez erguer os olhos na expectativa.
"Nate?"
Mas assim que vi a silhueta no vão da porta, meu estômago revirou. O calor subiu pelas minhas bochechas como fogo. E não era vergonha.
Era raiva. Daquela que pulsa nas veias, trinca os dentes e estoura por dentro.
"Eduardo?" minha voz saiu seca. "O que você está fazendo aqui?"
Ele entrou como se fosse dono do lugar, ignorando totalmente a minha expressão. Os olhos percorreram a sala lentamente, analisando cada detalhe com aquele olhar arrogante e superior que me dava náuseas.
"Não sabia que as salas novas da empresa vinham com tanto mimo," disse com um sorriso torto. "Você deve ter feito algo muito bom pra conseguir essa vaga."
"Fiz sim. Fiz meu trabalho bem feito, entreguei produtividade. Não fiquei apenas como um enfeite como uns e outros."
"Eu sei. Você sempre foi a melhor nisso. Sempre se dedicou mais que os outros, por isso a diretoria te adorava."
"Adorava? Ah claro. Eu era a escrava de vocês.