186. Pesadelo

Enzo Kendrik

O telefone tocou em cima da mesa, vibração curta que se espalhou pelo tampo de madeira. Eu atendi sem olhar pro visor.

“Fala.”

A voz do meu detetive veio carregada. “Achei o tal Dexter.”

Recostei na cadeira, estiquei as pernas. “Onde?” ele não respondeu imediatamente e entendi. "Já percebi que não vou gostar."

“Não vai mesmo. O desgraçado tá morando com Moira e a mãe.”

O ar saiu pesado do meu peito. “Como assim, morando? David estive lá. Ele entrou na casa. Falou com as duas.”

“Tem um acesso lateral nos fundos. Ele entra por ali. Não usa a frente nunca. E não é visita: ele tá instalado. Pelo que vi, elas não parecem ter escolha. Tão sendo coagidas.”

Fechei os olhos, respirei fundo. “Elas têm uma protetiva.”

“Eu sei.” O detetive suspirou. “Mas papel não assusta o psicopata. Elas não reagem. É medo, Enzo. Eu já vi isso antes. Não falam, não denunciam, fingem normalidade porque sabem que, se reagirem, alguém morre. Pelo que pesquisei, parece que ele está envolvido no assass
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