Allarick havia recebido a missão:
Levar Becky para o local designado. Mas antes havia resmungado com Nico que se ele não havia lhe dito que pediria oficialmente a mão de sua melhor amiga, então não ajudaria...era tudo uma grande birra, era óbvio que queria, e iria ajudar, mas também não via como poderia convencer a amiga rabugenta a sair de casa quando ela havia decidido que na sairia nem que tivesse uma emergência.Mas de alguma forma, a convenceu.Becky não havia colocado um vestido elegante como Allarick sugeriu, mas ao menos saiu.Dentro de um macacão preto de couro e botas amarraveis, o seguiu para onde lhe disse que tinham que ir.— Ricky, é melhor me pagar todo o cardápio desse lugar. Ou então nossa amizade acabou. — Becky determinou fechando a porta do carro do amigo. O cabelo preso em um coque, e mãos no bolso, o seguiu para dentro do local.— Parece vazio demais, não acha? — Questionou observando o cenário..do lPassos lentos se aproximaram, mas Elizabeth não se moveu. Não tinha energia, nem queria continuar falando com seu pai. Ou sua madrinha, e menos ainda Alícia.Só queria ficar sozinha. No frio do quintal, ouvindo os grilos cantarolar e o vento uivar. Só queria paz. Mas os passos continuavam em sua direcção...— Está a quanto tempo nesse frio? — A loira perguntou parando ao seu lado. Elizabeth ergueu os olhos rapidamente, e então os voltou para frente.Não queria vê-la.— Quinze minutos, acho. — Respondeu para vê-la sentar-se ao seu lado. — Veio fazer o quê aqui? — Perguntou após alguns míseros minutos de silêncio.— Vim ver dona Ana. - Clara respondeu. Olhava o perfil da amiga, e pensava se seria bom lhe dar um abraço. Afinal Elizabeth parecia triste, talvez tanto quanto ela mesma esteve horas antes.— Está lá dentro. — Elizabeth comentou com pressa para ficar só.— Eu sei, já falei com ela. — Disse a jovem. —
Depois do pequeno-almoço, Elizabeth se despediu de Clara e de Ana...chamou um táxi, e como endereço, indicou a delegacia de homicídios de Alura. Estava ansiosa desde que saiu de casa, queira novamente pedir desculpas por seu comportamento anterior, e ouvir o que Allarick tinha de novo para lhe dizer sobre o caso.Os 20 minutos até lá foram aborrecidos. E com um biquinho, Elizabeth ficou olhando pela janela todo o caminho. Viu a clínica que carregava nome da mãe ficar para trás a medida que se aproximava da delegacia, e pensou que seu pai deveria estar lá naquele instante. Ele sempre estava lá...— Obrigado. — Elizabeth agradeceu após pagar ao taxista. Havia sido uma boa corrida até ao destino... — Bom dia. — Saudou ao passar pela recepção.— Está indo onde? — Becky parou-a. Elizabeth notou a chave do carro em uma mão e na outra um envelope com o selo da polícia, dando a entender que estava de saída. — Se está indo ver o Ricky, ele não es
— Allarick, está chateado comigo? — Elizabeth perguntou vendo-o desligar o carro em frente a casa que segundo as informações de Becky, pertencia a Amália Nunes. — Não, por quê a pergunta? — Devolveu confuso. — Porque falei coisas horríveis outro dia, e não disse uma única palavra desde que saimos da sia casa? — Elizabeth devolveu vendo-o desprender o cinto de segurança. Allarick se voltou para ela. — Liz, não estou chateado. E se bem me lembro, já aceitei suas desculpas. — Disse o detetive. — E se não falei nada durante o caminho, foi por estar pensando sobre o caso. Agora vamos lá.— Acrescentou abrindo a porta do carro. — Espere, espere. — Agitada, Elizabeth impedindo-o de tocar a campainha da casa. — E se ela for a assassina? — Perguntou preocupada. Toda aquela determinação em lhe acompanhar, amolecendo a luz de sua própria questão. — Não acho que seja. — Disse o Villareal. — Não? — Elizabeth devolveu confusa. — Não. — Repetiu. — Se alguém fosse a minha nova fonte de renda, o
A madrugada estava densa, carregada de um silêncio inquietante. As luzes da casa estavam apagadas, exceto por um brilho fraco vindo do quarto principal. Anderson abriu a porta com cuidado, mas ao empurrá-la, viu a silhueta de Mariana de costas para a sua penteadeira, imóvel, como se o esperasse. Seus olhos se cruzaram. Ela tinha um olhar determinado, e Anderson sentia uma pressão no ar. Ele esperava encontrá-la dormindo, mas ali estava ela, acordada e atenta, como se soubesse que ele chegaria naquele instante. A luz amarelada desenhava sombras em seu rosto, destacando as olheiras e a tensão na expressão. Anderson fechou a porta devagar, tentando conter o cansaço e a frustração que o dominavam desde que saíra do hospital. — Ainda acordada? — Sua voz saiu baixa, mas carregada de um peso que Mariana não ignorou. E mesmo que tentasse, daquela vez não poderia...afinal, sua esposa estava ali, e seus olhos gritavam que estava na hora de conversar sobre o que fosse que vinha os separ
Algumas pessoas eram terrivelmente chatas, Elizabeth pensou quando ouviu sua porta se abrir lentamente. Não era um inimigo se esgueirando na penumbra, nem alguém de quem não gostasse. Mas ainda assim, revirou os olhos. Ela já sabia quem era. Continuou deitada, o lençol amarelo cobrindo-a como um casulo, enquanto passos hesitantes se aproximavam. A figura que entrava não era misteriosa, mas trazia consigo um pressentimento barulhento, quase sufocante. Clara. Elizabeth fechou os olhos com força, fingindo não perceber. Não era uma pessoa cruel. Gostava da amiga. Mas naquela manhã, tudo o que queria era dormir. E havia sido clara sobre isso. "Não venha, Clara. Hoje eu só quero dormir até às dez. Não vou nem te prestar atenção." Mas Clara nunca fora boa em obedecer. - Liz - a voz soou suave, hesitante, carregada de algo que Elizabeth ainda não conseguia identificar. Manteve-se imóvel. - Liz . - Mais um chamado, agora mais próximo. Clara sentou-se na beirada da cama, mas hesitou a
Parada no mesmo lugar, Elizabeth observava a porta por onde sua mãe havia saído. O silêncio do corredor a envolvia como um abraço frio, e ela sentia a saudade se infiltrar em seu peito como uma faísca prestes a se alastrar."Inacreditável."A ideia de sentir falta de alguém que acabara de sair parecia ridícula, mas o aperto estranho dentro dela não cedia. Era como uma pequena rachadura se expandindo por dentro, e ela não gostava daquela sensação.Talvez Theo estivesse certo. Talvez ela fosse mesmo uma bebezona.— Liz. — A voz suave de Clara rompeu seus pensamentos, trazendo-a de volta à realidade. — Estou indo tomar café. Vem? — Questionou.Havia algo na expressão da amiga que demonstrava confusão, talvez preocupação. Elizabeth desviou o olhar do corredor.— Já vou. — Garantiu. Mas Clara não parecia convencida.— Você está bem? — Clara retornou. Estou? Elizabeth se questionou ao notar seu rosto úmido."Chorando? Mas por quê?"Ela limpou rapidamente as lágrimas, sentindo-se tola.— Sim
Elizabeth ficou estática ao ouvir o que sua amiga havia dito. Seus olhos piscaram duas vezes, tentando assimilar a informação, mas sua mente parecia se recusar a aceitá-la.Seus pais iriam se separar?Ela sabia que o casamento dos Molina não estava bem. Clara mencionava brigas, e até desabafava sobre o silêncio cortante que preenchia sua casa. Mas, ultimamente, as lágrimas tinham cessado, e Elizabeth ingenuamente acreditou que as coisas haviam melhorado. Nunca cogitou que tudo terminaria em divórcio.Clara, no entanto, não precisava dizer mais nada. Seu rosto pálido e as lágrimas que encharcavam sua pele já entregavam tudo. O corpo tremia em soluços silenciosos, como se a dor estivesse a consumindo de dentro para fora.Elizabeth sentiu um nó na garganta. Como ajudar quando nem mesmo sabia o que dizer? Tentou falar, mas as palavras falharam. Tentou novamente, e o silêncio venceu outra vez. Seu peito pesava.Então, sem alternativa, apenas a abraçou. Não sabia se fazia diferença, mas per
Elizabeth estava gastando seu tempo com coisas que sua mãe considerava demasiado improdutivas, ou seja, jogando em seu telefone até que seu pai chegou da rua trazendo consigo alguns sacos das compras que recentemente havia feito, e uma animação exagerada para quem iria apenas cozinhar. Sua filha lhe perguntou o que era, e Anderson, sem conseguir se conter, disse que faria um jantar especial para comemorar a vitória da esposa no tribunal.Aquela vitória era esperada, porém nova. Então, a menina se animou com a iniciativa do pai e logo se ofereceu para ajudar. Começaram a mexer nas panelas, aqui e ali, fazendo algum barulho que atraiu a atenção de Theo para a cozinha, que, percebendo o que era feito, também ofereceu ajuda.Então, disponíveis e com uma certa felicidade, estavam todos empenhados em fazer um jantar especial para Mariana.Faziam meses que a mulher de longos cabelos cacheados estava incansavelmente trabalhando naquele caso, tentando provar que a ex-esposa de um médico não ha