Em 2012, a vida de Theo e Elizabeth mudou para sempre com a morte brutal de sua mãe, Mariana. Oficialmente, foi um trágico acidente. Mas eles nunca acreditaram nessa versão. Anos depois, a verdade bate à porta. O caso é reaberto, e os irmãos mergulham em uma perigosa investigação que desenterra segredos sombrios sobre a mulher que os criou. Desde então, eles tentam juntar as peças de um quebra-cabeça distorcido por mentiras. Entre desconfianças e verdades ocultas, cada nova descoberta os aproxima da verdade — e do perigo. Quanto mais se aproximam da verdade, mais percebem que estão lidando com algo muito maior do que imaginavam. Agora, Theo e Elizabeth não apenas buscam justiça—eles precisam sobreviver. O assassino de Mariana nunca desapareceu. E está mais perto do que eles pensam.
Leer másA madrugada estava densa, carregada de um silêncio inquietante. As luzes da casa estavam apagadas, exceto por um brilho fraco vindo do quarto principal. Anderson abriu a porta com cuidado, mas ao empurrá-la, viu a silhueta de Mariana de costas para a sua penteadeira, imóvel, como se o esperasse.
Seus olhos se cruzaram. Ela tinha um olhar determinado, e Anderson sentia uma pressão no ar. Ele esperava encontrá-la dormindo, mas ali estava ela, acordada e atenta, como se soubesse que ele chegaria naquele instante. A luz amarelada desenhava sombras em seu rosto, destacando as olheiras e a tensão na expressão. Anderson fechou a porta devagar, tentando conter o cansaço e a frustração que o dominavam desde que saíra do hospital. — Ainda acordada? — Sua voz saiu baixa, mas carregada de um peso que Mariana não ignorou. E mesmo que tentasse, daquela vez não poderia...afinal, sua esposa estava ali, e seus olhos gritavam que estava na hora de conversar sobre o que fosse que vinha os separando nos últimos dias. Mariana hesitou antes de responder. — Não consegui dormir. — Mariana percebeu que a medida que se aproximava o momento de ser honesta, perdia a coragem. Pensou que talvez, fosse melhor guardar tudo para si. Anderson largou as chaves sobre o aparador junto a porta, os olhos ainda presos nela. Havia algo errado.Algo além da insônia ou da preocupação que qualquer esposa deveria sentir ao ver o marido voltando mais tarde do que o combinado do plantão no hospital. Anderson passou as mãos pelo rosto, exausto. Seu dia fora longo, cheio de casos complicados, mas a inquietação de Mariana não lhe passava despercebida. — Aconteceu alguma coisa? — Anderson questionou. Ela umedeceu os lábios, desviando o olhar por um segundo. Pequeno demais para ser notado por qualquer um, mas Anderson percebeu. — Mariana. — Inquieto, insistiu o médico. — Não. — Perdendo a coragem que nutriu até ali, a mentira deslizou da boca dela com facilidade. Ele conhecia Mariana bem demais para acreditar. Ele deu um passo à frente. Ela se levantou. Havia algo ali, invisível, mas sufocante. Uma presença fantasma entre os dois, algo que Mariana tentava esconder e que Anderson, cansado ou não, estava começando a sentir. — Mariana... — Você está cansado. — Mariana cortou, forçando um sorriso. Franzindo o cenho, Anderson estranhou aquele comportamento. — Devia descansar. — Aconselhou escondendo o nervosismo. Mas ele não se moveu. Não depois de perceber a forma como os dedos dela se apertaram contra o tecido do vestido, como se segurasse um segredo que ameaçava escapar. Anderson analisou cada novo aspecto em sua linguagem corporal. Os dedos sufocando parte do vestido, a distância proposital, os olhos que não mais o encontravam, o nervosismo em sua voz. Era médico, e de longe percebia o quanto sua respiração estava pesada. Um silêncio pesado se instalou. Ele queria perguntar. No fundo, ela desejou que ele perguntasse. Mas Anderson soltou um suspiro, deixou o relógio e a carteira sobre a cama e passou por ela, descendo as escadas sem mais uma palavra. Mariana permaneceu ali, imóvel, ouvindo seus passos sumirem no corredor. Somente quando fechou a porta deixada aberta, ela deixou escapar o ar que segurava. A mão sentindo o seu coração martelar forte no peito. Se Anderson tivesse ficado mais um pouco... se tivesse insistido mais um segundo... Talvez tivesse descoberto.Dez anos haviam se passado desde a morte de Mariana, e muitas coisas mudaram. Famílias foram formadas, amizades construídas, amores descobertos… mas a saudade , aquela que vem das pessoas que se ama profundamente, essa nunca desapareceu com o tempo.Elizabeth aprendeu a sorrir mais. Aprendeu também a não se apegar tanto à dor que, às vezes, insistia em bater à porta do seu peito. Ainda chorava em silêncio de vez em quando, sozinha no chão do quarto, nos dias em que o mundo parecia escuro demais. E nesses momentos, pensava em desistir, pensava em ficar ali, se entregar ao vazio. Mas então lembrava das pessoas adoráveis que caminhavam ao seu lado, algumas de sangue, outras de coração, e se erguia. Por ela e por elas.Ela tinha apenas dezessete anos quando partes do seu mundo desabaram. E aos vinte e três, o que restava dele colapsou por completo, enterrando-a sob escombros invisíveis. Foram dias cinzentos, frios, duros. Dias em que parecia impossível resp
— Por quê veio aqui Liz, para ficar me olhando até anoitecer? — Clara perguntou lhe olhando fundo, enquanto ela, não conseguia sustentar seu olhar. — Se for isso, saiba que não faz o menor sentido. — Acrescentou se recostando na cadeira. — As nozes, é obra sua. Não é mesmo? — Perguntou comendo a última do pacote. — Deveria ter adivinhado. — Tomando o silêncio por resposta, deduziu.— Eu queria falar com você, mas agora nem sei por onde começar. — De cabeça baixa, Elizabeth admitiu. Não estavam sozinhas na sala, havia um guarda observando tudo ao lado da porta.O preço por não usar algemas naquele dia.Foi o que Clara disse quando sua visitante pediu que o homem lhes deixasse a sós e ele não concordou— Acontece. — Clara deu de ombros. — Também pensei em muitas coisas para te dizer se voltasse a te ver, mas já não é importante. — Admitiu. Elizabeth a olhou com curiosidade. — Então me conte, o que tem feito sem mim? — Perguntou. Não como
Elizabeth mudou. As coisas a sua volta mudaram também, no princípio foi difícil, sentia que poderia desaparecer a qualquer instante, mas após algum tempo, se recuperou e tudo o que fazia ou tentava fazer, era manter sua essência e preservar a mente sã...havia dias complicados, mas ainda assim ela seguia em frente. Porque precisava seguir com a viajem...mesmo sem Clara, sua mãe ou Cléo por perto. Elizabeth apenas se agarrava as boas memórias que tinha delas, e seguia com sua vida. Cléo havia voltado para Roo com a família e com Danilo tão logo terminou o julgamento de Clara...ela não precisava depor em todas as sessões, Donavan havia conseguido tal feito, mas não quiz deixar os amigos sozinhos, então foi em todas as sessões e esperou até que o veredito fosse anunciado. Nem Theodor ou Elizabeth sabiam quanto tempo ela ficaria em Roo ou se ainda voltaria para Alura, apenas sabiam que Cléo estava bem, ou tentava ficar, e aquil
Fazia um mês desde que Elizabeth saiu do hospital...uma mês que estava morando com seu tio. Também um mês desde a última vez que viu Cléo. Soube através do pai que Cléo teve alta do hospital um dia depois que saiu, mas ainda não haviam se visto pessoalmente, e também falavam pouco ao telefone. E não a censurava, e sabia que Cléo tampouco a censurava...estavam em uma fase nova de suas vida, e ainda tentavam se adaptar as novas mudanças. Elizabeth estava vivendo isolada do mundo, sair a rua era difícil, e quase não atendei ao telefone. Das poucas vezes que saiu, foi porque Donavan lhe arrastou para fora de casa... primeiro para almoçar que Theo, depois para que conhecesse Jenna, e por fim, para caminhadas no quarteirão. Naquele mês, Donavan "abdicou" do trabalho presencial para lhe fazer companhia, mas precisou sair naquela manhã, então Elizabeth estava sozinha com o gato. Usava um moletom e só
— Está confortável, precisa de mais alguma coisa? — Atencioso, Danilo questionou Cléo. Deitada sobre a cama de hospital e ainda no soro, ela o observava agir de forma tão cuidadosa, que só conseguia sentir seu coração cada vez mais apaixonado.— É só dizer que vou procurar e trago. — Garantiu meio afobado.— Eu não preciso de nada, de verdade. — Garantiu a morena. Sua mãe e seu primo estavam ali também, mas preferiram lhes dar um tempo a sós, então saíram temporariamente do quarto.— Cléo é sério, é uma benção você estar bem. — Comentou puxando a cadeira para ficar mais perto dela. — Vai pensar que é um total exagero, mas eu sofri demais quando soube que havia sumido. Fiquei que nem um maluco abandonado e mal dormia. — Contou lhe segurando as mãos. Cléo sorriu de forma triste.— Guilherme me contou que vocês tentaram me procurar. — Comentou emocionada. Danilo deu de ombros.— É melhor do que não fazer nada. — Rebateu encabulado. — Eu só q
— Olhem só o que eu trouxe meninas. — Entusiasmada,Clara exclamou entrando na "sala". — A última refeição.— Animada, apontou com a mão livre a caixa de pizza que trazia na outra. Elizabeth olhou para Cléo que havia adormecido na poltrona ao lado.— Coma você se quizer. — Elizabeth recusou.— Foi sentar perto da sua amiga. Estavam se despedindo? — PClara perguntou debochada.— Me deixe em paz, estou tão cansada e não me apetece ouvir a sua voz. — Pediu a morena.— Eu queria tanto que as coisas fossem como eram antes... — Clara comentou parecendo triste. Seus sentimentos eram inconstantes, e as vezes mal sabia se as odiava ou não...mas que precisava recuperar a mãe, daquilo não se esquecia.— Eu queria que você não fosse essa pessoa. — Elizabeth falou...segundos depois se surpreender com a acção de Cléo. Suas mãos ainda algemadas estavam entrelaçadas ao pescoço de Clara, e os pés que antes pareciam estar atados, estavam livr
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