Desconfianças e sensibilidade.
Enzo estava conversando no celular, tentando explicar tudo ao tio. Do outro lado da linha, a voz firme e prática de quem sempre foi um porto seguro. O tio o escutou com atenção e, sem julgamentos, ofereceu a ajuda necessária. Ainda assim, era impossível ignorar o tom trêmulo na voz de Enzo, o desespero escondido entre uma frase e outra.
Assim que desligou, Enzo permaneceu alguns segundos olhando para a tela do celular, como se ainda estivesse buscando uma resposta, uma saída. Em seguida, entrou novamente no apartamento. O silêncio o engoliu de imediato. Caminhou devagar até a mesa, onde se apoiou, os dedos apertando a borda de madeira na tentativa de encontrar algum equilíbrio. Fechou os olhos por um momento, mas isso só trouxe de volta a imagem do acidente dos pais — Cercado por relações vazias, escolhas impulsivas e uma solidão disfarçada de liberdade, ele sentia que afundava um pouco mais a cada dia. Era como se estivesse sempre correndo atrás de si, tentando silenciar o caos q