- Mamãe, você vai ao meu jogo hoje? - perguntou Benício enquanto montava em cima das costas do pai, com a sua mochila pronta para a escola.
- Mas é claro, meu amor! Você acha que vou perder de ver o mais lindo goleiro hoje? - respondeu Camila enquanto terminava de colocar o sanduíche na lancheira de Benício. - Podemos ir comer batatas recheadas na lanchonete da Yzena após o jogo, o que vocês acham? - disse Marcos com um sorriso imenso no rosto. - Ótima ideia, meu amor! - disse Camila enquanto entregava a lancheira a Benício. Eles se despediram como uma família feliz. Marcos pegou o seu carro e colocou o cinto em Benício, que não ficava quieto de tanta empolgação. Camila os observou por alguns instantes e logo após entrou para dentro, pegou sua bolsa e o casaco e foi em direção ao seu carro. Antes mesmo de entrar no carro, pôde observar alguém do outro lado da rua com caixas de isopor nas mãos. Ela se perdeu dele por alguns instantes e entrou no carro e foi ao trabalho. O telefone toca. - Alô? - atende Camila. - Camila, corre até a casa da família Kity! - exclamou Simon pelo telefone. - O que houve? Acharam alguma evidência, Simon? - respondeu Camila, esperançosa pelo telefone. - Acho melhor você ver pessoalmente, Camila - respondeu Simon. Então Camila foi rapidamente até a casa dos Kitys. Chegando lá, viu que estava cercada pela imprensa, algumas pessoas com cartazes que diziam "Justiça pelos Kitys". Ela saiu em direção rapidamente da casa, passou pela multidão de pessoas e perguntas, cruzou a faixa de isolamento e seguiu em direção a Simon e Jorge e uma moça que estava com eles aos prantos. - Bom dia, o que houve aqui? - disse Camila, confusa. - Camila, essa é a Bárbara, namorada do Exdras. Hoje ela veio mais cedo até a casa à procura de respostas do namorado e encontrou ele morto no jardim - respondeu Jorge a Camila com tom de seriedade. - Meus sentimentos, Bárbara. Posso falar com vocês rapazes um pouco a sós? - disse Camila enquanto olhava a Bárbara desolada. Eles se afatam mais próximos da cozinha .. - Não é possível! Minha equipe averiguou toda a casa, nós olhamos a garagem, quintal, quartos, porão e o jardim, não havia corpo nenhum lá... - questionou Camila com tom de desconfiança. - Camila, o jardim está com câmeras quebradas e é muito amplo o espaço. Ele foi encontrado atrás de um muro de rosas. Talvez não tenhamos observado com tanto cuidado - respondeu Jorge. Enquanto isso, Camila observou que em cima da pia havia um pote com a tampa aberta de biscoito. Ela foi em direção ao pote, colocou suas luvas e pegou um biscoito e partiu ao meio, pegou outro e partiu ao meio, acenou para que os meninos fossem em direção a ela. Eles, sem entender nada, foram. - Camila, tem café no carro se quiser. Agora, comer biscoitos da cena de um crime para mim é o cúmulo - disse Simon com ar de deboche. - Eu não comi eles, eu apenas os parti ao meio para ver a consistência - respondeu Camila. - Virou perita em cookies? - disse Jorge enquanto ria com Simon. - Vocês não entendem. Já faz 1 dia que a Sra. Kity se jogou da sacada, e os biscoitos, mesmo abertos, estão crocantes como novos. Alguém abriu o pote recentemente para comê-los - respondeu Camila, explicando para Simon e Jorge. "- Isso não quer dizer nada, ela pode ter vindo até o pote e comido um biscoito! - afirmou Jorge. - Se seu namorado está sumido e você encontra ele morto, você tira pausa e come biscoitos? - disse Camila. - Camila, você está acusando alguém sem provar alguma coisa. Você precisa se aprofundar mais no caso. Vamos chamar alguém para uma entrevista e fazer análise digital sobre o pote de biscoitos - disse Jorge. - Eu não estou acusando ninguém. Preciso ver o corpo para tirar minhas conclusões. Falo com vocês depois. E tente fazer uma entrevista com ela hoje ainda, Simon. E você, Jorge, preciso que vá até a fábrica sem mim. Tenho um compromisso mais tarde - disse Camila, já andando em direção ao jardim. Ambos acenaram com as cabeças, concordando com as ordens dadas por Camila. - Lisa? - disse Camila, cumprimentando a perita. - Oi, Camila. Como está? - respondeu Lisa. - Bem, e você? - respondeu Camila, enquanto observava o corpo de Exdras. - Um corpo às 8h00 da manhã, antes do café da manhã, não é bem o que eu gostaria, mas estou bem - respondeu Lisa em tom de brincadeira. - E o que temos aqui? - perguntou Camila, curiosa sobre o corpo. - Ainda não sei ao certo dizer. Preciso ainda levar ao médico e aí sim tirarmos uma conclusão. Mas já adianto que ele morreu afogado pelo inchaço do corpo e a expressão - respondeu Lisa. - Tem ideia de quanto tempo ele está morto? - perguntou Camila. - Acredito que menos de 12 horas. O corpo ainda tem espasmos - respondeu Lisa. - Obrigado, Lisa. Me dê mais informações - agradeceu Camila. Enquanto Camila ia em direção à sala, ela voltou-se e perguntou a Lisa: - Lisa, só mais uma coisa... - O que precisa? - perguntou Lisa. - Você comeu os biscoitos do balcão? - perguntou Camila com sorriso no rosto. - Camila, não é porque eu bebo umas margueritas após o expediente que agora como os mantimentos das vítimas dos seus casos - respondeu Lisa, inconformada com a pergunta. Camila deu um breve sorriso, acenou com a cabeça e saiu em direção à sala. Ela observou cada lugar, mexeu em quadros e levantou o sofá, olhou retratos da família, e cinzeiros e garrafas vazias no canto próximo à TV chamaram sua atenção. Ao tocar no cinzeiro, ela observou que ele ainda estava quente. Ela recolheu algumas coisas, chamou alguns colegas de trabalho, os instruiu e foi em direção à saída da casa quando foi abordada por uma colega de trabalho. - Camila? Você não vai dar uma entrevista? Todos querem saber o que aconteceu com os Kity - perguntou Tânia. - Bom dia, Tânia. Para você também. Eu estou ainda montando o quebra-cabeça. Não tenho respostas concretas para nada - respondeu Camila, deixando Tânia falando sozinha. Ela passou correndo, protegida por seus colegas, entrou no carro e foi em direção ao seu trabalho.