Casei com o Magnata Frio por Um Acordo Bilionário
Casei com o Magnata Frio por Um Acordo Bilionário
Por: Romislaine Corrêa
Capítulo 1 — A Proposta

— Traga um milhão de dólares em três dias. — A voz dele era quase divertida. Quase.

Valentina não respondeu de imediato.

Não porque não tivesse palavras… mas porque o ar simplesmente sumiu quando o tio terminou a frase.

O escritório dele sempre pareceu frio.

Mas naquele dia estava gélido.

Parecia uma sentença.

O tapete persa que ela atravessara tantas vezes quando criança… agora era só um campo minado.

As paredes brancas, os quadros caros, a mesa de mogno: tudo tinha cheiro de julgamento.

O tio, Rogério Diniz, estava impecável barba aparada, terno alinhado, olhos que nunca a enxergaram como família.

Ele girou a caneta entre os dedos, calmamente.

Calmamente demais.

— Eu disse “três dias”, Valentina. — repetiu. — Não três meses. Não três anos. Três. Dias.

Ela engoliu seco.

— Tio… eu acabei de enterrar o meu pai. — a voz dela vacilou, mas não quebrou.

Ele ergueu uma sobrancelha, indiferente.

— Sim, eu soube. — disse, como quem comenta previsão do tempo. — Uma tragédia. Mas tragédias não pagam dívidas.

Valentina fechou os olhos por um instante.

A cena do velório ainda estava presa por trás das pálpebras: o caixão, as condolências vazias, o peso da solidão.

E o telefonema logo depois.

A ligação que mudou tudo.

Seu pai estava endividado.

Muito.

Mais do que ela imaginou que fosse possível.

E agora… essa cobrança.

— Eu não fazia ideia dessas dívidas. — ela disse, tentando manter a calma. — Eu nunca vi nada disso nos documentos que ele…

— Porque ele escondia tudo. — o tio interrompeu, rindo curto. — Como seu pai sempre fez. Incapaz de administrar a própria vida, quanto mais uma empresa.

Valentina cerrou os punhos.

— Não fale assim dele.

— Alguém precisa falar. — Rogério rebateu, inclinando-se na poltrona. — Seu pai destruiu o nome dos Diniz. Deixou um rastro de incompetência e dívidas que agora recaem… — ele fez um gesto com a mão — …em mim.

— EU não pedi nada. — ela disse, sentindo o peito apertar. — Não pedi ajuda. Só vim entender o que realmente aconteceu.

Rogério sorriu.

Um sorriso que não tinha nada de humano.

— Você veio porque não tem outra saída.

Valentina sentiu a garganta fechar.

As palavras se perderam lá dentro.

O tio abriu uma pasta com estrondo, espalhando documentos, extratos, assinaturas, números em vermelho gritando da mesa.

— Aqui está. — ele empurrou as folhas na direção dela. — Centenas de milhares em empréstimos. Fornecedores. Processos. Honorários atrasados. Seu pai devia a meio mundo… inclusive a mim.

— Meu pai jamais te deixaria nessa situação. — Valentina rebateu, firme. — Ele sempre te ajudou...

— Ele me usou. — Rogério se levantou de uma vez, a voz finalmente perdendo a falsa calma. — Usou nossa família. Usou nosso nome. E agora você quer que EU limpe a sujeira dele?

Ela recuou um passo.

Não de medo.

De nojo.

Ele aproximou-se mais, apontando para os papéis:

— O seu pai morreu e deixou você com a conta. A dívida é sua agora. — um sorriso lento apareceu no canto dos lábios dele. — A não ser que… você queira outra opção.

Valentina ergueu o rosto, olhos ardendo.

— Que opção?

Rogério caminhou até a janela, como se estivesse apreciando a vista.

— A opção que meninas inteligentes usam quando não têm saída. — disse, tranquilo demais. — O casamento ainda é uma moeda poderosa. Principalmente quando se casa… com o homem certo.

Valentina sentiu o coração bater nos ouvidos.

— O que… você está dizendo?

— Estou dizendo que, se quiser salvar o nome dos Diniz… — ele virou-se, sorrindo com a calma sádica de quem sabe que tem alguém encurralado — …você vai ouvir a proposta que tenho.

Ela continuou em silêncio.

Só o relógio na parede preencheu o espaço.

Rogério pegou um envelope preto.

— Um milhão adiantado. — disse, sem desviar os olhos dela. — Um contrato de doze meses. Vida pública impecável. Algumas cláusulas. Nada fora do normal.

Ela piscou.

Não respirou.

Não entendeu.

— Um milhão… para quê? — perguntou, quase num sussurro.

O tio sorriu.

Aquele sorriso de cobra prestes a engolir o rato.

— Casamento, minha querida. — respondeu, como se fosse óbvio. — Casamento por contrato. Um ano. Um milhão.

Ele ergueu o envelope, balançando levemente diante dela.

— Interessa?

E foi aí que o mundo de Valentina realmente desabou.

Valentina riu.

Não porque achou graça.

Mas porque o mundo inteiro parecia uma piada mal contada.

— Você só pode estar brincando. — disse, afastando o envelope. — Eu não vou me vender. Eu não vou...

— Não é venda. — Rogério interrompeu, com uma calma irritante. — É sobrevivência.

Valentina deu um passo para trás.

— Eu prefiro perder tudo.

— Vai perder mesmo. — ele rebateu, rápido, cruel. — Inclusive o escritório do seu pai. Inclusive o apartamento. Inclusive o carro. Inclusive qualquer dignidade que ainda ache que tem.

Ela respirou fundo. O peito parecia pequeno demais para tanto ar que faltava.

— Eu trabalho. Eu resolvo. Eu dou um jeito.

— Com quê? — Ele abriu os braços. — Você abandonou Harvard para voltar correndo enterrar seus pais. Jogou fora a oferta de uma firma internacional. E agora… — Ele bateu com o dedo no papel. — …vai descobrir que advogada brilhante nenhuma salva um cadáver financeiro.

Valentina piscou várias vezes, tentando manter o pranto longe.

— Eu… eu não sabia da dívida. Ele nunca me contou…

— Porque ele sabia que você era igual a ele. — Rogério deu um sorriso enfurecedor. — Emocional. Inocente. Fraca.

Foi aí que ela parou de recuar.

— Não me chame assim. — disse, com a voz trincada. — Eu ainda sou uma Diniz.

— É exatamente isso que me preocupa. — o tio rebateu. — Esse nome precisa ser limpo. E se você não conseguir levantar um milhão até segunda-feira, ele vai desaparecer.

Ele apontou para a pasta:

— Você tem três dias, Valentina. Três.

Ou assina esse contrato, ou perde tudo.

E deixe-me ser claro: eu não vou te salvar.

Ela apertou os dedos ao redor da própria camisa.

Ele estava certo em uma coisa.

Ela não tinha dinheiro.

Não tinha aliados.

Não tinha tempo.

E, pior: o pai dela tinha morrido deixando um vulcão em erupção no colo da filha.

— Quem é o homem? — perguntou ela, num fio de voz. — Quem é esse… candidato tão interessado em comprar uma esposa?

Rogério abriu um sorriso satisfeito.

— Alguém que precisa de um casamento impecável. Muito mais do que você precisa de dinheiro.

Valentina sentiu os olhos queimarem.

— Quem?

O tio entregou o envelope.

— O nome está aí dentro.

E confie em mim: você já conhece.

As mãos dela tremiam quando abriu.

O nome saltou como um disparo.

RAFAEL MONTENEGRO.

Por um instante, ela não respirou.

Não piscou.

Não existiu.

Rafael Montenegro.

O homem que nunca sorria.

O homem que transformava empresas em impérios e pessoas em poeira.

O homem cujo nome o país temia.

O homem que seu pai detestava.

— Você está… louco. — ela sussurrou. — Ele jamais...

— Ele pediu especificamente por você. — Rogério cortou.

Valentina sentiu o estômago revirar.

— Isso é absurdo. Eu não conheço esse homem.

— Ele te conhece. — Rogério rebateu. — Mais do que imagina.

Ela deixou o envelope cair na mesa.

— Eu não vou fazer isso.

— Então perca o escritório do seu pai. — o tio respondeu, dando de ombros. — Perca tudo que ele construiu. Perca tudo que você é.

Valentina fechou os olhos.

Ela via a mesa do pai, os livros, o diploma em Harvard que ele guardava com orgulho, as conversas de madrugada sobre justiça, ética, propósito.

O escritório era a única coisa que restava dele.

Rogério percebeu a hesitação e atacou.

— Se você disser não, eu assumo o controle integral da firma. — ele disse. — Vou vender cada arquivo, cada cliente, cada móvel. Vou apagar o nome Diniz das portas. Vai ser como se seu pai nunca tivesse existido.

Um silêncio mortal caiu entre eles.

Valentina levou a mão ao rosto, engolindo um soluço.

— Por que você está fazendo isso comigo?

Rogério inclinou a cabeça, como se estivesse entediado.

— Porque você nasceu do homem errado, Valentina.

Aquilo acertou mais fundo que qualquer dívida.

Ela fechou o envelope com as mãos trêmulas.

— Eu preciso… pensar.

— Pense rápido. — o tio respondeu. — Três dias.

Ela virou as costas e saiu — mas antes que chegasse à porta, a voz dele cortou o ar:

— Ah, e Valentina? — Ele esperou até ela olhar por cima do ombro. — Rafael Montenegro não escolhe duas vezes.

Ela deixou o escritório com o coração batendo tão forte que parecia querer fugir dela.

Na calçada, o vento bateu no rosto dela.

Mas não trouxe alívio.

Trouxe a realidade.

Três dias.

Um milhão.

A falência da família.

O pai morto.

O homem mais perigoso do país esperando uma resposta.

E ela em ruínas.

O mundo girou.

Valentina apoiou a mão no carro estacionado, respiração curta, peito apertado.

Uma lágrima caiu.

Depois outra.

Mas só essas duas.

Porque a partir dali, tudo o que ela faria…

seria lutar para sobreviver.

E quando o telefone vibrou no bolso…

Ela já sabia quem era.

Rafael Montenegro.

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