CAPÍTULO 00102
Eu não sei bem como consegui chamar o Uber. Meus dedos pareciam patinar na tela do celular, e eu gargalhava sozinha com a dificuldade de digitar o endereço. Luísa gritava alguma coisa do sofá, Cassie ria, e eu só conseguia pensar que precisava ir embora. A tequila já estava queimando não só minha garganta, mas também minha cabeça, meu estômago e até meu coração.
Quando o carro chegou, eu mal consegui me despedir direito das meninas. A rua parecia girar. Entrei no banco de trás, afundei a cabeça no vidro da janela e dei o endereço dos meus pais sem nem pensar. Foi instinto. Eu queria respostas. Queria olhar para minha mãe e perguntar por que ela nunca me contou.
A viagem inteira foi um borrão de luzes da cidade misturadas com o gosto amargo de álcool na boca. Cada parada no semáforo parecia durar séculos. Eu mordia o lábio, batucava no banco, roía a unha. Minha mente repetia em looping ‘’eles mentiram pra mim, eles esconderam de mim.
Quando o carro finalmente parou em