Casado? EU?
Casado? EU?
Por: Felicia Rocha
1

 Abandono e Promessa de Vingança

O sol da manhã penetrava pelos vitrais da pequena igreja no Alabama derramando seus raios pelos vitrais centenários, iluminando o corredor decorado com flores brancas e lilases, mas não havia beleza que pudesse acalmar meu coração em frangalhos.

Cada passo que eu dava em direção ao altar parecia mais pesado do que o anterior.

 Minha respiração estava contida, meus músculos tensos, e um silêncio absoluto pairava sobre a igreja.

Os Convidados olhavam para mim, alguns sussurrando entre si, mas nada disso importava. Tudo se resumia a um único rosto: 

Laura, a mulher que prometeu ser minha esposa, que estava a anos ao meu lado e que agora estava prestes a destruir meu mundo, tudo que sonhei durante tanto tempo me encarava com olhos que eu não reconhecia mais.

— Henry, eu… 

Sua voz falhou, e um tremor a percorreu. 

— Eu não posso…

— Não pode o quê? Minha voz saiu firme, controlada, mas carregada de uma tensão que mal conseguia conter. 

— Não pode me amar mais? 

—Não pode cumprir o que prometeu?

Ela desviou o olhar, envergonhada, mas havia algo mais ali. Um segredo que não ousava revelar até agora. 

Laura respirou fundo, e suas palavras caíram sobre mim como lâminas:

— Eu, eu estou indo para o Texas. Com ele. 

—Não com você, Henry. A pausa doía mais do que qualquer lâmina. 

— Sinto muito, mas é assim.

O chão da igreja parecia abrir sob meus pés. 

Meu mundo, construído sobre anos de confiança e sonhos compartilhados, despedaçou-se em segundos. 

A sensação de abandono queimava em minhas veias, misturando incredulidade e raiva.

— Você está me dizendo isso aqui, na frente de todos? Gritei, sentindo os olhos de cada convidado pesarem sobre mim. 

— Você vai embora com outro, e ainda espera que eu fique aqui parado?

Ela fechou os olhos, lágrimas escorrendo pelo rosto, e eu só conseguia ouvir o eco do silêncio que se formava na nave da igreja escolhida a meses para a cerimônia do nosso casamento.

 Cada flor, cada banco, cada vitral parecia zombar da minha dor.

 E então, senti algo dentro de mim quebrar. 

Não apenas o coração, mas a própria paciência que me mantinha estável.

— Muito bem, Laura. Aproveite sua vida.  Minhas mãos tremiam, mas minha voz não falhou. 

— E saiba que a vingança será a única companhia fiel que vou levar comigo.

Sem esperar resposta, saí da igreja, sentindo o olhar dos convidados queimando minhas costas.

 A caminhonete estava estacionada do lado de fora, seu motor rugindo como se compartilhasse minha fúria. 

Liguei-a e acelerei sem rumo, deixando o Alabama para trás, mas carregando comigo cada promessa quebrada, cada lágrima e cada juramento de revanche.

A noite caiu pesada sobre mim. 

Entrei em meu quarto na fazenda, mas não havia descanso. Cada sombra no quarto parecia zombar do meu tormento, e cada lembrança de Laura queimava como fogo no meu peito. 

Sentei-me à beira da cama, segurando a cabeça entre as mãos, e prometi a mim mesmo: 

Não vou  descansar até que ela sinta ao menos uma fração da dor que eu estou sentindo agora.

— Laura. Murmuro para o vazio, a voz carregada de ódio e desespero. 

— Você vai se arrepender!

A madrugada chegou silenciosa, mas eu não dormi.

 Cada pensamento girava em torno da traição, da humilhação, da promessa de vingança. 

Meu corpo ansiava por ação, minha mente, por justiça. 

Não havia espaço para tristeza, só havia espaço para planejamento. 

E então, decidi: 

Iria atrás dela no Texas, ela vai pagar, custe o que custar.

O caminho até Dallas foi longo, e a cada milha percorrida, minha mente mergulhava mais fundo em raiva e frustração. 

Quando cheguei, o sol já se escondia atrás dos prédios e luzes de neon piscavam, anunciando noites de apostas e distrações.

 Eu precisava disso. Precisava de álcool, precisava esquecer temporariamente a dor, precisava sentir que ainda havia algo que pudesse controlar.

Entrei em um cassino escondido entre prédios antigos, o cheiro de cigarro e uísque misturado ao som incessante de fichas e risadas preenchendo o ar.

 Sentei-me no balcão e pedi o uísque mais forte que tivessem. 

O álcool desceu queimando minha garganta, mas trouxe um breve alívio à tempestade dentro de mim. 

Após algumas doses, começo a observar minha volta. 

Foi então que percebi uma presença que destoava do caos do cassino:

Uma  morena, pele clara contrastando com os olhos castanhos esverdeados mais intensos e firmes que já vi.

 Ela manipulava as fichas com precisão, mas havia algo em seu olhar que não se encaixava naquele ambiente:

Uma determinação, cuidado e força, como se carregasse o mundo nos ombros.

Aquela força me atraiu e eu me aproximei da roleta o copo na mão 

Ela se aproximou de mim com um sorriso leve:

— Boa noite, senhor. Parece que veio testar a sorte?

— Talvez… 

Respondi, tentando soar indiferente. Mas não consegui.

 Havia algo em sua presença que me desarmava, algo que eu ainda não compreendia.

A noite avançou em uma mistura de apostas e álcool. 

Cada toque acidental entre nós fazia faíscas percorrerem minha pele, cada olhar prolongado criava uma tensão que eu não estava preparado para enfrentar. Ela não sabia quem eu era. E a mesma coisa acontecia comigo.

A única coisa certa quanto a ela era o nome no crachá: Letícia.

Ela devia acreditar que eu era apenas mais um caçador de fortuna, alguém buscando riqueza nos cassinos de Dallas, meu estado era bem deplorável.

— Você parece, perdido, senhor. Disse ela, inclinando-se levemente sobre a mesa. 

— Mas gosto de quem corre riscos.

— Cuidado com o que deseja. Murmurei, com a voz rouca, sentindo meu corpo reagir sem controle.

A bebida e a adrenalina me levaram a fazer um convite  para que nós continuássemos a diversão em outro lugar. 

E Letícia, após pensar durante uma rodada do jogo, decidiu aceitar.

O mundo girava em cores e sons, e eu me permiti esquecer, mesmo que por horas, a dor da traição.

Saímos em direção a uma boate quase em frente ao cassino quando Letícia terminou seu horário.

Entramos e pedi duas tequilas 

Letícia que até ali estava quieta fala:

—Posso saber o que um homem como você faz em Vegas?

— Você não é daqui, e Vegas pode ser muito perigosa para visitantes.

—E o que uma bela mulher como você faz trabalhando em um cassino?

Meu cérebro ainda tentava processar a noite anterior. Raiva, incredulidade e desejo se misturavam.

—Vamos fazer um trato essa noite e só para nós nos  divertimos com o dinheiro que ganhei lá onde você trabalha.

Você me faz companhia, assim eu não corro risco o que você acha Letícia você é capaz de me proteger dos perigos de Vegas? Proponho olhando em seus olhos que me encantam.o

Ela abaixa os olhos durante um tempo, depois me olha profundamente como se quisesse ler minha alma e me responde:

— Se você quer assim Henry. Fechado nada de perguntas pessoais.

—Seremos um do outro até o amanhecer Henry.

Tomamos mais algumas doses,e vamos para a pista de dança Letícia segura em minha mão, um arrepio me percorre e eu a sigo.

Seu corpo se cola no meu e Letícia começa a dançar de uma forma lânguida, seu corpo colado no meu me deixa totalmente excitado.

As luzes criando uma intimidade que só fazia com que eu sentisse mais profundamente o perfume de seus cabelos 

—Vamos pra outro lugar Letícia, aqui tem muita gente.

Eu decidi não me lembrar de nada da minha vida essa noite. Quero somente afogar minhas lembranças na bebida e aproveitar esse corpo maravilhoso colado no meu.

E assim nós saímos em direção às luzes cheias de ilusão de Vegas. 

Quando acordei a claridade que entrava pela janela me dizia que o dia já havia começado faz tempo.

Uma dor de cabeça alucinante fazia parecer que minha cabeça iria explodir a qualquer momento. Olhei o quarto onde  estava, era um quarto barato , sem nenhum luxo, um canto da parede tinha sinal de umidade. 

Mas havia algo ainda mais estranho, mim peso na minha cintura como um braço, porém eu não consigo me lembrar de nada, como se houvesse um apagão mental.

Me viro lentamente e a realidade me atingiu como um soco:

 Letícia estava ao meu lado, dormindo seus cabelos sobre o travesseiro e sobre meu peito, ela está nua, sua expressão serena.

Eu não consigo acreditar nisso, nunca fui pra cama com uma mulher de uma forma tão irresponsável. Não há sinal de preservativo em nenhum lugar, isso para me deixar mais desesperado.

Me levanto com minha cabeça doendo muito mais se é que isso é possível, entro no banheiro tomo um banho gelado para tentar aliviar a dor.

Me enrolo na toalha e volto para o quarto, as roupas estão espalhadas por todo lado do quarto, me aproximo da mesa e não acredito no que está ali

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