Nuria
Andei pelos corredores com os sentidos em alerta, os olhos atentos a cada lobo, a cada movimento estranho, mesmo sabendo que Stefanos tinha reforçado a segurança. Ainda assim... algo dentro de mim não sossegava.
Encontrei Jenna dobrando o corredor do jardim, provavelmente voltando da ala dos empregados. Seu rosto ainda carregava a tensão da manhã, mas ela tentou sorrir quando me viu.
"Você está me procurando?" ela perguntou, limpando as mãos no avental.
"Na verdade, sim. Preciso que vá comigo até o meu quarto."
Ela franziu o cenho. "Aconteceu alguma coisa?"
JennaStefanos e Rylan conversavam em voz baixa, próximos à mesa de reuniões do escritório. Mapas abertos, anotações espalhadas e o cheiro de café forte ainda impregnado no ar.Bati duas vezes na porta aberta e entrei sem esperar permissão."Desculpem interromper..." murmurei, caminhando até eles. "Mas queria saber se eu e a Nuria podemos ir ao hospital. Ver como a Teodora está."Stefanos levantou os olhos, sérios como sempre."Eu já disse à Nuria que iria com ela. Não acho seguro vocês irem sozinhas."
NuriaA sala estava mergulhada em silêncio, quebrado apenas pelo zumbido suave do aparelho de ultrassom.Deitada sobre a maca, com a blusa erguida e o gel frio espalhado pela minha barriga, eu tentava manter o controle da respiração, mas o coração… esse travava uma guerra entre o medo e a esperança.O médico deslizava o transdutor lentamente, os olhos fixos no monitor, enquanto eu encarava o teto como se ele pudesse me dar alguma resposta.Como se eu pudesse fingir que não sentia o estômago revirar a cada segundo."Está tudo bem," ele murmurou, com a calma treina
StefanosO médico voltou com passos leves e um pequeno maço de papéis na mão."Esses são os primeiros exames e a receita dos suplementos necessários, Alfa, Luna. Está tudo sob controle, mas qualquer sinal de alteração, me avisem imediatamente."Peguei os papéis, li por cima, e assenti. A cabeça ainda parecia longe. Como se uma parte de mim estivesse aqui… e a outra tentando entender que aquilo era real."Obrigado, doutor. Se puder nos dar alguns minutos..." pedi."Claro, fiquem à vontade." Ele sorriu, respeitoso, e saiu discretamente.
NuriaO caminho de volta foi mergulhado em silêncio.Mas não era o tipo de silêncio desconfortável.Era aquele que pesa no ar, carregando promessas… e medo.Stefanos dirigia com uma das mãos firmes no volante, enquanto a outra permanecia entrelaçada à minha.Seu toque era constante. Quente. Como se ele também estivesse tentando acreditar que aquilo era real.Eu, por outro lado, não conseguia tirar os olhos do papel no meu colo.Seis semanas.Seis semanas de vida crescendo dentro de mim.
JohanO corredor estava vazio.Pelo menos, parecia.Meus passos ecoavam baixos, cuidadosos, como se o piso pudesse denunciar o que eu carregava no peito.O embate com Stefanos ainda latejava na mente. Ele tentando bancar o tio protetor, como se ainda houvesse espaço pra redenção entre nós. Como se aquele discurso sobre confiança e escolha de lados fosse o suficiente pra me fazer esquecer tudo.A marca no pescoço da Nuria era o suficiente pra me deixar em alerta.O jeito como ele falava dela… como se já não enxergasse mais n
JennaA mansão estava silenciosa demais para uma noite como aquela.E eu estava no limite.Os últimos acontecimentos pareciam ter sugado cada gota de energia do meu corpo. Levaram embora o sono, a paz e até a capacidade de organizar os próprios pensamentos. E, como se não bastasse, meu coração ainda batia em descompasso… com nome e sobrenome:Rylan Bastien.O jeito como ele me olhava... como me defendia… como me tocava.Era afeto, mas também fogo. Era proteção, mas também desejo. Uma mistura perigo
RylanO cheiro dele ainda estava nela.Mesmo fraco, mesmo superficial… era o suficiente para me deixar no limite.Minha respiração vinha pesada, e minha visão oscilava entre o vermelho da raiva e o dourado do meu lobo, tentando se libertar. Johan. Aquele moleque maldito havia encostado nela. Encostado. E eu estava a um fio de atravessar aquele corredor, quebrar o protocolo do Stefanos e rasgar o pescoço dele com as minhas presas.Mas não era isso que Jenna precisava.Ela tremia.Tremia mesmo tentando esconder, mesmo mantendo a cabeça erg
StefanosO quarto mergulhava em silêncio, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Nuria contra o meu peito.Ela dormia profundamente, entregue ao cansaço... e, finalmente, em paz. Meu braço a envolvia com firmeza, como se meu toque pudesse blindá-la do mundo e, no fundo, era exatamente isso que eu desejava.Dois corações batiam dentro dela. E eu sabia, com uma certeza cortante, que morreria por ambos sem hesitar.Meu lobo estava rendido de um jeito que nunca imaginei ser possível. Por mais que eu tentasse calar a emoção que me tomava, ela transbordava, em silêncio, mas com uma força avassaladora.Minha mente, entrelaçada ao inst