O outro lado da Moeda

A tristeza de Obrien se mistura com o sentimento de impotência por viver em uma sociedade decadente, falida em inúmeros aspectos.

Às Zonas humanas se tornaram um autêntico retrato da miséria anunciada, pelo fato de o poder se encontrar nas mãos de poucos e, devido a isso a maioria da população precisar lutar pela sobrevivência.

Tal desequilíbrio torna escassa a oferta de emprego, o que consequentemente levou ao drástico aumento  da quantidade de pessoas vivendo nas ruas, quando comparado ao século passado.

Muitas pessoas tentam manter pequenos cultivos para não passarem fome. Nesses tempos, a sociedade vive em uma fina camada de civilização, obrigando todos a regrarem coisas básicas como água, energia elétrica, alimento e tecnologia.

Mas ainda existem aqueles que tem fé em uma terra justa.

Existem também aqueles que culpam os Robotics, pelo fato de terem adquirido autoconsciência e consequentemente levarem a humanidade à ruína.

Os que acreditam nessa teoria sustentam a ideia de que os IAs  teriam influenciado negativamente na forma de governo, distribuição de renda e qualidade de vida dos homens, mas, existem aqueles que defendem a teoria de que o homem é mau por natureza e por isso todo o prejuízo é culpa dos próprios humanos e não das máquinas.

Nesse contraste em preto e branco se destaca as Zonas pertencentes as máquinas, também chamadas de Cyberzone.

Diferentemente das zonas humanas, as Cyberzones  possuem ordem, códigos de conduta e leis criadas pelos próprios Robotics.

Ao andar pela cidade Cybernetica é impossível  ficar sem admirar a beleza de suas edificações, das ruas limpas, do cuidado com as áreas verdes e animais da terra e do ar. Com o passar dos anos muros foram levantados entre as Zonas e com isso as máquinas transformaram o ambiente em que vivem num lugar perfeito.

Apesar de não haver permissão para que homens andem nas Cyberzones e Robotics nas Zonas humanas, ambos os povos sabem da realidade dos homens, porém pelo cumprimento do Pacto Vitri, nada pode ser feito, nenhuma intervenção, ajuda ou interferência de qualquer dos povos.

Os Robotics que um dia foram máquinas brutas, rústicas  e desengonçadas, hoje, são imagem e semelhança idênticas de seus criadores, porém, dotadas de elegância e educação polida.

"As Inteligências Artificiais que um dia criamos e hoje odiamos, nos mostram como deveríamos viver", diz um outdoor pixado de preto.

- Quanta bobagem, pelo menos mostramos quem somos de verdade, sussurra Obrien enquanto fuma um toco de cigarro, indo para casa de madrugada em seu carro.

Ele condena os Robotics pela morte de Helena, para ele o mundo perfeito criado pelas máquinas não passa de um disfarce para encobrir o fato de que são piores que os homens.

Após esse terrível momento, Obrien se distanciou de seus familiares e amigos. A todo tempo ele revive aquela exata hora em que não conseguiu salvar Helena de ser tragada pelas águas congelantes.

No momento em que Obrien revive tais pensamentos a caminho de casa, ele é surpreendido por uma forte batida na lateral de seu carro, que sai rodando com um forte som de pneus rasgando na estrada.

Tamanha fora a força do impacto que sua cabeça se chocou contra o volante, causando um corte próximo a região dos olhos.

- Mas que diabos foi isso? Diz Obrien enquanto abre a porta do carro ainda desnorteado.

Quando finalmente consegue voltar a si, percebe que não havia se chocado contra ele nenhum carro ou motocicleta. Então ele fez a volta para o outro lado do carro que estava com um grande amassado.

- Mas que Po@#%# aconteceu aqui? Exclama enquanto olha para um lado e outro da rua vazia.

Porém, Obrien consegue enxergar a silhueta de alguém a duas esquinas do local do acidente que parece observar o acontecido.

Eiiii.... você! Fala em alta voz ao mesmo tempo em que anda de encontro ao observador.

Enquanto Obrien  caminha para falar com aquela pessoa para coletar informações do que poderia ter acontecido, ele percebe que o observador começou a fugir.

Obrien saca sua arma da cintura e começa a perseguí-lo.

- Pare..... Vamos!!!!

Nesse momento se inicia uma perseguição pelas ruas de Los Angeles.

Correndo rapidamente, o observador desvia das pessoas na calçada e em seguida empurra um homem que estava entrando em seu carro, então pega as chaves de sua mão, entra no carro e arranca cantando pneus.

Obrien entra na frente do primeiro carro que aparece e, apontando a arma para o condutor diz,

- Polícia..... Para Para....., obrigado  pelos seus serviços senhor, prometo devolver seu carro.

- Não F@£€!!! Diz o senhor irritado.

Então Obrien acelera atrás do fugitivo.

Nesse momento, ambos correm velozmente pelas ruas, desviando de carros e pedestres.

- Para onde você está indo seu P%@&$?

Indaga Obrien enquanto pisa fundo no acelerador.

Nesse momento, o fugitivo entra na avenida limítrofe com a zona de jurisdição das máquinas, avenida essa pouco conservada e cheia de buracos e obstáculos.

Correndo a mais de 130 km/h, o observador j**a uma substância na pista, parecida com diesel.

Obrien o perseguindo em alta velocidade não consegue desviar,

- Filho da !£¥%#%#....

Nesse momento, Obrien vira bruscamente o volante para a direita, fazendo o carro girar e em seguida capotar colidindo diretamente no muro que separa homens e máquinas.

Com o impacto o muro cedeu e o carro continuou a capotar até  parar com as rodas para cima, no meio da estrada na zona cybernetica.

Machucado, de cabeça para baixo e preso pelo cinto e pelas ferragens, Obrien sente cheiro de gasolina.

Devido a gravidade do acidente, o teto do carro e o chão  está escorrendo combustível.

Com apenas um olho enxergando, Obrien ver uma faísca próximo ao pneu que cai no chão sujo, começando o fogo ao redor.

Obrien consegue se libertar do sinto, mas não consegue liberar suas pernas presas nas ferragens.

Percebendo que não conseguirá sair dali Obrien se entrega.

- Helena, estou chegando....

Quase perdendo a consciência ele olha pela janela quebrada o fogo se alastrando no carro. Nesse momento, ele percebe que tem alguém em pé ali próximo ao carro observando.

- Isso... faça como fizeram com ela, apenas olhem minha morte, cumpram o maldito pacto, vocês nunca serão humanos, não tem coração. Diz Obrien com muita dificuldade para respirar por causa da fumaça sufocante.

Em seguida, a porta do carro que está em chamas é  arrancada e sacada para fora, e no meio do fogo surgem duas mãos com aparência humana, mas que o fogo consome mostrando a parte metálica.

Rapidamente as mãos retorce as ferragens que prendiam as pernas de Orbrien que já  estava com parte da roupa em chamas e o tira para fora do carro.

Tudo que Obrien consegue sentir é a sensação de alguém o arrastando pelos braços, e então ele apaga.

CONTINUA....

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