Jano se recostou na cadeira, os olhos sérios, e se voltou para o pai dela:
— A sua filha, — disse devagar, quase como quem pesa cada palavra — está tentando mostrar força. Uma força que impressiona, sim, mas que eu temo que esteja se transformando em algo perigoso. Eu vejo nela sinais de alguém que está à beira de um colapso, talvez um quadro depressivo.
O pai dela suspirou, incomodado.
— Depressão? Ela sempre foi uma menina firme.
Jano negou com a cabeça.
— Não, senhor. Ela não está preocupada consigo mesma. Está preocupada com todos os outros: com as famílias que dependem dessas empresas, com a imagem da enteada da sua esposa, até com a honra do meu irmão. Mas com ela? Nada. Essa resiliência é admirável, rara de se ver hoje em dia… mas também é um alerta. Quando alguém se esquece de si para carregar o peso do mundo, cedo ou tarde, quebra.
O advogado pigarreou, apoiando os óculos sobre o nariz.
— Concordo com o senhor Jano. O contrato deveria ter sido lido e explicado a ela antes do