No dia seguinte, o carro preto parou em frente à imponente mansão Maxwell. Kate olhou pela janela, com o coração batendo descontrolado. As mãos tremiam sobre o vestido branco, que não era dela. Porque tudo o que vestia havia sido escolhido para Katerina: o véu, a renda, os saltos. Até o perfume.
A porta do carro se abriu e Reginald bufou com impaciência.
— Desça, não temos o dia todo.
Obedeceu. Mal conseguindo andar com os saltos, e ao pisar no mármore da entrada, sentiu um arrepio que não vinha do frio, mas do vazio.
Não havia flores. Não havia convidados. Não havia música.
Mirabelle franziu a testa.
— Onde está todo mundo? Onde estão as câmeras? A mídia?
Uma criada apareceu na porta e baixou o olhar ao falar.
— O senhor Maxwell os espera no escritório principal.
Reginald apertou os lábios, mas seguiram a criada, e ao chegarem ao escritório, as portas duplas se abriram.
Grayson estava lá, sozinho, de pé diante da grande janela. Vestia um terno preto sob medida, elegante, mas com um ar letal, e seus olhos azuis não mostravam emoção, apenas frieza.
Kate sentiu a boca secar.
— O que significa isso? — rugiu Reginald ao entrar. — Onde estão os convidados? Isso é uma farsa!
Grayson sorriu lentamente.
— Não haverá convidados, porque este casamento será secreto. Não pretendo me expor. Não depois que uma de suas filhas fugiu com o amante como o que é: uma vadia barata.
Mirabelle ofegou, ofendida.
— Como se atreve a falar assim da Katerina!
— E estou mentindo? — replicou Grayson. — Agradeça que ainda não os mando à falência — caminhou até a mesa. — E não me façam perder tempo. O juiz já está aqui, vamos acabar com isso.
Mirabelle, vermelha de ira, agarrou Kate pelo braço e a empurrou até onde o juiz civil os esperava, com papéis na mão. Kate tropeçou, mas não disse nada, engolindo o nó na garganta, e continuou caminhando.
Quando ficou diante de Grayson, tirou o véu com mãos trêmulas, e ele cometeu o erro de olhá-la.
Seu rosto não mudou... mas algo em seus olhos piscou. Porque não esperava. Não aquele olhar limpo. Não aquela boca tão calada. Não aquela pele suave sem uma gota de maquiagem.
Ela era bonita. Mas não como Katerina, era outra coisa. E isso o enfureceu ainda mais.
Se inclinou para ela.
— Não pense que me impressiona — murmurou. — Sei por que está aqui. Aceitou limpar a bagunça da sua querida irmãzinha. E o que fez? Se arrastou até mim, se vendendo como qualquer uma, é igualmente desprezível quanto o resto da sua família nojenta.
Kate o olhou, ferida, com o coração partido. Quis dizer que não era assim, que não fazia por ganância, que odiava cada segundo daquilo.
Mas não tinha voz.
Só pensou em Ethan, que ele não tinha culpa... e ficou em silêncio.
O juiz pigarreou.
— Vão assinar os documentos?
Grayson pegou a caneta sem olhar para ninguém e estampou sua assinatura com força. Depois, a ofereceu para Kate.
Ela a segurou. Respirou fundo... e assinou. O que se seguiu foi um silêncio sepulcral, porque já estava feito.
Era formalmente a senhora Maxwell.
Pouco depois, o juiz saiu discretamente, deixando após si um silêncio incômodo. Kate mal conseguia sustentar o olhar. Ao seu lado, Grayson permanecia impassível, como se tudo aquilo não significasse nada.
Então, ele se virou para Reginald e Mirabelle, com um sorriso que não chegava aos olhos.
— Parabéns. Acabaram de vender a filha de vocês.
Reginald ergueu o queixo, sem um pingo de vergonha.
— Não seja dramático. Isso é um acordo entre famílias. Com o apoio da sua empresa, nossas finanças podem se estabilizar. Precisamos desse investimento, e você sabe disso.
Mirabelle interveio, com um riso leve e carregado de falsa doçura.
— Além disso... finalmente poderei ter aquela casa na Riviera francesa.
Grayson soltou uma gargalhada baixa, divertida e implacável.
— Claro que sim — murmurou com sarcasmo, enquanto tirava o telefone do bolso do paletó. — Que maravilha. Uma casa na Riviera e salvação financeira. Que motivações tão nobres.
Seus dedos se moveram rapidamente na tela e então falou sem tirar os olhos deles.
— Christian... ative o protocolo Umbra. Quero todas as filiais do Reginald fora do mercado em menos de vinte e quatro horas. Congelem contas, bloqueiem licenças. Quero as empresas dele em falência antes da meia-noite.
Reginald empalideceu.
— O que está fazendo?! — soltou, com a voz aguda, os olhos cheios de alarme.
Grayson guardou o telefone com elegância.
— Dando exatamente o que merecem. Nada.
Mirabelle deu um passo à frente, com o rosto desfigurado.
— Grayson, espere! Não pode fazer isso! Acabou de se casar com nossa filha!
— E daí? Me certifiquei de ter o sobrenome antes de esmagá-los.
Reginald ficou vermelho de fúria.
— Desgraçado! Isso não vai ficar assim!
Grayson o enfrentou com uma calma que era mais ameaçadora que um grito.
— Realmente acha que isso é vingança pelo que a Katerina fez? Isso é pelo que você roubou. Aquele protótipo de defesa que apresentou como seu... não lhe pertencia. Foi projetado pelo meu pai. E você o traiu e construiu seu império com nossas ideias.
O sangue desapareceu do rosto de Reginald.
— Não sabe do que está falando...
— Claro que sei. — Grayson deu mais um passo. — E hoje, estou recuperando o que me pertence...
Fez um gesto leve e dois seguranças apareceram instantaneamente e se posicionaram atrás de Reginald e Mirabelle.
— Tirem eles da minha casa.
— Não! Kate, filha! — gritou Mirabelle, se debatendo. — Não deixe que ele faça isso conosco!
Kate recuou, horrorizada.
— Papai! Mamãe!
Tentou correr até eles, mas ele a agarrou pelo braço. Ela o olhou, com lágrimas nos olhos, sem entender nada.
— O que está fazendo? Me deixe ir!
— Você não. — Grayson a olhou fixamente. — Eles não têm mais nada a ver com você.
— São minha família! — exclamou Kate, desesperada.
— Não. Agora você é minha esposa. E me deve minha noite de núpcias.