Capítulo 12 — Linhas de Fogo
O carro preto avançava pela estrada molhada com um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som ritmado dos pneus no asfalto. Lara observava as luzes da cidade passarem borradas pela janela, mas a mente estava longe dali. Desde a manhã, sentia um aperto estranho no peito — como se algo estivesse prestes a acontecer.
— Está muito calada — disse o motorista, Joaquim, pelo retrovisor. — Quer que mude o percurso?
— Não… está tudo bem — respondeu ela, embora soubesse que não estava.
O telemóvel vibrou no colo. Um número desconhecido.
Lara hesitou antes de atender.
— Estou?
Do outro lado, silêncio. Depois, uma respiração lenta.
— Lara… — disse uma voz masculina, baixa, controlada.
O coração dela acelerou.
— Quem é?
— Alguém que sabe exatamente porque aceitou casar com Rafael Montenegro.
O mundo pareceu parar.
— Não sei do que está a falar — respondeu, tentando manter a voz firme.
— A sua mãe está no Hospital de Santa Helena, ala privada. Quimioterapia experimental.