HENRY
Chego algum tempo depois de Deena e, quando abro a porta sou preenchido pelo aroma de xampu e sabonete que paira no ambiente. Isso nunca aconteceria no meu apartamento. O máximo que conseguiria seria o cheiro estéril do pinho usado na limpeza. Não esse cheiro doce, cítrico e convidativo que estou sentindo agora.
— Deena? — chamo. — Deena?
Ela não deve estar me ouvindo por causa do chuveiro.
— Papai? — escuto quando estou me desvencilhando dos meus tênis. Ainda é difícil para mim ser chamado dessa forma. Eu gosto muito dessa garotinha, de verdade, quero protegê-la de qualquer coisa ruim, mas esse mesmo carinho é o que me machuca, porque eu sei que não tenho a menor condição moral para assumir este lugar e quando eu “pisar na bola” e eu sei que eu vou em algum momento, ela pode se machucar muito, e só de pensar nisso, “cara” ! Me corta lá no fundo da alma. Respiro fundo antes de responder.
— Olá, bonequinha! — olho para ela: olhos brilhantes e cheios de expectativas emoldurados pel