5: Acompanhada por Sofia

Três semanas depois da última consulta, você recebe uma mensagem da clínica:

“Prezada paciente, o Dr. Rafael Miranda solicita seu retorno antecipado para acompanhamento do tratamento iniciado.”

Você chega com a sua amiga, Sofia, do lado. Vocês tinham um compromisso depois, então ela resolveu ir com você. Ela está de calça jeans justa, blusa cropped rosa. 

— Relaxa, vou ficar quietinha, amiga.

A recepcionista, Emma, chama pelo seu nome. Vocês entram juntas. O Dr. Rafael Miranda está de pé, de costas, ajustando a altura da maca. Jaleco fechado, camisa social cinza por baixo, mangas dobradas. Quando ele se vira, o olhar azul vai direto para você, um segundo inteiro, depois cumprimenta a Sofia com educação fria.

— Boa tarde. — A voz dele sai mais grave que o normal, quase um rosnado contido. — A acompanhante pode esperar na sala ao lado. Temos política de privacidade.

Sofia dá risada leve.

— Ah, doutor, eu sou praticamente irmã dela. Não incomodo, juro.

Silêncio. O Dr. Rafael Miranda não repete. Apenas aponta com o queixo para o canto esquerdo da maca, frio:

— Fique ali. De pé. Sem fotos, por favor.

Sofia ergue as sobrancelhas, surpresa com o tom, mas obedece.

Você deita. A saia preta plissada sobe sozinha quando encaixa os pés nos estribos. Você sente o ar frio bater direto, porque a calcinha ficou no carro (ordem dele, ontem, 23h47: “sem nada por baixo amanhã”).

O estalo das luvas de látex ecoa alto demais na sala. Ele não olha pra você ainda. Olha pra Sofia, como quem mede o quanto ela atrapalha.

Ele se posiciona entre suas pernas, mas dessa vez puxa o lençol branco até sua cintura, cobrindo tudo.

Para quem vê de fora (Sofia), parece exame normalíssimo normal. Mas você sente os dedos enluvados dele deslizando por baixo do lençol, direto na pele nua.

Dr. Rafael fala alto, voz perfeitamente profissional:

— Hoje vamos avaliar a resposta nervosa periférica e o tônus do assoalho pélvico. Mantenha as pernas relaxadas nos estribos.

Sofia, encostada na parede, tira o celular do bolso e abre o I*******m disfarçadamente. De vez em quando levanta o olhar pra você, curiosa.

— Tá tudo bem aí, amiga? Você tá com uma cara… — ela sussurra.

Dr. Rafael Miranda corta sem nem olhar pra ela:

Acompanhante, por favor. Voz alta interfere na leitura dos reflexos.

Sofia revira os olhos, mas cala a boca e volta pro celular. Aproveitando o silêncio, ele separa seus lábios com dois dedos, devagar, abrindo você inteira inteira por baixo do lençol. O polegar encosta no grelo, parado. A pressão é mínima, mas você já sente pulsar.

— Inspirar profundamente — ele comanda, olhando pro seu rosto como se estivesse auscultando o peito.

Você inspira.

No mesmo segundo ele aperta o grelo entre polegar e indicador, firme, lento. Você solta o ar num sopro quase inaudível.

Sofia levanta a cabeça de novo.

— Caralho, você tá suando frio. Tá doendo?

— É reação vasomotora normal — responde Dr. Rafael, sem tirar os olhos de você. E, enquanto fala, começa um círculo lentíssimo com o polegar, tão sutil que o lençol nem mexe.

Você agarra as bordas da maca.

— Paciente, controle a respiração. Quatro segundos inspirando… quatro segurando… quatro soltando.

A cada “segurando”, ele aumenta a pressão.

A cada “soltando”, alivia um milímetro, só pra voltar mais forte.

Sofia volta pro celular, rola o feed, mas a cada 15 segundos levanta o olhar.

— Você tá tremendo as pernas… certeza que tá tudo bem?

Dr. Rafael Miranda responde por você, voz firme:

— Tremor fisiológico. Indica boa irrigação sanguínea. Continuamos.

Debaixo do lençol, ele desliza o dedo médio até a entrada, molha na sua umidade, traz de volta pro grelo, agora todo escorregadio. Começa a esfregar rápido, rápido, rápido… depois para de repente.

Você quase geme alto.

Sofia franze a testa.

— Amiga, você tá vermelha pra porra. Quer água?

— A acompanhante pode ficar quieta, por favor — ele diz, seco.

E, no mesmo segundo, enfia só a pontinha do dedo médio, meio centímetro, gira, sai. Enfia de novo, gira, sai. Um vai-e-vem microscópico que ninguém vê, mas que te deixa louca.

Você morde o lábio até sentir gosto de sangue.

Dr. Rafael Miranda continua o teatro:

— Agora vamos testar a contração voluntária. Quando eu disser “contrai”, a paciente aperta o assoalho pélvico. Quando eu disser “relaxa”, solta. Dez repetições.

Ele fala alto:

— Contrai.

Você contrai com tudo.

No mesmo instante ele empurra o dedo médio até a segunda falange, sem aviso, e segura lá dentro, imóvel.

Você aperta em volta dele, desesperada.

— Relaxa.

Ele tira devagar, quase saindo, só pra voltar a enfiar na próxima ordem.

Sofia olha fixo pra você agora, celular esquecido na mão.

— Mano… você tá com cara de quem vai… desmaiar.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App