CAPÍTULO 4 NARA

Luís tem me evitado, estou sentindo falta das loucuras dele, estou muito arrependida de ter magoado ele com as minhas palavras, conversei com Richard, abri o meu coração para ele, que me aconselhou eu ir procurá-lo, tentar conversar, segui os seus conselhos, e fui atrás dele no hospital! Conversei com Álvaro que me confessa que Luís está realizando cirurgias gratuitas em crianças com lábios leporinos, fiquei muito feliz com a atitude dele em ceder uma parte do seu tempo para essa ação, ele tem um coração gigante.

As horas se passam, Luís sai do centro cirúrgico!

Chamo por ele que olha para trás, ele aceita conversar comigo, fomos juntos para a sua casa, lá abrimos o nosso coração, eu contei tudo o que aconteceu no meu passado, ele somente ouviu tudo e não me julgou! Sento perto dele no sofá e não sei o que me deu, eu o beijei e foi o melhor beijo que dei na vida, ele é o segundo homem que me beija, senti algo que não sei explicar, quando dei por mim, estávamos trocando carícias, um calor tomou conta dos nossos corpos, a sua mão já estava onde não era para estar, nunca fiquei assim por homem nenhum, nem mesmo pelo homem que eu mais amei na vida, estava toda entregue, fiquei toda melada, o que esse homem fez comigo! Despertamos daquela magia que nos rodeava, apesar que eu estava gostando, me soltei dele, pedi desculpas e fugi dali, deixando ele, sozinho cheguei em casa, tirei toda a roupa e fui para debaixo do chuveiro.

Como olharei no rosto do Luís, como eu pode ser atraída dessa forma, deito sobre a minha cama, fiquei extremamente confusa, custei pegar no sono pensando em tudo que rolou agora a pouco.

No dia seguinte, andei pelo condomínio observo Luís saindo de casa, será que ele gostou do meu beijo, tenho que ir embora, mais uma vez preciso pensar, preciso respirar.

Compro passagem para a Grécia, estou sem rumo e sem direção, procurei-me despedir da Natália e Alfredo, deixei Ana e Natália responsável pela ONG, falei para as duas que preciso desse tempo sozinha, ligo para Richard avisando que irei partir.

— Alô Richard, liguei só para falar que estou partindo novamente.

— Não acredito Nara! Já sabe que irá quebrar o Luís novamente não sabe.

— Eu ficando longe, será melhor para ele me esquecer.

— Se despediu ao menos dele?

— Não tenho coragem.

— Juízo garota.

Fico sozinha pensando, o beijo do Luís mexeu muito comigo, ele vai me odiar por viajar sem falar com ele, meu coração está sangrando, resolvo ir até a sua casa, chegando lá a porta está entre aberta, ouço a voz de uma mulher vindo do escritório eles conversam alto, ouço eles rirem, eu não quis pagar para ver o que eles faziam no escritório, saio da porta, voltei novamente para a casa, será que ele não me ama mais. Preciso saber quem é a mulher que está com Luís, fiquei observando para ver se ela saia de lá e quando finalmente ela sai, se trata da gerente e braço direito do Luís, ela faz um carinho na bochecha dele, a raiva toma conta de mim, após ela sair fui novamente a sua casa.

— Nara.

— Atrapalho alguma coisa, Luís.

— O que você quer de mim, Nara, veio dizer que vai embora de novo, ou veio rir de mim, o que quer de mim pelo amor de Deus, fala, porque até agora você só me confunde, me tira o juízo.

Eu o abraço, sinto o seu coração batendo acelerado, ele retribui o abraço.

— Conheço esse abraço Nara, foi igual o que me deu a primeira vez que você partiu, está indo novamente?

— Sim.

Falo entre lágrimas e o abraço mais ainda, me aconchego ainda mais em seu corpo quente e acolhedor.

— Sabia que o meu sonho é casar com você, nunca neguei para ninguém que sempre fui louco por você, sempre rastejei a seus pés, mas como foi da primeira vez eu não impedirei você de ir, só me responde uma coisa aquele beijo que rolou entre nós dois ontem foi para me confundir, brincar comigo?

— Eu gostei, não foi brincadeira, me deu vontade de te beijar e beijei.

— Eu tinha a esperança de você dizer que me desejava tanto quanto desejo você.

Ele se desfaz do nosso abraço.

— Boa viagem, Nara é só o que posso te desejar e seja muito feliz.

— Luís não faz assim, por favor.

— Cansei Nara.

Enxuguei as minhas lágrimas, sai batendo a porta da sua casa, nunca fiquei assim tão nervosa, a minha cabeça está uma confusão, me deu vontade de beijar Luís de novo, fico sozinha lembrando do modo como ele me tratava, é difícil me convencer que fiquei com ciúmes daquela gerente sorridente, talvez até transaram, pego uma garrafa de vinho, encho uma taça e tomo de uma vez só, olho para as malas prontas.

Tomo mais vinho e acabo dormindo no sofá, acordo pela manhã com Richard batendo na minha porta.

— Bom dia, a noite foi boa por aqui, vinho tomado.

Jogo a almofada nele.

— Bebi sozinha, seu tonto.

Ana veio com ele e me olha, sem entender nada, tomo um banho rapidamente, visto uma roupa confortável, Richard já colocou as malas no carro.

— Richard, aquela gerente sorridente do Luís, tem um caso com ele?

— Logico que não! Está com ciúmes? Acho melhor não ter ciúmes do Luís, ele é rodeado de mulheres a todo momento.

— Não tenho ciúmes de ninguém, seu chato.

Entro no carro e fui para o aeroporto, odeio despedidas, Ana e Richard formam um casal lindo, é uma pena traumas destruir uma pessoa e mesmo não estando juntos, eles fazem de tudo para ficarem bem um com outro.

Sigo a minha viagem novamente para longe com o coração apertado, jamais imaginei que um dia a minha amizade com Luís fosse ficar tão estremecida, mas na janela do avião fico tentando entender o que aconteceu entre a gente, lágrimas escorrem pelo meu rosto, nem me lembrei mais do passado, esqueci totalmente do que vivi de ruim tempos atrás.

Será que se tivesse dado uma chance a Luís, uma oportunidade só para ele me ensinar a amar, eu esqueceria toda dor causada pelo passado. Chega de arrependimento o que já foi dito e feito, não posso mudar mais, quero retomar a minha terapia e recomeçar.

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