Sarah estava na cafeteria do hospital quando sentiu o celular vibrar no bolso do seu jaleco branco. Ela sentou em uma das mesas e atendeu sorrindo.
- Oi Gabriel.- Oi Sarah. Como vai?- Ótima. E você?Gabriel olhou para Tay. Depois de trocar a sua roupa molhada ele colocou o garoto na sala de televisão. Tay olhava para a tela com evidente curiosidade.- Eu estou aqui com um garoto que você vai querer conhecer. Ele chegou hoje de manhã e tem tudo a ver com você.- Ou seja, ninguém quer cuidar dele.Gabriel riu.- Não é nada disso. Ninguém sabe de onde ele veio. Mas parece esperto. Você tem que ver pessoalmente.Sarah olhou no relógio. Estava perto do horário de encerrar o seu plantão.- Está bem. Eu passo aí daqui uma hora.- Eu espero. Obrigado.Sarah costuma fazer visitas ao reformatório. Os garotos, a maioria adolescentes rebeldes, são tratados pelo psicólogo. Os casos mais complexos, são tratados com exames periódicos e medicamentos controlados. Sarah entrou no escritório de Gabriel. Os dois trocaram um forte aperto de mãos.
- Obrigado por vir.Sarah sorriu.- O garoto misterioso tem nome?- Vem comigo. Você vai querer ver isso.- Vamos lá.Sarah seguiu Gabriel. Ao entrar na sala, seus olhos negros não acreditaram no que viram.Tay sentiu um cheiro diferente e todos os seus sentidos apurados entraram em estado de alerta. Lentamente, ele olhou em direção a porta. As batidas do coração de Tay ressoaram dentro dos seus ouvidos. Ele entreabriu os lábios e seus olhos azuis brilhantes percorreram todo o corpo de Sarah. De onde estava, Tay sentiu o cheiro dela invadir as suas narinas dilatadas. Ele ouviu a respiração ofegante de Sarah, seu coração acelerado e ouviu até mesmo os pelos de sua pele negra se ouriçarem. Guiado por uma força sobrenatural, Tay levantou e foi até Sarah.
Sarah pensou em correr. Mas nem se quisesse ela teria pernas. O garoto a cheirava, ou melhor, a farejava. Sarah podia jurar que os olhos azuis tinham assumido uma tonalidade de castanho escuro e as orelhas do garoto tinham ficado pontiagudas. Amedrontada, Sarah não tirou os olhos arregalados do garoto albino, grande, musculoso, exótico e bonito.
- Faz alguma coisa, Gabriel.Gabriel riu com o sussurro de Sarah e a sua cara do mais profundo pavor.- Ele só tem tamanho. Ele lembra um filhote de cachorro. Curioso e inofensivo.Tay se posicionou atrás de Sarah e pegou uma mecha do seu cabelo longo e escuro. Ele ficou fascinado com a textura suave e se inclinou para cheirar como se dependesse daquilo para continuar vivendo. Tay aspirou a fragrância e o lobo dentro dele despertou. Obcecado, ele passou os dois braços enormes em volta de Sarah e disse as suas primeiras palavras:
- Você é minha.***