MAITÊ
Foram vinte e quatro dias. Vinte e quatro amanheceres em que eu me levantava do sofá ou da cama vazia, esperando que a porta destravasse, que o celular vibrasse, que a voz dele ecoasse novamente naquele apartamento silencioso. Vinte e quatro dias de ausência.
Arthur Castellani havia desaparecido.
O apartamento era dele. A vista era dele. O vinho na adega, as roupas dobradas com precisão nos armários de madeira escura — tudo gritava Arthur. Menos a ausência dele. Essa, silenciosa, me dilacerava mais do que qualquer grito.
No começo, tentei acreditar que era apenas trabalho. Um Castellani nunca se afastava dos negócios. Mas as horas viraram dias. E os dias começaram a corroer minha paciência... e meu orgulho.
Depois daquela noite — da discussão sobre Caio, da tensão, do beijo arrebatador — ele simplesmente... sumiu. Como se tivesse me deixado ali de propósito. Como se eu fosse parte de um erro que ele se recusava a revisitar.
O mais cruel é que ele sabia. Sabia do que eu estava enf