MAITÊ
A semana passou como um filme em câmera lenta.
Eu lavava taças com mais força do que devia . Dormia mal . Tinha pesadelos com Valentina me encarando do outro lado da mesa , seus olhos fixos, calculando cada movimento meu , como se já soubesse . Como se já soubesse de tudo.
Mas ela não sabia.
Ainda
E eu também não sabia mais de mim . Não sabia quem eu era quando pensava nela. Quando pensava nele . Quando me olhava no espelho e me via dividida entre o que sentia...e o que desejava.
Arthur me queimava por dentro. Mas era Valentina quem me oferecia o jogo.
E, de todos os jogos que eu já joguei, esse era o mais perigoso.
Naquela manhã acordei antes do sol. Fiz café amargo e , pela primeira vez , fiquei olhando o envelope que ela havia deixado comigo. A proposta oficial . O contrato. Cláusulas , valores , exames, prazos.
Estava tudo ali . Assinado por ela . Faltava só a minha assinatura.
Fiquei olhando para o papel como quem encara um espelho distorcido. Ali estava o número