Em torno de trinta minutos depois o carro estacionou em frente ao hospital local, nem sei como consegui me situar pelos corredores, só sei que desesperada percorri ao lado de David cada canto até encontrar a enfermaria indicada pela recepção. Obviamente que minha entrada foi barrada, precisei ligar para Marcos que rapidamente correu ao meu resgaste.— Aurora, minha linda... — O amigo leal me abraçou. — O que faz aqui, garota?— Não consegui permanecer na Califórnia, nada tem importância sem minha mãe.O cabeleireiro percebeu David e fechou a cara.— O que ele faz aqui? — O olhar doce já não era mais o mesmo.— Aurora…— Marcos, preciso ver minha mãe, somente isso importa agora.Ele analisou o homem nada alinhado ao meu lado. Apesar de tentar eliminar no caminho os vestígios de sangue do rosto de David com a caixa de primeiros socorros que dispunha dentro do carro, era notório que ele havia se envolvido numa briga, tanto ele, quanto Nicholas saíram perdendo naquele confronto.Antes de
— Um café bem forte, por favor — fiz o pedido e a garçonete anotou no bloquinho.— Senhorita, temos uma torta de frango deliciosa, deseja experimentar? — A mulher sugeriu educada, mas Aurora negou com uma careta enojada.— Está enjoada por conta da viagem? — perguntei, ela porém, virou o copo com água à sua frente. Pelo visto estava com muita sede. — Tudo bem?— Sim — respondeu para mim, dispensando a moça em seguida.— Estou sem fome, só isso. — Pigarreou.Aurora estava nervosa, reconheci os sinais. Mãos inquietas, olhos fugindo dos meus toda vez que tentava invadi-los e dentes pressionados movendo ambos os lados do seu maxilar.— Sua mãe, como está?— Ela vai ficar bem, conversei com o médico, apesar do princípio de enfarto ter sido muito preocupante, se ela seguir tudo direitinho vai ficar bem — contou aliviada, como se um peso lhe fosse tirado das costas.Resgatei sua mão, muito gelada por sinal.— Se preferir podemos transferi-la para outro hospital, um com mais recursos e…— Não
— Eu sabia que você ia voltar, David.Enzo esticou os pequenos lábios num sorriso que ia além da minha compreensão. Engoli ainda na entrada tudo que num certo momento me impediu de ultrapassar aquela soleira e fui em linha reta ao encontro dele.— Voltei porque precisamos conversar — disse e desviei para Eduarda que fitava meus olhos com ar de reprovação.— Eu sei, papo de homem, né?Deixei escapar uma risada, impressionado, ele não tinha só seis anos. E eu estava nervoso pra caralho.— David, o que está fazendo? — A mãe tomou a frente, feição avermelhada como se todo o seu sangue tivesse parado na sua cabeça.— Mamãe, ele voltou, eu não disse.— Filho, preciso de minuto com o David. — Ela lançou um olhar que provavelmente me mataria se pudesse. — David, por favor, você pode me acompanhar?Concordei com ela, que inclusive já estava na porta.— Enzo, é só um instante e já voltamos, tudo bem?Ele balançou a cabeça dizendo sim e a recostou no travesseiro, olhos castanhos em expectativa s
— Nem pensar, a senhora vai repousar. — Acomodei a dona encrenca nos travesseiros. — Marcos dá conta do salão, nada de trabalho nos próximos dias, ouviu que o médico assanhado disse, né?Minha piada não superou sua percepção.— Andou chorando, Aurora?Segurei seu pulso e ela soltou meu maxilar.— Claro que não! — Fui até seu banheiro. — É o fuso horário, meus olhos estão cansados.— Me engana que eu gosto — resmungou, mas não prosseguiu, estava cansada demais para iniciar um interrogatório.— Mãe, durma, vou preparar um caldo e depois dormir de conchinha com a senhora, preciso matar a saudade. — Liguei o abajur e escorei a porta. Marcos logo apareceu no meu campo de visão, semblante abatido ao revisar algumas folhas. — O cheiro desse apartamento me faz f
Caros leitores,Preparem-se para mergulhar em uma das minhas criações mais intensas e envolventes até hoje. Se você aprecia um romance ardente, de pegar fogo, linguajar improprio e um put@ desejo de querer se enfiar dentro dessa história, significa que chegou no lugar certo.Um beijo da sua autora, Darlla VI ♡XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXCom as vozes de Aurora Baker:— Chegamos! — disse minha mãe com empolgação, assim que estacionou em frente ao prédio azul.— Sim, chegamos — murmurei e virei para olhar através do vidro o prédio todo espelhado do lado de fora, calculei rapidamente quantos andares poderia ter o edifício luxuoso, talvez uns trinta, já que, mesmo me esforçando, ficou impossível ver seu topo.— Calma, bebê da mamãe, vai dar tudo certo.— Sim, vai. — Inspirei e joguei as costas para trás, ao encontro do banco. — Meu primeiro dia de estágio — lembrei num fio de voz o motivo célebre de eu estar ali.Dona Ana leu cada sinal que meu corpo transm
— Oi… — respondi confusa, tentando reconhecê-lo.— Você não se lembra de mim? Sou eu, Lucca! Estreitei os olhos, buscando seu rosto na memória. Não, não lembro!— Eu… — Tentei disfarçar a resposta que piscava na minha mente.— No dia da entrevista, no prédio da seleção, nos falamos brevemente na sala de espera — ele esclareceu. E eu quase gargalhei, pois realmente foi breve esse primeiro contato. Não lembro desse cara e sou péssima em memorizar fisionomia.Droga!— Claro! Como sou distraída. — Sorri, mentindo descaradamente.— Como vai?— Ansioso! Você não?Pude sentir sua empolgação, assim que ele colou as palmas das mãos e as esfregou freneticamente.— Sim, estou muito ansiosa.— Estou sentado bem ali. — Ele apontou para a primeira fileira. — Quer me fazer companhia?Condenei o lugar, primeira fileira não estava nos meus planos, geralmente quem se senta nos primeiros assentos é obrigado a expor suas opiniões, e francamente, pretendia me manter invisível tempo suficiente para não com
Assim que entramos, inalei o cheiro divino de carne e a fome movimentou o meu estômago, seguimos em fila para o fundo da hamburgueria lotada, sendo difícil não apreciar cada detalhe, uma decoração retrô dos anos oitenta compunha cada pedacinho do lugar… SENSACIONAL!Como assim, morava em São Paulo, passeei diversas vezes pelo centro e nunca havia entrado ali? Aurora, sua distraída!Deixei a turma continuar e parei para olhar as fotos de um chinês abraçado a alguns artistas, o dono do lugar parecia ser importante.— Nossa, que lugar legal! — exclamei e me juntei ao grupo, admirada com tudo.Raica escolheu um cantinho bem ao fundo, onde não havia uma concentração muito grande de pessoas famintas.— Vocês já são muito bem-vindos! — sucateou um baixinho de olhos puxados e bandeja embaixo do braço. — Chill, Chill, vai rolar aquela porção de fritas grátis? — Raica esperta, tentou descaradamente.Chill fingiu se espantar, mas saquei que estava acostumado com o pedido.— Já querem falir o Chi
Aproveitei e voltei a respirar…Nossa, o que foi aquilo?Tentei raciocinar à medida que a máquina subia, só que as sensações que fluíam no meu corpo me confundiram um pouco. Era um misto de curiosidade com fascínio — estupidamente interessante.— Acho que você arrumou um fã — Lucca cochichou no meu ouvido.— Como? — sussurrei temendo que alguém o ouvisse.— Você viu como ele estava te olhando?— Quem?— O executivo bonitão.— Não… eu…— Chegamos — falou Renan, aliviado.A turma passou por mim, apressados, intrépidos, ao passo que minha mente abusada processava aquele rosto — intenso, atraente e sinuoso. Havia alguma coisa incomum ali, não sei explicar, ou compreender, só sei que aquele cara acordou algo adormecido em mim. Não levamos nenhuma bronca, pelo contrário, o supervisor Maico foi até compreensivo com o fato de o elevador ter dado pau.No segundo período as horas passaram rápido, o treinamento fluiu com uma preciosa lição: raciocínio rápido. Eles eram exigentes com cada detalhe