"O ato de sobreviver transforma seres em coisas inimagináveis". Num mundo onde todos lutam por sobreviver, ganha aqueles que estão dispostos a sacrificar tudo para ascender ao poder. Numa era longínqua habitada pelas mais terriveis criaturas e conflitos intrigantes, qual povo vencerá a guerra que por milhares de anos é travada entre elfos e humanos?
Ler maisO frio de Draesill penetrava até os ossos enquanto subiam a grande parede de gelo de Azrariel ao sopé da montanha. Outrora fora lar dos antigos elfos, deuses mortos na antiga Bellion. A parede fora construída a dois mil anos, uma dádiva dada aos que sobreviveram aos ataques lançados em Bellion.
Brenariel carregava consigo um pequeno odre gasto à cintura enquanto subia ao topo fervorosamente. O vento ali soprava frio. Um momento de descanso era o suficiente para perder completamente o calor de seu corpo, e bastava apenas um deslize para que perdesse toda aquela altura que havia conseguido e atingisse o chão numa queda de setecentos metros. A parede era íngreme, e suas mãos estavam duras demais para que se conseguisse dobrar os dedos. Por um instante deixou-se levar pela fraqueza e seu pé de apoio escorregou afora, caindo alguns centímetros.–Está ficando lento, irmão.— dissera o irmão Anphoros enquanto o segurava pelo braço, cansado e com fumaça saindo pela boca devido ao frio intenso.— Ou será que estaria eu te superando?E o puxou para cima, com um hunf esganido–Ha! Continue sonhando, talvez um dia consiga.—Disse Brenariel, com o aspecto pálido e exausto. Sua manta era de seda e trazia às suas costas uma pesada espada longa, com o punho de marfim envolto de uma fina linha de ouro. A lâmina era longa e fria. Fria em sua cor e aspecto, aparentava um prata escuro, quase negro, e possuia ao longo, pequenos entalhes gravados no idioma antigo. Era chamada de A Não Nomeada, ou algo como "nome impronunciável". Havia lendas as quais diziam que a lâmina pertencera a Azrariel no período da grande guerra contra os humanos.–Veja! Chegamos! —Anphoros levava um manto de seda às costas, numa bolsa qualquer, velho e gasto com o tempo.Usava botas de couro cozido e uma grossa calça de peles. Um grande e espesso manto negro caía-lhe sobre o corpo, cobrindo-o por completo.Brenariel usava vestes mais nobres, com um manto de pele de lince sobre as costas, cota de malha cozida e trabalhada em prata e finas folhas de ouro bordadas ao peito. Dentre os irmãos, era o mais habilidoso, desde pequeno já mostrava aos mestres de armas grandes aptidões com a espada, com lanças e arcos. Suas habilidades com mapas e cartas também supreendia aos meistres, possuía alto conhecimento sobre as histórias do passado, da conquista de Klaus, O imortal, a dois mil anos atrás, até às presentes canções de recentes heróis do mundo atual.Caminhavam ao encontro da Árvore-mãe, onde jazia o falecido elfo Jaezel, O justo. O último pilar do povo élfico que impedia outros povos de possíveis invasões a Draesill.—fuuu!! Fuuu!! Aah! Que merda, porquê caralhos têm que haver uma árvore no alto de uma montanha? Isso é loucura!— o irmão suspirava e reclamava sem parar.—Isso é magia.— explicava Brenariel enquanto prosseguia montanha acima.— tanto a dádiva de Azrariel quanto a montanha são alimentadas por magia. Isto é o que impede os humanos e outros povos de nos atacarem. Nosso povo aprende a dominar a magia desde que nascemos e, com ela, mantemos a dádiva e a motanha como escudos do reino.—Foi retórico irmão. Conheço a historia de nosso povo.—Anphoros rebateu.— posso não conhecer como você, herdeiro. Mas conheço bastante.Diferentemente da escalada, o caminho até o topo foi calmo, cansativo devido às tagarelices de Anphoros, mas calmo. Encontraram com o irmão mais novo Pherasmo já em frente a Árvore-mãe, rezando à Jaezel, num cântico qualquer no idioma antigo. Estava bem trajado, com vestes que caíam-lhe bem ao corpo, inteiramente pretas. Possuía olhos purpúreos, diferente dos irmãos que eram verdes. Sua voz soava calma e bela. Ao seu lado havia uma harpa, inteiramente de marfim e cordas de aço.—Estão atrasados.—foi só o que dissera. Sem nem olhar para trás.—Você que está adiantado.—disse Anphoros.—Está aqui desde ontem, não sente frio irmão? Perguntara Brenariel.—O frio nada mais é do que a ausência do calor. Algo suportável. Uma mente forte é suficiente.—respondeu.— trouxeram o odre?—Aquela maldita garrafa? Está com Bren. Dê logo à ele e vamos para casa, sim?O odre foi dado às mãos de Pherasmo, o qual carregou até a sepultura. Juntos, desenterraram o caixão da sepultura, o que levara metade do dia, e o abriram, colocaram o odre junto ao peito do cadáver, o qual soltava um forte cheiro fétido. Haviam larvas saindo pelas orelhas e olhos, juntamente com um líquido preto escorrendo por todas as cavidades.—Puta merda!.—exclamou Bren.— Isso tem o seu cheiro Anphoros.—implicou.—Sim! E seu rosto.—retrucou enquanto torcia o nariz, de repúdio ao ver o defunto.Anphoros bateu levemente no braço de Pherasmo para assusta-lo, quase o derrubando em cima do cadáver.—Idiota!—olhou para trás, com o semblante sério e assustado. Ao passo que seu irmão zombava sem parar.—Vamos enterra-lo de volta e ir embora. Ou morrerei nesse frio. Brenariel suspeitava o que viria a seguir.—Então não tenhamos pressa, assim posso ser o rei.Meses se passaram dentro daquela escura cela. Ártemis se mantia forte e resistente aos cortes feitos em seu corpo, às chicotadas que levava, até mesmo no rosto e até mesmo as agressões que perpetuavam sob seu corpo.Deixaram-na totalmente despida, só com uma tocha para aquecer suas noites e sua mente para escapar da realidade daquela torre. Não sabia ao certo se conseguiria sair dali. A torre prisão não possuía portas nas celas, dando liberdade para que seus presos tentassem fugir. Aqueles que ousavam tentar, morriam sempre, caindo em alguma vala profunda, estatelando-se ao chão numa queda de trezentos metros. Possuía um sagredo por trás daquela torre, o qual só o conselho sabia, isto incluía Ártemis e sua família, que antes pertenciam. Por esse motivo nem ela e nem seu irmão tentavam a sorte com a torre-prisão.–Cheguei minha pequena Ártemis!—brincava Sandor, apalpando seus seios. Era um sujeito nojento, baixo e corcunda, com uma das orelhas cortadas pela metade
Depois de mais de meses preso nas ilhas Pratas, Klaus começava a delirar, considerando a possiblidade de viver ali pelo resto de sua mísera vida. Todo ouro que havia roubado, gastara com bebidas e prostituas. Deixara a barba e o cabelo crescer, caindo-lhe até os ombros, ressecados e bagunçado. Um ninho de pássaro seria muito mais bem visto.Levanta-se da cama de um bordel, com duas mulheres ao seu lado, belas e nuas.–Bom dia, meu herói!—dizia uma das garotas, dando risinhos abafados.Klaus acordara com uma enorme dor de cabeça, e uma garrafa ao pé da cama, sem lembranças da noite passada.–Como é?—Não entendia a situação. Na verdade, não entendia nada do que acontecia ali.–Não se lembra?—perguntou a outra garota. Possuía seios grandes e rosados, pele tão clara que Klaus não conseguia entender como não queimava naquele calor das ilhas pratas.–Do que eu devia me lembrar?—perguntara, torcendo as sobrancelhas.–Pagou-nos para fazer sexo com você.—disser
Enquanto seguiam rumo as terras do norte, em direção a Draesill, Alleister pensara na noite em que encontrara com o sujeito que havia lhe passado sua mais nova missão. Matar um rei não seria fácil, mas estava disposto a voltar com a cabeça dele de todo jeito.A manhã estava tranquila, o sol raiava no límpido céu azul, a brisa do mar refrescava seu rosto e os homens do convés cantavam os mais alegres cânticos que conheciam em uníssono, tentando esquecerem do fato de estarem a deriva. O cheiro da salmora penetrava pelo nariz a medida que os dias passavam, se tornando mais forte e ressecando mais e mais suas ventas. O Fortaleza aguentava bem uma viagem de dez dias. Contudo o vento não estava a favor do capitão Salt haviam algumas semanas. Encontravam-se perdidos, em algum lugar perto da costa de Crismonth adentrando a baía dos piratas.Kallis sofria de insolaçã
A rainha se encontrava aos prantos, acorrentada pelos braços e pés no quinto piso. Haviam-lhe chicoteado as costas até deixar a carne viva, aparecendo-lhe levemente o branco de seus ossos. Coberta por sangue e pus. O carcereiro chegara-lhe para alimenta-la, tudo que tinha direito ali era uma fatia de pão velho e uma concha d'água. Escorria-lhe pus das feridas e não sabia ao certo quando seria a próxima vez que a tortura começaria. Aos fundos, ouvia-se a voz de Anphoros, esganiçada e cheia de dor, o estalar do chicote ecoava juntamente, num lamento horrível de choro.–Por favor!!— chorava a rainha. Se não fossem pelas correntes, teria ajoelhado e implorado por misericórdia.—poupe-os.Sempre que entrava ali, o carcereiro rasgava-lhe mais e mais o único tecido que cobria seu corpo. Deixou seus seios à mostra. Pegando-os e brincando com eles.–Pare!—implorava.— Por favor, pare!—sentia novamente suas costas, numa dor insuportável.Colocou as mãos por entre suas pernas, desliz
—SAAAAI DA FRENTE!!!Uma enorme leva de soldados perseguia Klaus por toda ilha. Correndo sem parar com um enorme roupão de cetim sob as costas carregado de objetos. Corria desesperadamente até o cais, na esperança de despistar os soldados.—sai!!! sai!!! sai!!! sai!!!—dizia sem parar. Até que tropeçou, estatelando-se ao chão. Deixara o roupão aberto no meio da rua, revelando-se todo ouro que roubara do extravagante e gordo Maz'ros-caan. Mais rico chefe do comércio das ilhas Pratas.O povo da cidade caíra em cima do ouro aos montes, todos brigando e lutando, enquanto Klaus aproveitara a oportunidade de fugir, levando consigo somente duas bolsas muito bem escondidas por debaixo das calças. Virou a esquina e deu de encontro com três dos guardas, que encararam suas calças cheias.–caxumba.—dissera aos guardas.Tentaram segura-lo, jogou o primeiro ao chão e deslocou o braço do segundo, conseguindo se soltar e fugir. Voltou a taverna onde ficara durante dias, colo
Bren se encontrava agora na sala de mapas. Vários dias haviam se passado desde a morte de Helasdriazel e a batalha do portão leste. Murmurava a si mesmo que não tinha outra escolha, os nobres de Draesill detinham todo o poder do reino agora, e Bren se tornara a peça principal. Lamentava todo dia o erro que havia cometido. Eu poderia ter feito diferente.Seus pensamentos eram tomados a todo instante pelo retrato da barriga de Helasdriazel se abrindo e o sangue jorrando. Não conseguia comer, nem beber. Raramente saía da sala para caminhar no pátio ou treinar. Seus irmãos se encontravam agora presos, dentro do quinto piso da torre prisão, um local frio e sem vida, com exceção daquelas que eram torturadas todos os dias.Frequentemente andava até a área externa ao redor do palácio, na esperança de silenciar seus pensamentos. Mas acabava por pensar em Ártemis, com quem até pouco tempo iria se casar.–Você está aí majestade! Até que enfim o encontrei.—levantou u
Último capítulo