Capítulo IV: Investida surpresa

A brisa leve movia de forma lenta os seus cachos, mãos invisíveis a acariciá-los. Olhando o reflexo na água, via dois sóis; aquele que nascia todas as manhãs e seus cabelos, loiros como se banhados ao mais puro ouro. Círculos concêntricos nasciam de onde as folhas dos salgueiros caíam, logo apagados pelas ondas criadas pelo avançar do barco.

Apoiada na amurada, Margot já podia sentir o odor de esgoto e fumaça de Quinärte, detritos apodrecidos atirados ao rio Bórni. Peixes mortos boiavam próximos às margens, espuma de sujeira os envolvia, branca tal como a neve que se cansara de ver na montanha.

Suspirou ao pensar em chegar em casa e notar que os cheiros que mais amava não estariam mais presentes. Nunca mais estariam. Afastou os pensamentos ao desviar o olhar do rio, tinha que superar seu luto. Nada mais a prendia em lugar algum e essa podia ser uma boa perspectiva para ser capaz de seguir em frente, ir onde sempre desejara.

Dainilia

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