As janelas tremulavam, o fogo da lareira era refletido de forma tênue no vidro que não experimentava o seu calor, apenas a gélida madrugada do lado de fora, onde o vento era soprado por inalcançáveis lábios frios. O crepitar da madeira respeitava o ritmo regido pelo vidro, um dueto de gelo e fogo ignorado por ouvidos humanos. Sandir Viella estava impaciente na sua cadeira, seu estômago se revirava incomodado desde o jantar, a escrivaninha quase vazia recebia um tamborilar nervoso de dedos. Os golpes cadenciados pelo seu nervosismo foram interrompidos quando o tão aguardado bater na porta soou, sobressaltando-o. Ergueu-se e girou a maçaneta de prata para receber o seu convidado.
— Por favor, entre — apertaram as mãos. — Vamos, sente-se aqui, detetive.
— Não será necessário — respondeu de forma lacônica, dobrando as abas de um chapéu nas mãos calçadas de luvas de couro. — Desculpe a demora por tão curta passagem, mas receio que será assim.
— Você não tem boas notícias? — Seu coração fico